terça-feira, 4 de março de 2014

Courtney Love: Sexo, Drogas e Rock n Roll



Por Davi Pascale

Essa semana, estamos relembrando algumas figuras femininas que são destaque dentro da cena rock n roll. Escolhi começar as minhas postagens sobre o tema com uma figura um tanto quanto polêmica e certamente emblemática. Estou falando da eterna viúva de Kurt Cobain, Courtney Love.

Não importa quanto sucesso tenha, dificilmente a artista irá se desligar dessa imagem. Por uma questão muito simples: Kurt foi o grande ícone do rock dos anos 90. Maior do que Marilyn Manson, maior do que Green Day, maior do que Alanis, maior do que os irmãos Gallagher. Talvez muitos não gostem da idéia, mas isso é um fato.

Assim como o líder do Nirvana, Courtney tem uma grande ligação com as drogas. Seu conhecimento sobre o assunto é tão grande que a garota salvou Cobain de 3 overdoses, antes do mesmo cometer suicídio. Essas histórias estão presentes em vários livros sobre o trio mais maluco de Aberdeen. Muitos insistem que o rapaz foi assassinado. E muitos insistem que sua esposa, Courtney Love, teria o matado. Justamente por estar cansada de responder perguntas sobre a hipótese, ela decidiu parar de falar publicamente sobre seu ex-marido. O final da história não poderia ser diferente, recebeu fama de arrogante. Até hoje quando vai à uma coletiva, o assessor lembra que a cantora não responderá nenhuma pergunta relacionada ao líder do Nirvana.

Ao lado Hole, emplacou faixas como "Doll Parts", "Violet" e "Malibu"

Essa não é a única polemica envolvendo Courtney Love e o trio que foi símbolo da cena de Seattle. Vira e mexe, ela entra em confronto com os ex-integrantes do Nirvana a respeito da obra do mesmo. Principalmente com o líder dos Foo Fighters, Dave Ghrol. Justamente por ter sido casada com Kurt, ela herdou os direitos que pertenceriam à seu marido e, assim como a também odiada Yoko Ono, leva o assunto à ferro e fogo. Por mais que os remanescentes do Nirvana não morram de amores por ela, assim como os remanescentes dos Beatles não morrem de amores por Yoko, uma verdade precisa ser dita: nenhuma das duas permitiu que avacalhassem a obra de seus maridos. Por isso torço para  que ela volte a responder sobre a imagem de Kurt em breve. Para os desavisados, a moça está temporariamente incapacitada de controlar a imagem do marido por ter conseguido um empréstimo de 2,75 milhões de libras do fundo de reserva da filha do casal, Frances Bean. A menina ganhou o controle do nome e da imagem do pai até que seu dinheiro seja devolvido. Torço para que Courtney recupere seus direitos. Será que ela consegue?

Já o lado musical do Nirvana, Courtney ainda controla. No ano passado quando questionada, pela revista Burst, se ela já havia pensado em vender esses direitos, Love respondeu: "Nunca irei vender esses direitos que possuo. Ninguém mais irá se preocupar em protege-los". A artista foi além e declarou: "Alguém tem que segurar as rédeas. Porque, senão, sabe o que aconteceria? No mesmo minuto em que vendo o direito sobre qualquer canção, ela se torna uma jukebox. Fatura um bilhão de dólares com uma versão jazz na broadway ou acaba em comerciais da Gatorade". Como disse, ela não permitiu que avacalhassem a obra do conjunto.

Courtney Michelle Love, antes de atingir a fama ao lado do Hole, passou por ao menos 4 grupos: Sugar Babydoll, Pagan Babies, Faith No More (exatamente, o grupo que levou Mike Patton ao estrelato) e Babes In Toyland (onde tocava baixo). Foi expulsa de duas delas: Faith No More e Babes In Toyland. Kat Bjelland declarou certa vez em uma entrevista que “Courtney ensaiou com a banda apenas uma vez e foi uma merda”. Difícil acreditar, se pegarmos o Spanking Machine encontramos frases e versos que mais tarde seriam utilizados por Courtney ao lado do Hole. Para não ter rolado processo, é evidente que a canção foi composta pelas duas, tendo ambas direito à obra. Por mais que eu goste da obra do Babes é evidente que teve uma treta. Há inclusive quem diga que a letra e o clipe de “Bruise Violet” seja uma provocação à Love. Por mais que já tenha visto integrantes do grupo negarem, acredito que exista algo do tipo. Assistam ao vídeo no Youtube e vocês me entenderão.

Carreira de Courtney foi marcada por sua relação com as drogas

As drogas sempre perturbaram a vida e a carreira da garota. Direta e indiretamente. Não é segredo para ninguém a relação dela com cocaína e heroína, mas a morte de Cobain não foi a única tragédia de sua vida. O álbum mais bem sucedido de sua carreira Live Through This foi lançado em um período nada confortável na vida da artista. O CD chegou às lojas em 9 de Abril de 1994, 4 dias depois de Kurt ter cometido suicido. Para piorar a situação, a baixista Kristen Pfaff morreu em 16 de junho do mesmo ano, vítima de uma overdose de heroína.

O álbum foi aclamado pela critica e canções como “Violet” e “Doll Parts” dominaram as paradas. A turnê, entretanto, foi tensa. Courtney Love encontrava dificuldade em lidar com tudo o que estava rolando. Nos últimos meses, seu marido havia se matado, a baixista de sua banda havia morrido de overdose, repórteres e fãs do Nirvana a acusavam de ter assassinado Kurt e a justiça tentava tirar a guarda de sua filha por conta de seus escândalos com as drogas (algo que viria a se concretizar em 2003 e 2009). Sendo emocionalmente instável, o resultado não poderia ser outro: a artista jogava guitarra no publico, quebrava instrumentos e começava a chorar do nada no palco. Anos depois, Love reconheceu que subia chapada no palco todas as noites.

Para o lugar de Kristen, veio à banda Melissa Auf Der Maur. Com ela, gravaram Celebrity Skin em 1998. O álbum conseguiu uma certa projeção, mas foi bem mais moderada do que seu trabalho anterior. Para variar, mais uma polêmica veio à tona. Billy Corgan, líder do Smashing Pumpkins, reclamava de ter colaborado na composição de varias faixas e de não ter recebido os devidos créditos. Por ironia do destino, depois do final da turnê, Melissa se juntou ao Smashing Pumpkins.

Courtney Love passava por momento delicado na tour de Live Through This

Em 2002, Courtney lançou seu primeiro álbum solo: America´s Sweetheart. O álbum foi criado junto com a ex-4 Non Blondes, Linda Perry (que atualmente ganha dinheiro compondo para artistas pop do calibre de Pink e Christina Aguilera). O trabalho final não agradou Love que chegou a ironizar o disco, referindo-se à ele como “piada” e “disco de merda”. A musa do grunge não gostava de sua sonoridade polida. Tenho o CD e sou obrigado a discordar da artista. Acho seu ultimo grande álbum. Considero-o infinitamente superior ao Nobody´s Daughter, lançado em 2010 ao lado de uma nova versão do Hole.

Courtney chegou à se arriscar como atriz várias vezes. Seu papel de maior destaque foi O Povo Contra Larry Flint, lançado em 1996, onde interpretava a esposa de Larry Flint. O rapaz ficou conhecido por ser presidente da Larry Flint Publications (LFP), conhecido pela produção de material pornográfico. Entre seus principais produtos, está a famosa revista Hustler.

Nos últimos anos, foi muito comentado o fato dela ter mostrado os seios no festival SWU e no programa de David Letterman. Sua aparição no talk show, inclusive, deu o que falar por ela ter feito comentários negativos em relação à atriz Nicole Kidman e em vários momentos responder frases desconexas, aparentando estar vivendo em uma espécie de ‘universo paralelo’. O que muitas pessoas não se ligaram, é que essas atitudes são a cara dela. Um dos bootlegs mais famosos do Hole é apresentação em Sidney em 1999 durante o lançamento do Celebrity Skin. Durante a faixa titulo, Courtney levanta a blusa e canta grande parte do tempo com os seios de fora. Ou seja, é algo já comum em suas performances. Em relação às suas declarações, essa sempre foi sua marca. Sempre foi conhecida por falar o que pensa. Quando está de bem com a vida, é comum responder brincando, fazendo piadas e, por vezes, se utilizando do deboche.  

O fato de ser irrepreensível e imprevisível, conforme demonstram seus tweets (a cantora responde à seus fãs de igual para igual e não é raro publicar fotos dela nua do nada), ajudam a criar todo um mistério em torno de sua figura. Foram exatamente essas atitudes que a transformaram em uma figura mística, uma personalidade interessante, digna de receber nossa homenagem no blog. Tudo isso, e claro, a qualidade de sua obra. Nunca uma cantora seguiu tão à risca o slogan do 'sexo, drogas e rock n´ roll' em seu trabalho. No momento, Courtney Love prepara seu segundo disco solo e há boatos de uma auto-biografia a caminho. Espero que não demore muito, estou ansioso para ver o que vem por aí.