quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Bon Jovi – New Jersey Super Deluxe Edition (2014):





Por Davi Pascale
1988. Fase de Hollywood. Garotas com cabelos volumosos. Bandas com roupas espalhafatosas. Canções com refrões pegajosos. Clipes e filmes divertidos. Entre os ídolos dessa garotada estavam 5 garotos de New Jersey. Os caras tinham seus clipes executados à exaustão, suas músicas estavam nas rádios o tempo todo, estampavam capas de revistas. Agora, 25 anos depois seu quarto álbum retorna às lojas repletos de bônus e boas recordações.

Estou me referindo ao Bon Jovi. Muitos criticam a banda, mas é muito mais dor de cotovelo e querer demonstrar atitude do que qualquer outra coisa. Não que algumas das críticas não sejam verdades. O problema é que se formos levar essas bobagens à sério, mais da metade da coleção de discos de qualquer fã de rock vai para o espaço. Por exemplo, falar que o grupo era alvo de meninas adolescentes. Meu Deus do Céu! O rock n roll sempre teve impacto na juventude. E garotas histéricas? Já ouviram falar de Beatles e Elvis Presley? Quantos anos vocês acham que tinham as fãs que se descabelavam nos shows deles? 50? 70? Ou então alguma velhinha de 90 anos de bengala e dentadura? Não meus amigos, 13, 14, 15. E se alguém me disser que o trabalho desses caras não é para ser levado a sério ou que eles são artistas teenager, eu mando se internar. Portanto, isso não é motivo para desqualificar o trabalho de alguém.

Muitos críticos estão provando do seu próprio veneno. Várias bandas que foram alvo de piadas, estão na ativa com enorme sucesso. Kiss sempre foi massacrado pela crítica e continua em evidencia. Motley Crue está com força total. Twisted Sister conquistou um público fiel. Bon Jovi ainda arrasta multidões em seus concertos e de tempos em tempos ainda emplaca canções nas rádios. Enquanto isso, artistas indies que foram considerados a salvação do rock por esses “gênios” sumiram depois de 1 ou 2 discos. O problema é que esses críticos têm dificuldades em acompanhar a mudança do mundo. O tempo não para e a linguagem muda de tempos em tempos. E esse é um dos motivos de não compreenderem a cena 80´s. Eles querem analisar essa cena com o olhar dos anos 70.

Álbum é um marco da época

Pode não parecer, mas o mundo havia mudado bastante. O punk estava em declínio, o progressivo não era mais a bola da vez. As rádios haviam perdido força para um canal de televisão chamado MTV. Agora era necessário ter o som certo e a imagem certa. Daí o motivo dessas bandas terem uma preocupação extrema com o visual. Era uma adaptação à nova era. Os cabelos, as roupas, eram o que os jovens usavam na época. Pegue qualquer filme dessa época e compare o visual. É praticamente o mesmo. Os brincos compridos, o cabelo poodle, as calças de couro, as jaquetas de veludo. A influência com a música pop era inevitável. A época da explosão do glam metal (também vendido como hair metal) é também a época da popularização das danceterias. No Brasil, inclusive, era comum grupo de rock se apresentar em danceterias. E isso também não era novidade. Já haviam artistas que cruzavam pop com rock desde a década de 50: Paul Anka, Neil Sedaka, Brenda Lee... Só que o grupo em questão fazia com uma linguagem mais Journey.

Esse disco é um marco. Bon Jovi estava no auge. Seu trabalho anterior, (o ótimo) Slippery When Wet tinha atacado a banda no topo do sucesso. Canções como “You Give Love a Bad Name”, “Livin´ On a Prayer”, “Wanted Dead Or Alive”, “Never Say Goodbye” foram grandes hits. Bon Jovi deixava de ser uma promessa para se tornar um dos grandes nomes daquela geração. O álbum seguinte foi esse New Jersey. Várias músicas foram para o topo das paradas: “Bad Medicine”, “Born To Be My Baby”, “I´ll Be There For You”, “Lay Your Hands On Me”… Os músicos deram um passo além. As letras e arranjos eram mais elaborados.

Embora poucos reconheçam, o grupo conta com ótimos músicos. Jon Bon Jovi sempre foi um bom cantor e tem uma ótima presença de palco. Richie Sambora é um excelente guitarrista e canta melhor do que muito cantor principal por aí. Tico Torres sempre foi um baterista preciso. A dupla Sambora/Bon Jovi sempre foram compositores de mão cheia também. Tudo bem que muitas vezes contaram com a ajuda de gente de fora (dentre esses, o mais famoso é o Desmond Child que também deu uma mãozinha para artistas como Kiss, Aerosmith e Motley Crue), mas quem conhece as demos sabe do dom dos caras. Sempre escreveram músicas com ótimas melodias e ótimas vocalizações. Já dizia George Martin: “música boa é aquela que você consegue assobiar”. E as deles você consegue.

Turnê trouxe o grupo pela primeira vez ao Brasil

Os músicos trouxeram experiências pessoais para dentro de suas letras. “Living In Sin” falava sobre o romance de Jon Bon Jovi com sua namorada Dorothea. Mais precisamente do preconceito que enfrentou com os pais da garota, que não botavam fé nele. “I´ll Be There For You” falava sobre uma decepção amorosa vivida por Richie Sambora, enquanto “Stick It To Your Guns” era um recado à seus fãs: jamais deixar de acreditar em você mesmo. O álbum dois traz versões alternativas e faixas que ficaram de fora do disco da época (inicialmente seria um álbum duplo). Algumas já conhecia de alguns bootlegs. Uma curiosidade legal é “House Of Fire”, uma parceria de Desmond Child com Alice Cooper e Joan Jett que acabou ficando de fora do LP e foi utilizada depois pelo Alice Cooper em seu álbum Trash. Outra curiosidade legal é “Diamond Ring” que anos mais tarde foi regravada no álbum These Days com uma nova roupagem.

Essa edição super deluxe ainda conta com um DVD exclusivo trazendo os dois VHS´s da época. New Jersey – The Videos, com clipes e cenas de backstage, e Access All Areas: A Rock & Roll Odyssey, um documentário da turnê que inclui, inclusive, imagens dos músicos no Brasil. Para quem não se lembra, em 1990 o grupo veio pela primeira vez ao país como headliner do festival Hollywood Rock, onde se apresentou na Praça da Apoteose (RJ) e no Estádio do Morumbi (SP). O engraçado é que eu os assisti pela segunda vez nesse mesmo estádio em 2010 e tem neguinho dizendo que eles estão em fim de carreira. Realmente estranho... New Jersey mostrava uma banda no auge da carreira com composições memoráveis em uma época onde melodia falava alto. Se você procura isso em um grupo, pode comprar sem medo.

Nota: 10 / 10
Status: Clássico

CD 01:
      01)   Lay Your Hands On Me
      02)   Bad Medicine
      03)   Born to Be My Baby
      04)   Living In Sin
      05)   Blood on Blood
      06)   Homebound Train
      07)   Wild Is The Wind
      08)   Ride Cowboy Ride
      09)   Stick It To Your Guns
      10)   I´ll Be There For You
      11)   99 In The Shade
      12)   Love For Sale
      13)   The Boys Are Back In Town (Bonus)
      14)   Love Is War (Bonus)
      15)   Born To Be My Baby – Versão Acústica (Bonus)

CD 02:
      01)   Homebound Train
      02)   Judgment Day
      03)   Full Moon High
      04)   Growing Up The Hard Way
      05)   Let´s Make It Baby
      06)   Love Hurst
      07)   Backdoor to Heaven
      08)   Now and Forever
      09)   Wild Is The Wind
      10)   Stick It To Your Guns
      11)   House of Fire
      12)   Does Anybody Really Fall In Love Anymore?
      13)   Diamond Ring

DVD:
      01)   Access All Areas: A Rock & Roll Odyssey
      02)   New Jersey – The Videos:
-          Bad Medicine (1ª Versão) 
-          Born To Be My Baby   
-          I´ll Be There For You    
-          Lay Your Hands On Me   
-          Living In Sin   
-          Blood On Blood   
-          Bad Medicine (2ª Versão)