sábado, 4 de outubro de 2014

Cachorro Grande – Costa do Marfim (2014):





Por Davi Pascale

A banda gaucha Cachorro Grande chega à seu sétimo álbum. Sem duvidas, o trabalho mais experimental de sua carreira. O quinteto acrescenta elementos eletrônicos à sonoridade sessentista e entrega um dos melhores álbuns de rock fabricados nos últimos anos no Brasil.

Muitos têm falado por aí que esse novo trabalho não se parece em nada ao que fizeram anteriormente. Discordo. As linhas vocais de Beto Bruno, os riffs de Marcelo Gross mantém o mesmo espírito. Eles apenas estão mais soltos. Compuseram sem medo de experimentar novas sonoridades, sem preocupação em soar de maneira comercial. Se a faixa tiver que ter 10 minutos, assim será.

As influências sessentistas continuam. Só que agora contam com uma linguagem mais psicodélica. Percussões, cítaras, seus ídolos da british invasion também experimentaram na fase mais lisérgica. Portanto, dizer que essa ousadia os afastou da linguagem Beatles/Stones que estamos associados, não me faz muito sentido. Diria que esse é o Their Satanic Majesties Request do Cachorro Grande. 

Banda aposta em linguagem mais psicodelica e flerta com a eletronica em novo álbum

 “Nuvens de Fumaça”, “Use o Assento para Flutuar” e a faixa de trabalho “Como Era Bom” comprovam o que estou falando. Por trás dos barulhos eletrônicos, das flautas, das baterias por oras programadas, estão as características principais do conjunto. Quando re-ouvir a faixa de trabalho ou re-assistir ao clip no Yotube, tanto faz, repare na linha de baixo de Rodolfo Krieger e me diga se não é Beatles total.

Toda essa viagem com certeza teve influência dos músicos que são colecionadores de discos e possuem um grande conhecimento do rock, mas acredito que também tenha muito da mente de Edu K, produtor do trabalho. Quem conhece seu trabalho ao lado do De Falla ou até mesmo enquanto produtor, sabe que ele não dá muita bola para esse lance de seguir fórmulas. A parceria funcionou bem.

A parte eletrônica é bastante presente, mas entrou como um complemento da sonoridade. Uma costura ali. Os caras não se transformaram no Fatboy Slim, nem na Madonna. Diria que eles estão em uma vibe meio Primal Scream. Não a fase Screamadelica, mas a fase Vanishing Point. Os pontos altos ficam por conta de “Nós Vamos Fazer Você Se Ligar”, “Eu Não Vou Mudar”, “Eu quis Jogar”. A única que realmente não me agradou foi “Torpor Parte 2  & 5”. Cachorro Grande demonstrou que é possível inovar, sem perder sua essência. Entregaram um álbum corajoso, intrigante e  maduro. Salve cachorrada!

Nota: 8,5 / 10,0
Status: psicodelia eletrônica

Faixas:
      01)   Costa do Marfim
      02)   Nós Vamos Fazer Você Se Ligar
      03)   Nuvens de Fumaça
      04)   Eu Não Vou Mudar
      05)   Crispian Mills
      06)   Use o  Assento Para Flutuar
      07)   Como Era Bom
      08)   Eu Quis Jogar
      09)   Torpor Partes 2 & 5
      10)   O Que Vai Ser
      11)   Fizinhur