domingo, 15 de dezembro de 2013

Humberto Gessinger – Insular (2013)




Por Davi Pascale

Humberto Gessinger, a voz do Engenheiros do Hawaii, está lançando seu primeiro trabalho solo. Na verdade, essa não é a primeira vez que o cantor se arrisca em um trabalho longe dos Engenheiros. Em 1996, o músico tinha criado o Humberto Gessinger Trio, que lançou apenas um álbum auto-intitulado. Quando o Engenheiros passou por uma nova reformulação, o rapaz trouxe os músicos Adal Fonseca e Luciano Granja para sua banda principal. Em 2008, criou ao lado de Duca Leindecker (Cidadão Quem) o Pouca Vogal. E, agora, solta no mercado esse CD. O primeiro solo e o terceiro longe do grupo que o tornou famoso em todo o país.


Muitos questionam sobra a volta do Engenheiros do Hawaii, Gessinger quase sempre desconversa. E, para ser honesto, prefiro assim. Acho mais honesto. Desde o lançamento de Minuano que o rapaz é o único integrante da banda original. Nunca fui um fã rebelde. Nunca tive aquela postura de “se não tem Maltz e Licks, não me interessa”. Pelo contrário, continuei acompanhando até o fim. Tenho todos os discos, todos os vídeos, fui à gravação de 10.000 Destinos. O que sempre me atraiu no Engenheiros, mais do que a criatividade de Licks ou a pegada de Maltz, foram as letras de Humberto. Sendo assim, não preciso dizer que estou acompanhando seu trabalho como escritor também. 


Agora... Verdade seja dita. Sempre achei estranho adquirir um trabalho com o nome de Engenheiros do Hawaii e só encontrar a figura de Gessinger, dentre aqueles rostos que estava familiarizado desde meus tempos de infância quando ouvia os LP´s de A Revolta dos Dandis e Ouça O Que Eu Digo, Não Ouça Ninguém. É verdade que Adal Fonseca e Luciano Granja são excelentes músicos - Sou baterista e lembro que fiquei impressionado com a performance de Adal na gravação de 10.000 Destinos - É verdade também que fizeram ótimos discos, mas sempre achei que quando Carlos Maltz saiu da banda, Humberto deveria ter gravado como artista solo.

Humberto Gessinger em ação

Para os fãs, a situação não mudará muito. Acredito que continuará executando suas antigas canções em seus shows solo. E a sonoridade do álbum não é muito distante do trabalho que vem fazendo há quase 30 anos. Esse é um disco que poderia ter sido lançado com o nome de Engenheiros do Hawaii e nenhum fã reclamaria. Fico feliz que Gessinger tenha mantido suas raízes. Todas suas características principais estão aqui: suas letras com seus famosos jogos de palavras e bonitas mensagens, sua linha de baixo extremamente melódica... Só quem irá reclamar serão os executivos, afinal, Engenheiros do Hawaii já é uma marca. Foi um grupo que marcou época e atravessou gerações. E eles terão que trabalhar em cima do projeto sem fazer uso dessa marca, pelo menos sem ser direto. Se bem que todo mundo que viveu a década de 80 e 90 está careca de saber quem esse cara é. E se bem que também não há muito pelo que se preocupar, já que a indústria fonográfica está indo para o espaço...


Ao contrário de seus demais trabalhos, onde tinha uma banda fixa, aqui cada faixa é uma formação diferente. Entre os músicos convidados, estão nomes do porte de Frank Solari, Rodrigo Tavares, além dos ‘engenheiros’ Adal Fonseca e Luciano Granja. Humberto tem uma imagem forte enquanto baixista, mas no disco vai além e ataca de guitarra 12 cordas, violão, harmônica, teclado, viola caipira e acordeão. Além, claro, do trabalho vocal.


Não sou de acompanhar rádio. Já fui, mas boa parte dos artistas que estão sendo investidos, não me atrai. Então, parei de ouvir. Carro, agora, somente com CD. Ou, de preferência, Ipod. Prefiro ouvir meu CD em casa com melhor qualidade de som, com mais calma e sem chances de danificar a mídia. Mesmo assim, cheguei a ouvir “Tudo Está Parado”, parceria de Gessinger com Rogerio Flausino (Jota Quest), em alguma estação, um dia desses, totalmente por acaso. Fiquei feliz. O que me deixa mais feliz ainda é perceber que essa não é a única do disco com característica de hit. Canções como “Bora” e “Tchau Radar, A Canção” se entrarem na programação de alguma rádio tornam-se sucessos instantâneos. Não tenho dúvidas!

Cantor em foto promocional de seu novo CD

Foi muito legal ver o cantor voltando a gravar novas canções. E, principalmente, voltando com um trabalho tão legal. Não sei o que acontece no Brasil ultimamente, mas a maior parte da galera que tem expressão está sem lançar nada há tempos. Onde estão os novos álbuns de artistas como Lobão? Titãs? Paralamas do Sucesso? Skank? Pitty? Raimundos? Frejat? Algo precisa ser feito. A cena roqueira do Brasil está paralizada. Ainda bem que ainda temos alguns nomes que ainda se sujeitam a gravar. Caso contrário, a cena estaria morta. Espero, claro, que este seja apenas o primeiro de uma série de lançamentos do artista. Gessinger, bem-vindo de volta!


Nota: 08/10

Status: Excelente!


Faixas:
0    01.   Terei Vivido
02.   Sua Graça      
03.   Bora 
04.   A Ponte Para o Dia 
05.   Tchau Radar, A Canção 
06.   Tudo Está Parado 
07.   Recarga 
08.   Milonga do xeque Mate 
09.   Insular 
10.   Essas Vidas da Gente 
11.   Segura a Onda, DG 
12.   Plano B