quinta-feira, 19 de junho de 2014

Rock Brasilia (DVD)

Por Davi Pascale
A década de 80 foi o ultimo grande movimento de rock no Brasil. Embora a cena de São Paulo e do Rio de Janeiro sejam muito importantes, não dá para se esquecer de Brasília. É verdade que vieram menos artistas de lá, mas os poucos que surgiram conseguiram conquistar uma grande legião de fãs que são devotos até hoje. Além da Legião, talvez o grupo mais emblemático, a cena brasiliense ficou marcada pelo Capital Inicial, Plebe Rude e, mais tarde, pelo Raimundos. Nada mais justo do que um documentário contando um pouco dessa história.

O longa-metragem foca na cena de 1980. Indo do início do Aberto Elétrico, passando pelo momento que esses 3 artistas atingem o estrelato até o declínio. No caso do Capital, falam sobre a volta da banda e do prestigio que conseguiram de volta. Por todo o auê que fizeram na mídia, esperava um pouco mais de imagens de arquivo. Realmente tem algumas imagens interessantes, mas são poucas. E as poucas entrevistas de época utilizadas na película, estão na íntegra nos extras.

A história é bem contada, mas apresenta algumas falhas. Por exemplo, sempre quis saber por que o Dinho Ouro Preto abandonou o Capital Inicial no inicio da década de 1990. Aqui, eles explicam que foi por uma briga. Mas não explicam qual a razão dessa briga. Ego? Dinheiro? Drogas? Bebidas? Mulheres? Enfim, o assunto é tratado de maneira superficial.

É muito interessante, contudo, ver como os músicos interpretavam sua obra. Muitas pessoas insistem em dizer que as letras desses grupos eram politizadas. E realmente eram. Renato Russo, contudo, fazia questão de falar que suas letras não eram politizadas, a Plebe Rude, por outro lado, defende essa ideia. A Legião não se importava com o termo “rock de Brasilia”. A Plebe, por outro lado, demonstrava certo incômodo.
O cantor Dinho Ouro Preto em cena do documentário
Se por um lado, as imagens de arquivo estão em pouca quantidade. Por outro, as entrevistas realizadas para o projeto atingem o objetivo. Os principais integrantes dessas 3 bandas cederam entrevistas exclusivas para o filme, o que acaba tornando o projeto muito interessante. Os pais dos músicos também dão depoimentos. E embora seja uma atitude nobre, desmancha um pouco aquela ideia de rockstars que temos dos rapazes. Sempre ouvimos falar desses músicos envolvidos com prisões, drogas, bebidas, etc. E a impressão que dá, assistindo a entrevistas desses familiares, é que uma boa parte desses músicos eram mimados e contavam com pais super-protetores. 
O filme também tem uma preocupação muito legal que é de situar o espectador nas mudanças políticas que o país atravessava naquela época. Isso ajuda, para aqueles que não viveram o período, a entender o impacto que essas letras causaram na juventude e nos roqueiros de então.

A película conta com uma produção simples, sem grandes recursos visuais, mas atinge seu objetivo. É explicado com cuidado o que é a tal Colina, como os rapazes se conheceram, como os grupos foram formados, etc. Para quem curte a cena rock brasileira ou para quem quer conhecer um pouco mais da história da música criada em nosso país, o longa é bem-vindo.