terça-feira, 24 de março de 2015

Soto: Inside The Vertigo (2015):



Por Davi Pascale

Jeff Scott Soto está de volta. E em ótima forma! Fazia tempo que um disco novo não me empolgava assim. E fazia tempo que um trabalho do cantor não me achava tanto a atenção. Não que seus discos sejam ruins. Longe disso, mas desde Soul Sirkus que um trabalho dele não me impressionava tanto. Pesado, bem tocado, excelentes composições. Sei que o ano está apenas começando, mas tem de tudo para estar na minha lista de melhores do ano.

Não sei o quanto você leitor está acostumado com o trabalho do rapaz, mas quem curtiu heavy metal nos anos 80, está careca de saber de quem se trata. O cantor ainda é muito associado aos seus tempos ao lado do egocêntrico Yngwie Malmsteen (que em breve estará participando da edição brasileira do Monsters of Rock), mas em sua longa trajetória já passou por inúmeros projetos. Extremamente versátil, já fez trabalhos com pegada hard oitentista, cantou AOR e até mesmo disco music. Em seu currículo, estão artistas do porte de Axel Rudi Pell, Journey, Talisman... Aliás, por falar em Talisman, Inside The Vertigo chegou às lojas no dia 30 de Janeiro. Data de nascimento do falecido Marcel Jacob. Coincidência? Certeza que não...

Aqui, traz de volta o peso que há muito tempo estava perdido. Em sua (boa) carreira-solo, seus discos trazem bastante baladas, apostam em uma sonoridade um pouco mais comercial com refrões pegajosos e, por vezes, uma influência de funk nos arranjos. Aqui, o papo é outro. Extremamente pesado, a tônica é a guitarra com afinação lá embaixo e bateria destruidora. O trabalho vocal de Jeff continua o mesmo: forte e melódico. Fatores, para mim, positivos.

Musicos de sua banda solo transformam-se em grupo principal. Ente eles, os brasileiros BJ e Edu Cominato

A idéia é que Soto seja uma banda. E, honestamente, espero que vá para frente. Sempre defendi a tese de que se esse cara tivesse uma banda fixa, seria muito maior do que é. Não me entenda mal, gosto da maioria de seus projetos, mas aquela velha história.... Se por um lado está sempre se renovando artisticamente, de outro está sempre recomeçando. Fica muito difícil criar um público cativo. Boa parte da galera que o acompanha ainda são os fãs do Malmsteen e do Talisman.

Os brasileiros ainda têm mais um motivo para comemorarem. Além de adorar fazer concertos em nosso país, sua banda conta com 2 músicos brasileiros: o baterista Edu Cominato e o tecladista/vocalista BJ. Ambos, vindo do competente Tempestt. Completam o time, o guitarrista Jorge Salan e o baixista David Z (Trans-Siberian Orchestra). Praticamente, a banda que vinha o acompanhando há alguns anos em seus shows. No disco, contudo, há diversas participações especiais. Entre elas, o musico Mike Orlando (Adrenaline Mob), os guitarristas Gus G (Ozzy Osbourne), Al Pitrelli (Savatage) e Leo Mancini (Shaman). Além de uma composição em parceria com Hugo Mariutti (Henceforth). Já é o segundo artista gringo que grava disco com músicos brasileiros. Bacana! A razão de tantos convidados especiais é que o disco foi pensado inicialmente como um trabalho solo e somente depois de um tempo tomou formato de banda.

O CD conta com uma mixagem moderna, portanto, não espere ouvir nada no estilo de Rising Force por aqui. Os arranjos misturam diversas influencias, transitando entre o novo e o velho. Pantera, Dream Theater, Black Sabbath e até mesmo Queen. Está tudo misturado aqui com uma cara bem 00´s. O álbum praticamente mantém o nível desde a faixa de abertura com "Final Say" até o encerramento com "Fall to Pieces". Destacaria o solo de guitarra mortal de Gus G em "Wrath", a bateria trincada de "Narcissistically Yours", a belíssima construção da balada "End of Days", além da já citada "Fall to Pieces" com uma pegada mais hard rock que deve funcionar bem nos shows. O baixo funkeado volta a aparecer por alguns segundos em "Break". A outra balada, "When I´m Older", já conta com um arranjo mais próximo daquilo que esperamos de Jeff nos dias atuais. Tem várias canções dele que se tocassem nas rádios virariam hits. Essa não foge a regra. Bem que Inside The Vertigo poderia ser lançado no Brasil. Não apenas pelo rapaz ter um publico cativo, mas também por termos músicos brazucas participando do projeto. Quem quiser adquirir, terá que soltar uma boa grana na edição importada (afinal, o dólar está na casa do chapéu). Pelo menos, esse vale a grana!

Nota: 9,0/10,0
Status: Empolgante e consistente

01) Final Say
02) The Fall
03) Wrath
04) Break
05) Narcissistically Yours
06) End of Days
07) Inside The Vertigo
08) When I´m Older
09) Trance
10) Jealousy
11) Karma´s Kiss
12) Fall to Pieces