terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Discografia comentada: Silverchair

por Rafael Menegueti


Na última semana, o empresário de Daniel Johns anunciou oficialmente que o vocalista do Silverchair está trabalhando em um disco solo. Isso pouco antes de ser lançada uma faixa em colaboração ao rapper australiano 360, chamada “Impossible”. Na verdade a ansiedade dos fãs da banda australiana é longa e justificável. Desde que anunciaram a pausa por tempo indeterminado nos trabalhos da banda, pouca coisa se soube sobre seus integrantes.
Chris, Daniel e Ben, do Silverchair 
O baterista Ben Gillies lançou um projeto solo, Bento, em um disco chamado “Diamond Days”, que une influencias indies e folk em um rock bem diferente do feito pelo Silverchair. O baixista Chris Joannou vem trabalhando como produtor e se dedicando a projetos fora da música. Mas a grande duvida dos fãs fica por conta de Johns. Muitos anseiam pelo retorno do vocalista a ativa, mas ele só havia se dedicado a projetos menores, como trilhas sonoras e participações especiais. Nem mesmo o bem sucedido projeto paralelo The Dissociatives, lançado em 2004, teve continuação.

Para compensar a falta de novo material e de novidades sobre a banda, iremos analisar aqui os trabalhos consagrados do trio de Newcastle, desde o longínquo “Frogstomp”, de 1995, até o tão inusitado “Young Modern” de 2007.

O trio na época de Frogstomp
Tomorrow (EP) – 1994













O primeiro lançamento da banda é um tanto quanto obscuro. Após vencerem um concurso de bandas de uma radio local, os garotos da banda ganharam o direito de gravar um EP. “Tomorrow” foi gravado em 94 e tinha quatro faixas. As versões iniciais de Tomorrow, Acid Rain, Blind e Stoned eram simples e um tanto pesadas. Todas viriam a ser regravadas mais tarde, mas apenas Tomorrow entraria no primeiro full-lenght.

Frogstomp – 1995













O debut da banda veio após meses de um crescente sucesso na cena australiana, a ponto de a banda ganhar um contrato. O disco foi gravado em apenas nove dias, e mostra uma banda que mais parecia querer tocar como seus ídolos do que inovar. Nada mais natural em se tratando de três garotos de apenas 15 anos. Mas “Frogstomp” não é um simples álbum de três garotos. Apesar das letras rasas e da tentativa de soar como o Pearl Jam e o Nirvana, a banda conseguiu criar boas músicas e explodiu com o sucesso de Tomorrow, o excelente riff de Israel’s Son e a porrada agitada Pure Massacre.

Freak Show – 1997













Passado o primeiro impacto do sucesso com “Frogstomp”, a banda lançou seu segundo disco. “Freak Show” seguiu um caminho parecido de seu antecessor, mas tinha algumas diferenças. As letras eram mais pessoais, haviam faixas mais elaboradas, com arranjos de cordas e até uma citara em uma das canções. O carro chefe do álbum, Freak, era uma música com um riff poderoso e letra pegajosa. Não chegou a repetir o sucesso do primeiro álbum, mas serviu pra mostrar que eles não estavam ali para brincadeiras. Ainda repetem muito o grunge, principalmente o Nirvana, mas já começavam a mostrar uma identidade própria.

Neon Ballroom – 1999













Após “Freak Show” a banda começou a provar o outro lado do sucesso, mais especificamente o vocalista e guitarrista Daniel Johns. A depressão e os problemas com transtornos alimentares refletiram diretamente no novo trabalho do grupo, “Neon Ballroom”. A banda definitivamente havia crescido. Já nos seus 20 anos, o grupo começou a ganhar cara própria nesse disco. As canções compostas por Johns refletiam os problemas que a jovem estrela australiana enfrentara. Mais bem trabalhado e com influencias mais amplas, o disco tem arranjos de piano, orquestrais, pitadas de punk, metal e rock alternativo. E fez muito sucesso com as baladas Miss You Love e Ana’s Song (Open Fire).

Diorama – 2002













Após os momentos conturbados, que resultaram no ótimo “Neon Ballroom”, veio uma calmaria, que resultou em “Diorama”. Nesse disco eles investiram forte na experimentação, e acabaram por lançar seu melhor trabalho. “Diorama” tem músicas fortes, baladas envolventes, influencias entre o metal e o rock clássico. Jonhs compôs letras inteligentes e canções extremamente competentes e radiofônicas. Nesse disco ele também demonstra seu melhor desempenho como vocalista. Pode não ter sido o sucesso comercial que mereceria ser, mas valeu pelo excelente registro de uma banda bem mais madura como músicos e compositores.

Young Modern – 2007

 












Após longos cinco anos desde seu último lançamento, o Silverchair voltou à ativa. Naquele meio tempo, Johns havia lançado um projeto unindo rock e música eletrônica, o The Dissociatives, enquanto Ben Gillies havia tocado bateria no grupo Tambalane, uma banda mais voltada ao folk/pop rock. “Young Modern” pode ser considerado o trabalho mais ousado e diferenciado da banda. O disco investe mais na sonoridade com influencias mais recentes, como o indie rock, e em arranjos orquestrais e com sintetizadores e teclados. Muitos fãs estranharam, mas o disco não chega a ser ruim. Pode ser um tanto insosso em alguns momentos, como na fraca Reflections of A Sound, mas tinha boas faixas também, casos de Those Thieving Birds, Mind Reader e Young Modern Station. E foi o único álbum que superou as vendas de “Frogstomp”, inesquecivel e eterno “disco do sapinho”.