segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Titãs – Nheengatu Ao Vivo (2015):



Por Davi Pascale

Titãs lança seu sexto álbum ao vivo. Com repertório focado em seu mais recente trabalho de estúdio, álbum está bem gravado e traz sonoridade pesada.

Depois da explosão do Acustico MTV, o Titãs deu uma suavizada no seu som e na sua postura. Essa atitude, obviamente, enfureceu aqueles que acompanhavam o grupo desde antes de realizar o especial para a emissora. Em seu mais recente álbum, Nheengatu, a banda resgatou vários elementos que estavam meio que perdidos. A sujeira da guitarra, a ironia, as críticas político-sociais...

Crítica político-social? Sim. “Fardado”, por exemplo, fala sobre abuso policial e teve como inspiração as manifestações ocorridas em 2013, conforme já reconhecido pelo vocalista Sérgio Britto. Portanto, é no mínimo surreal a postura de Paulo Miklos no concerto realizado em Cuiabá no mês passado. Uma banda com uma letra como essa ou de “Vossa Excelência”, ambas presentes no repertório da turnê, vir com papo de “democracia acima de tudo” e demonstrar indignação com parte da plateia gritando “Fora, Dilma” é, no mínimo, incoerente. Não acho que exista a necessidade do grupo fazer discurso político entre as canções, mas não deveriam se importar com a manifestação do público. Esse tipo de atitude me faz questionar até onde estão sendo verdadeiros em suas composições e até onde é um jogo de interesse...

O novo show dos Titãs demonstra que realmente estão querendo resgatar a sonoridade dos seus tempos de ouro. Além das canções de Nheengatu, estão presentes no repertório faixas dos discos Televisão, Cabeça Dinossauro, Jesus Não Tem Dentes No País dos Banguelas e Domingo. Álbuns que - ao lado de Tudo Ao Mesmo Tempo Agora, Blesq Blom e Titanomaquia – representam o período mais rock n roll do grupo. Tudo isso depois de um projeto onde eles resgatavam o clássico álbum de 1986. Pelo menos no som, a atitude voltou.

Banda entrega show bem rock n´ roll

Já tem um tempo que os músicos optaram por não utilizar mais músicos de apoio em seus shows, com exceção do baterista Mario Fabre. Branco Mello assumiu as 4 cordas, enquanto Paulo Miklos ficou responsável pela guitarra base. No início, muitos começaram a questionar a decisão. Os Titãs que sempre foram conhecidos por serem uma ótima banda ao vivo, começou a realizar umas performances bem medianas. Isso, contudo, ficou no passado. A banda está muito bem entrosada. A parte vocal também está redonda.

Ainda não tive a oportunidade de assistir o DVD do show, que conta com um repertório maior, mas as músicas aqui rolam sem muito intervalo. É praticamente som atrás de som. Um dos poucos momentos é onde Paulo Miklos faz um depoimento. Uma homenagem irônica aos políticos (ah, vai...). Antes de “Vossa Excelência” e depois de “Desordem”. Engraçado que no polêmico concerto, ele disse que não tocavam a música desde 1987, mas iriam tocar por conta do momento. E o show desse disco foi gravado em Abril. Sem contar que haviam regravado no álbum Volume Dois (1998). Mas é um fanfarrão mesmo...

Embora tenha rolado essa bola fora no início da turnê, o show registrado aqui é excelente. Bem gravado, bem tocado, com uma banda olhando para frente. Pode comprar sem medo. Em relação à banda, da próxima vez não digam nada, só toquem!

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Bem gravado

Faixas:
      01)   Fardado
      02)   Cadáver Sobre Cadáver
      03)   Chegada ao Brasil (Terra à Vista)
      04)   Massacre
      05)   Jesus Não Tem Dentes No País dos Banguelas
      06)   Baião de Dois
      07)   Pela Paz
      08)   Quem São Os Animais?
      09)   República dos Bananas
      10)   Mensageiro da Desgraça
      11)   Fala, Renata
      12)   Desordem
      13)   Vossa Excelência
      14)   Televisão