terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Devil City Angels – Devil City Angels (2015):





Por Davi Pascale

Se você viveu os anos 80 e acompanhou a cena de hair metal da época, que os críticos fãs de Morrissey gostavam de desdenhar chamando de farofa, você certamente já ouviu falar de quase todos os caras envolvidos aqui. Rikki Rockett era baterista do Poison. Tracii Guns era guitarrista do L.A. Guns. Eric Brittingham, baixista responsável pela gravação do disco, pertencia ao Cinderella. E Rudy Sarzo, baixista atual, se apresentou ao lado de nomes lendários como Dio, Ozzy Osbourne e Whitesnake.

O projeto nasceu de maneira despretensiosa. Tracii, Rikki e Eric se juntaram para uma participação em um show tributo ao Keith Moon e ao John Entwistle, baterista e baixista do The Who, em 2014. O que era para ser apenas diversão se tornou algo mais sério. Os músicos gostaram tanto do resultado final que decidiram criar uma banda juntos. Para os vocais, trouxeram Brandon Gibbs. Quem acompanha a cena de perto, sabe de quem se trata. Foi o cara responsável por fazer diversas apresentações com o Poison, substituindo Bret Michaels e deixando milhares de fãs enfurecidos. Concordo que Bret é a cara do Poison e que Gibbs não tem a ver com o grupo, mas fora dele funciona muito bem. Tem um ótimo alcance, um timbre bem legal, fez um bom trabalho vocal nesse disco.

O álbum é bem honesto. Assim como 80% dos grupos da época, possui um acento pop. A sonoridade, contudo, é um hard rock cruzando elementos do hard setentista com o som dos anos 80. Como disse, honesto. Eles ajudaram a escrever a história da cena oitentista e a maior parte de seus ídolos são dos anos 60 e 70.

Assim como acontecia em suas bandas anteriores, a sonoridade é bem para cima e bem direta, sem muitas firulas. “Numb”, “I´m Living” e “Bad Decisions” trazem riffs altamente inspirados por Aerosmith anos 70 e Led Zeppelin. “All I Need” conta com uma linha vocal bem influenciada por Beatles. “Ride With Me” conta com um ar meio Bad Company. Para quem ainda tinha alguma duvida da influencia de 70´s, a resposta vem com uma gravação de “Back to The Drive” da cantora Suzi Quatro. 

Devil City Angels: o mais novo supergrupo

Os rapazes fizeram um álbum bem consistente. A qualidade das composições meio que se mantém. A única que achei sonsa foi a balada “Goodbye Forever”. Como todo bom grupo de hard, os grandes destaques ficam pelo trabalho de guitarra e trabalho vocal. Tracii, que sempre foi um ótimo guitarrista, se destaca com ótimos riffs, excelentes solos e uma pegada bluesy em diversos momentos. Bem nítida em canções como “All My People”. Brandon tem um alcance legal, canta com alma, não é aquele cara que fica esgoelando. Justamente pelos músicos pertencerem à cena dos anos 80, em diversos momentos nos remeteremos à ela. Seja na bateria direta e reta, sejam na construção de diversos refrãos e melodias ao redor do disco.

Essas bandas dos anos 80 sofreram – e ainda sofrem – muito preconceito. Por conta do visual, muitas vezes espalhafatoso, muita gente torcia o nariz por birra e não reparava na qualidade dos músicos envolvidos. Esse álbum, realizado quase 30 anos depois da explosão da cena, vêm mais uma vez comprovar algumas teses como ‘menos é mais’ e ‘nunca julgue um livro pela capa’. Deixe a birra de lado, aperte o play e boa diversão!

Nota: 9,0/10,0
Status: Consistente

Faixas:
      01)   Numb
      02)   All My People
      03)   Boneyard
      04)   I´m Living
      05)   No Angels
      06)   Goodbye Forever
      07)   Ride With Me
      08)   All I Need
      09)   Back To The Drive  
      10)   Bad Decisions