terça-feira, 27 de outubro de 2015

Shining – International Blackjazz Society (2015)

Por Rafael Menegueti

Shining - International Blackjazz Society
A banda norueguesa de metal avant-guard Shining lançou seu novo disco, “International Blackjazz Society”, o sétimo de sua carreira, dando mais um passo adiante em sua inovadora proposta. Quem viu a resenha do seu antecessor, “One One One” (2013), aqui no blog (link aqui) deve saber sobre a historia da banda, de sua origem no jazz fusion e evolução que foi caminhando rumo ao metal a cada lançamento, até que em 2010, como o disco “Blackjazz” eles assentaram nesse novo estilo.

Em “One One One”, a banda teve uma forte influencia do metal industrial, criando musicas com estruturas bem complexas e uma agressividade muitas vezes caótica. O vocalista/guitarrista/saxofonista Jørgen Munkeby criava o clima com seus vocais gritados em grande parte do tempo e incrementava as canções com seus solos de saxofone, uma das marcas da banda. Em “International Blackjazz Society” a banda usa uma abordagem um pouco diferente, onde o sax tem mais protagonismo, e as canções estão menos caóticas.

Isso não significa que não haja mais a agressividade dos trabalhos mais recentes. O flerte com o metal industrial ainda é forte, e Munkeby grita a palavra “fuck” por todo o disco como se estivesse em um filme do Tarantino. A estrutura das músicas não está tão complexa dessa vez. Alguns dos riffs e passagens são bem mais tradicionais e deixam as faixas bem mais fáceis de digerir. O trabalho dos vocais de Munkeby também está bem mais limpo em muitos momentos, facilitando até na compreensão das letras.

Alguns dos membros do Shining durante gravação do vídeo de "Last Day"
O lado jazz da banda também recebeu mais ênfase nesse disco. Os solos de saxofone não ficam limitados aos momentos de pontes e exercem papel fundamental no meio das composições como um todo. A bateria extremamente técnica de Tobias Ørnes Andersen tem fortes traços do estilo, ditando o ritmo com ao lado do baixo, agora tocado por Ole Vistnes (Tristania), e criando uma boa base que sustenta as diversas sonoridades da banda. Os arranjos de sintetizador e teclado completam o quadro sonoro que a banda cria.

Como eu já disse, esse disco é bem mais acessível do que seu antecessor. É fácil encontrar composições bem mais diversificadas e interessantes, como a bem estruturada “The Last Stand”, a agitada “Burn It All” e a jam instrumental que une perfeitamente os lados jazz e rock da banda de “House of Warship”. Destaco como as melhores do álbum o single “Last Day”, “Thousand Eyes”, com um ritmo de stoner metal de tirar o folego, e “House of Control”, que possui uma sonoridade industrial mais radiofônica e moderna. O encerramento com “Need” trata de fechar o disco com uma energia que define bem o som da banda.

Se em seus trabalhos anteriores a banda já havia provado um potencial e competência em criar um estilo único, em “International Blackjazz Society”  a banda trata de colocar tudo num casulo junto de todas as outras referencias musicais que a banda carregou em si ao longo dos anos. Como o seu próprio estilo avant-guard sugere, a banda parece estar à frente de seu tempo, mas dessa vez mostrando incrivelmente como pode relacionar elementos de gêneros já consagrados como o rock industrial, free jazz, metal alternativo, progressivo e experimental. Uma ótima banda para quem gosta de novas experiências sonoras, com um disco que merece atenção por isso.


Nota: 9,5/10
Status: insano e inovador

Faixas:
01. Admittance
02. The Last Stand
03. Burn It All
04. Last Day
05. Thousand Eyes
06. House Of Warship
07. House Of Control
08. Church Of Endurance
09. Need