sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Yes – Heaven & Earth (2014):



Por Davi Pascale

Ícone do rock progressivo chega à seu 21º álbum. Sem a presença de dois integrantes da formação clássica e contando com uma linguagem mais simples, disco tem dividido opinião.

Os adorados e lendários Rick Wakeman e Jon Anderson continuam fora da banda. O teclado, assim como em Fly From Here, continua aos cuidados de Geoff Downes (que também já havia gravado o polêmico Drama). Os vocais, contudo, sofreram mais uma alteração. O canadense Benoit David também está fora da banda. Para seu lugar, veio Jon Davison. Assim como o cantor anterior, o rapaz tenta manter o estilo de Jon Anderson. Além de ter um timbre de voz super parecido, cria os mesmos tipos de vocalização.
  
O trabalho anterior, o já citado Fly From Here, havia nascido de velhas canções que haviam sido deixadas de lado pelos músicos. Aqui, resolveram começar o material do zero. Enquanto o trabalho de 2011 se mantinha fiel às raízes, o novo disco aponta em uma linguagem de mais fácil assimilação. Quando li as primeiras reclamações de que o novo disco tinha um pé no pop, achava que Downes estaria à frente das composições (por conta de seu passado com os The Buggles e com o Asia), mas qual não é minha surpresa ao abrir o encarte e reparar que ele ajudou a compor apenas “Subway Walls”, que é a que mais se aproxima do velho Yes? E qual não é minha surpresa também ao reparar que Davison ajudou a compor 7 das 8 faixas? Achei bacana a atitude de permitirem que o novo integrante contribuísse nas criações das músicas de igual para igual.

Isso não quer dizer, contudo, que eles voltaram aos anos 80. O novo material em nada se assemelha com “The Rhythm of Love” ou “Owner Of Lonely Heart”. O que tem feito com que as pessoas digam que esse álbum não é progressivo é porque os arranjos são mais lineares com menos viagens, não há tantas quebradas de tempo. Entretanto, continuam apostando em composições longas.

Disco marca a estreia de Jon Davison

As linhas vocais, como já disse, continuam no velho estilo do Yes. Steve Howe continua com sua pegada jazzy e é um dos que mais se destacam no novo disco. Downes fez um bonito trabalho de teclado, embora esteja fazendo algo simples para o padrão do Yes. Não me recordo de nenhum solo de teclado por aqui como ocorre em trabalhos clássicos da banda, por exemplo. Esqueça isso. Imagine o Yes fazendo um disco de baladas. É quase isso que ocorre aqui. Os arranjos são bastante calmos, que é algo que tem irritado os fãs mais xiitas. 

Outra razão que muitos têm criticado esse disco é justamente por conta do novo vocalista. Ainda tem gente que não se conforma com a ideia de seguirem sem Jon Anderson. Também gosto mais de Anderson, mas não dá para dizer que o novo cantor é ruim. Achei o cara bem competente.

Claro que não dá para comparar esse novo trabalho com discos clássicos como Fragile, Close To The Edge ou The Yes Album. Mas honestamente, gosto quando os artistas saem da sua zona de conforto e tentam algo diferente. Certamente, não trata-se de um clássico, mas também não é esse trabalho abominável como muitos andam pintando por aí. Até porque estamos falando de um grupo que possui músicos de altíssimo calibre. Os caras sabem o que estão fazendo. Minhas faixas prediletas são “Believe Again”, “The Game”, “In A World Of Our Own” e “Subway Walls”. Esqueça o que estão dizendo por aí e escute o álbum.

Nota: 7,0
Status: Arranjos calmos e menos complexos

Faixas:
      01)   Believe Again
      02)   The Game
      03)   Step Beyond
      04)   To Ascend
      05)   In A World Of Our Own
      06)   Light Of The Ages
      07)   It Was All We Knew
      08)   Subway Walls