terça-feira, 18 de novembro de 2014

Primal Fear – Delivering The Black (2014):



Por Davi Pascale

Os alemães do Primal Fear chegam ao seu décimo álbum. Em seu último trabalho com o baterista Randy Black, o grupo nos apresenta em CD bem feito, empolgante, pesado, mas sem novidades. Aquela velha história, quem é fã vai curtir; quem não é, não será dessa vez que mudará de idéia.

Liderado pelo vocalista Ralf Scheepers (ex-Gamma Ray) e pelo baixista Mat Sinner (Sinner), o grupo se tornou um dos principais nomes do metal germânico e é quase sempre comparado ao Judas Priest. E o pior é que tem a ver. O estilo de Scheepers é bem similar ao de Halford. Tanto nos vocais abusando de agudos, quanto no visual. Careca, trajando roupas pretas. Alguns riffs também são bem similares.

Do mesmo jeito que Ralf criou fama por sua incrível potência vocal, criou também por sua arrogância. Aqueles que, assim como eu, tiveram a oportunidade de conferir a apresentação que realizaram no extinto festival Live n Louder, viram o mesmo tendo ataque de chilique, interrompendo a apresentação no meio e atirando microfone no chão. O rapaz achou que a qualidade de som do palco estava ruim e resolveu encerrar o show antes do programado. Na época, cobri o evento e me recordo de vários jornalistas reclamando das atitudes dos músicos do Primal Fear. O que isso tem a ver com o disco?

Randy Black, baterista do grupo, abandonou o mesmo poucos meses após o lançamento desse álbum alegando “diferenças irreconciliáveis” com Ralf Scheepers. É óbvio que teve treta grande. Entretanto, nem o cantor, nem o baterista entraram em detalhes sobre o que seriam essas diferenças. Optaram por não lavar roupa suja em publico. Também acho desnecessário criar uma novela mexicana quando alguém sai da banda, mas acho que o publico mereceria um pouco mais de consideração e ter um pouquinho mais de informação. Não há necessidade de contar em detalhes as brigas, os podres, mas poderiam explicar por cima o que ocorreu. Se não concordavam com questões contratuais, se era falta de espaço... Afinal, Randy esteve na banda por 11 anos. Mas que não me surpreende essa briga com Ralf, é fato.

Ralf Scheepers é constantemente comparado à Rob Halford

Musicalmente, como disse, não traz novidades. Canções como “King For a Day”, “Delivering The Black” e “Inseminoid” apostam em arranjos velozes com Randy dobrando o bumbo na velocidade da luz. Algo característico em sua discografia. Exemplos? "Chainbreaker", "Angel In Black", "The Final Embrace", para ficar em alguns. Tem as músicas mais cadenciadas como “When Death Comes Kocking” e “Alive On Fire”, onde as guitarras se destacam com fraseados oitentista. Em uma onda meio parecido com "Running In The Dust". Além da esperada balada “Born With a Broken Heart”.

As músicas são excelentes e cheias de refrões memoráveis. Não há como negar que seja um bom álbum. Entretanto, falta o elemento surpresa. Gostaria de ver algumas novidades em seu som. Não estou falando de mudar de estilo, nem de ficar mais pop. Sei lá, um andamento diferente, um efeito vocal que nunca tenham usado, uma afinação de guitarra diferente do que costumam utilizar. Alguma coisa que diferenciasse esse trabalho aos demais, ainda que mantivesse a essência. A produção ficou a cargo do baixista Mat Sinner. E aqui, realmente não há do que reclamar. O som das guitarras está encorpado, o baixo está bem presente, bateria bem definida. Redondinho. Alguns meses atrás, Aquiles Priester (sim, o ex-Angra, atual Hangar) foi anunciado como o novo musico do grupo. Agora é esperar para ver se ele trará novas influencias ou não. A banda é excelente, tem composições ótimas, mas falta um pouco de ousadia...

Nota: 7,5 / 10,0
Status: Canções excelentes, porém previsíveis.

Faixas:
      01)   King For a Day
      02)   Rebel Faction
      03)   When Death Comes Knocking
      04)   Alive & On Fire
      05)   Delivering The Black
      06)   Road to Asylum
      07)   One Night In December
      08)   Never Pray For Justice
      09)   Born With a Broken Heart
      10)   Inseminoid