segunda-feira, 3 de março de 2014

Discografia Comentada: Sirenia

por Rafael Menegueti

No proximo sabado (08 de março), teremos o dia internacional da mulher. E pra homenageá-las nessa data, decidimos fazer a semana da mulher do rock aqui no blog. Durante toda a semana, só postagens sobre bandas e artistas femininos. E pra começar falarei de uma banda pela qual varias vocalistas já fizeram parte: O Sirenia.

A atual formação do Sirenia: Jonathan, Ailyn, Jan e Morten 
Trata-se de uma banda norueguesa fundada por Morten Veland, também conhecido por ser um dos fundadores de um dos maiores nomes do metal gótico, o Tristania. Após sair do Tristania, em 2001, ele se incumbiu de montar uma banda como ele queria. Para isso, contou com a ajuda do já falecido Jan Kenneth Barkved, Kristian Gurdensen e Fabienne Gondamin para gravar o álbum de estréia do Sirenia. Detalhe: Veland gravou quase todos os instrumentos. Nascia ali uma das bandas mais versáteis do metal gótico europeu.

At Sixes and Sevens (2002)


O disco de estréia do Sirenia era mais próximo de um projeto experimental do que de uma banda em si. Morten decidiu que, para conseguir o resultado que queria, ele sozinho comporia as músicas e gravaria todos os instrumentos principais do Sirenia. Para complementar o som, ele convidou outros vocalistas (já citados acima) e implementou um coral nas canções. O resultado foi um disco potente, que mistura influencias góticas com doom metal, cheia de vocais guturais e efeitos de sintetizadores. “At Sixes and Sevens” foi uma estréia bem sucedida, e fez com que Morten acreditasse que a banda tinha futuro. Essa foi a única contribuição de Fabienne Gondamin na banda. Ela sequer chegou a ser efetivada no grupo, e sumiu completamente depois dessa participação.

An Elixir for Existance (2004)


Seguindo a linha do primeiro álbum, “An Elixir for Existance” também foi gravado por Morten Veland unicamente. Nesse disco a sonoridade está um pouco menos doom metal, e se aproxima um pouco mais do que Morten havia feito no Tristania um pouco antes. Os vocais femininos ficam por conta de Henriette Bordvik, primeira vocalista oficial do grupo. A banda já tinha uma cara mais pessoal de Morten, e ele ainda contava com os vocais limpos de Kristian Gurdensen, que também tocava guitarra ao vivo, e o chileno Jonathan Perez, na bateria. Esse disco no entanto foi o ultimo que seguia a formula tradicional do metal gótico de Veland. Depois dele, ele partiu para experimentações bem diferentes.

Henriette Bordvik: apenas um ano e meio de banda
Sirenian Shores (EP) (2004)


Esse EP, lançado ainda em 2004, continha um remix de “Save Me for Myself”, uma versão acústica de “Meridian”, uma cover de Leonard Cohen, uma faixa instrumental e uma inédita, “Sirenian Shores”. Esse disco foi também a ultima contribuição de Henriette Bordvik e Kristian Gundersen na banda. A Napalm Records ainda lançou em alguns países uma edição que acompanhava uma coletânea de artistas da gravadora, entre eles Elis, Trail of Tears, Tristania, Atrocity e Xandria.

Nine Destinies and a Downfall (2007)


Após precisar reformular a banda, Morten gravou o terceiro album do Sirenia com a nova vocalista, Monika Pedersen. Ela tinha um estilo mais próprio, e Morten começou a dar mais espaço para os vocais femininos nesse disco. Antes, sua voz predominava, mas em “Nine Destinies”, Monika virou a protagonista. As músicas são boas, e se aproximam do metal sinfônico, e possuem letras simples sobre emoções e relações humanas. Apesar de levar a banda a um novo patamar, alguns fãs acharam muito comercial. Mas as coisas definitivamente não eram fáceis para Morten, e ele teve que procurar uma nova vocalista logo depois, pois Monika abandonou o barco em novembro do mesmo ano. Sem falar no novo guitarrista, Bjornar Landa, que saiu em 2008.

Monika Pedersen também teve passagem rápida
The 13th Floor (2009)


O Sirenia tinha tido três vocalistas diferentes em três álbuns. E agora eles estavam atrás de uma quarta voz. E encontraram uma excelente opção na espanhola Ailyn Gimenez, que curiosamente era uma cantora pop antes de ser recrutada. Mas ela caiu como uma luva. Em “The 13th Floor”, Ailyn mostra ser incrivelmente talentosa, embora pareça tímida em alguns momentos. O disco mistura momentos mais parecidos com o metal gótico tradicional de Morten com os momentos mais melódicos e sentimentais do disco antecessor. E dessa vez ele agradou os fãs. Mas nem tudo ficaria perfeito, pois, apesar de Ailyn ter ficado, o novo guitarrista Michael Krumins também deixou o grupo.

The Enigma of Life (2011)


Ailyn tinha se firmado na banda, e agora chegava a hora deles se solidificarem assim. A parceria entre Morten Veland e a vocalista espanhola rendeu um trabalho extremamente melódico e com belos arranjos em “The Enigma of Life”. Ailyn parecia mais solta e com uma voz ainda mais precisa nesse disco, e a banda ainda mostrava um ótimo entrosamento. Só havia um problema: o disco, apesar de belo, possui músicas muito similares. As mesmas estruturas, com solos simples, refrões pegajosos e arranjos de cordas deixaram o álbum muito repetitivo. O disco é legal, mas peca nesse detalhe. Pelo menos dessa vez, com a entrada de Jan Soltvedt, a banda parece ter se estabilizado.

Ailyn: ela se firmou como a voz definitiva do Sirenia
Perils of the Deep Blue (2013)



No ano passado, o Sirenia retornou com um novo álbum, e impressionou a todos que esperavam por mais um disco como “The Enigma of Life”. “Perils of the Deep Blue” resgata as melhores características do Sirenia, desde o princípio. Riffs pesados, vocais bem produzidos, guturais, o já característico coral e arranjos de sintetizadores marcam o disco, que volta a ter uma sonoridade mais característica do doom metal. O lado melódico ficou de lado e deu lugar a faixas mais atmosféricas e cheias de arranjos. E pela primeira vez a banda apresentou algumas músicas em norueguês. Ailyn havia passado por um coral norueguês especialmente para se preparar para esse disco, que elevou o Sirenia entre as principais bandas de metal gótico com vocais femininos do mundo.