terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Guns n´ Roses: 5 anos de Chinese Democracy




Por Davi Pascale

Parece que foi ontem, mas já fazem 5 anos que Chinese Democracy chegou às lojas. Até agora, o trabalho mais recente do Guns n´ Roses. Depois de muitas promessas e muitos adiamentos, os fãs finalmente tinham o tão aguardado álbum em suas mãos. Sua receptividade foi tão polêmica quanto seu processo...

Muitos não entenderam e ainda não compreendem o disco. Ainda questiono a necessidade de lançá-lo com o nome de Guns n´ Roses, uma vez que da formação clássica, temos apenas o vocalista Axl Rose. O rapaz poderia ter lançado como um trabalho solo. Seria mais honesto e melhor aceito, uma vez que a comparação com os antigos trabalhos do grupo seriam menores. E é exatamente por esse fator que o disco é tão apedrejado. Os fãs esperavam, em sua maioria, aquela sonoridade hard rock típica do Guns, cheios de riffs e vocais gritados. E o que o cantor nos entregou foi um álbum mais moderno incluindo, inclusive, elementos eletrônicos. Era um modo dele dizer que não quer viver do passado...

Na época, Axl declarou que haviam sido gravadas 32 músicas no total e que esse era o primeiro de uma trilogia. Se isso for verdade, não consigo entender porque não lançaram, ao menos, o volume dois ainda. Porque se já está pronto, bastaria montar uma sequência, uma capa e colocá-lo nas lojas... É verdade que as vendas foram muito abaixo do esperado, mas qual artista não viu suas vendas despencarem na era digital? É certo que com o nome dele ou de seu grupo ele arruma uma gravadora para colocá-lo nas lojas fácil, fácil...

É verdade que Chinese Democracy não tem o mesmo nível de Appetite for Destruction, nem de Use Your Illusion, mas não é um CD ruim, nem de longe. "Better", por exemplo, é uma faixa que se tivesse sido lançada na época em que ainda existia uma indústria musical forte teria se tornado um grande hit. "Street of Dreams" é outra forte candidata.

Formação atual do Guns n´ Roses
Desde o inicio das gravações até o dia em que chegou às lojas, a banda trocou de integrante diversas vezes. Havia um boato, na época, em que dizia que cada vez que uma pessoa saía, Axl fazia seu substituto regravar tudo de novo. Conhecendo o espírito forte do artista, não seria nada improvável que isso acontecesse... As gravações são um mistério. Ninguém sabe quando começou, nem quando terminou. A teoria mais aceita é de que o projeto foi gravado no decorrer dos anos com os músicos que acompanhavam Axl na ocasião. Dizem que ele começou a ser gravado ainda nos anos 90. Já vi gente dizendo que as primeiras gravações teriam ocorrido em 94, o que é estranho, uma vez que nessa época Slash, Duff Mckagan e Matt Sorum ainda estavam na banda. Foi exatamente nesse ano que eles lançaram o cover de "Sympathy for the Devil" (Rolling Stones) na trilha sonora de Entrevista Com o Vampiro. E se existe uma certeza ao redor desse disco é a de que somente Axl Rose teria participado da formação clássica. Se a gravação tiver ocorrido picado, como dizem, então temos a presença de Robin Finck, Chris Vrenne, Tommy Stinson, Pod, Josh Freese, Dizzy Reed, Chris Pitman, Buckethead, Bryan Mantia, Richard Fortus e, ufa, Ron Bumblefoot. Dizem, aliás, que esse disco é um dos mais caros da história e que seu custo esteja estimado em 13 milhões de dólares. Será?

Não houve um grande esforço para promover o disco. Não teve clipes, entrevistas em televisão. O grupo só voltou a excursionar em Dezembro de 2009, mais de um ano após o lançamento do disco.

Axl Rose durante apresentação em SP
Os fãs brasileiros tiveram a oportunidade de conferir o Guns duas vezes nessa turnê. Eu tive a oportunidade de assistir a apresentação que realizaram no Palestra Italia em 2010. Excelente show, porém tensão do início ao fim. Lembro que tinha rolado 3 shows de abertura: o horroroso Rock Rocket, o bom Forgotten Boys e o divertido Sebastian Bach (ex-Skid Row). Para variar, Axl Rose subiu ao palco com um atraso de aproximadamente 3 horas (serio, quando ele vai perder essa mania?) quando as vaias já começavam a tomar conta do local, devido a impaciência de seus seguidores. Logo na primeira música, a faixa-título "Chinese Democracy", o cantor interrompeu a banda e ameaçou sair do palco logo após ser atingido por um objeto arremessado por um fã que estava irritado com o atraso. Se não me engano, era uma garrafa de água. Foi o suficiente para deixar o publico ainda mais tenso, uma vez que um dia antes ele tinha resolvido simplesmente não aparecer em um show que tinha marcado na boate Disco, em SP. Pelo menos, ele fez a esperar valer a pena. Algo que definitivamente não ocorreu durante em sua última passagem pelo país: a fatídica apresentação do Rock In Rio em 2011. Lógico que o atraso ocorreu (esse não pode faltar, né Axl?), mas a apresentação foi decepcionante. O cara subiu ao palco sem voz nenhuma, abusado dos falsetes (mal-feitos). Não seria o momento de descer um tom?

Ainda não há noticia de quando o sucessor de Chinese Democracy chegará às lojas, mas há fortes indícios de uma nova passagem do grupo pelo Brasil no próximo ano. Espero que, se vier, consiga apagar a imagem ruim que deixou na apresentação do Rock In Rio...