segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Nightwish – Endless Forms Most Beautiful (2015)

A equipe do blog Riff Virtual se encontra de férias. Retomaremos nossas atividades no dia 20 de Janeiro. Enquanto essa data não chega, trazemos para vocês alguns de nossos melhores posts. Recordar é viver. Confira!


Por Rafael Menegueti

Nightwish - Endless Forms Most Beautiful
Foi um longa espera. Os fãs de Nightwish conviveram com longos meses de ansiedade pelo lançamento de “Endless Forms Most Beautiful”, e eram inúmeros os motivos que fizeram a ansiedade aumentar. O mistério em torno das canções, quando a banda simplesmente não mostrou nada, nem uma nota sequer, enquanto apareciam em trailers falando sobre a criação e produção do novo álbum. A expectativa de saber como seria o primeiro registro de inéditas com Floor Jansen, e também com Troy Donockley, novo integrante da banda que incorporou instrumentos de sopro à sua sonoridade. O anuncio de uma música de 24 minutos, a mais longa da carreira da banda. E a participação improvável do escritor e biólogo Richard Dawkins. E então o álbum foi lançado. E dividiu opiniões.

Não sei ao certo o que pode ter provocado tamanho contraste na reação dos fãs ao receberem o novo disco, mas talvez uma explicação simples possa ser que a própria ansiedade criada em torno do disco, provocado pelo mistério em torno dele, fez com que se criasse uma expectativa muito acima do que o disco deveria ter recebido. O vazamento do single “Élan” ajudou para criar um clima não muito positivo para o que viria. Enquanto alguns fãs receberam o novo álbum com certa decepção, outros consideraram um trabalho digno da banda.

Uma coisa eu digo, “Endless Forms Most Beautiful” não é o melhor álbum da banda, mas está muito longe de ser o desastre que alguns fãs decepcionados apontam. O disco segue a linha dos trabalhos mais recentes da banda, como uma continuação da evolução que o Nightwish vinha promovendo em sua música. Alias, evolução é justamente um dos temas centrais do disco.

Segundo o tecladista e compositor da banda, Tuomas Holopainen, o disco é inspirado na obra de Charles Darwin, “A Origem das Especies”, tendo inclusive o nome sido tirado de uma passagem do mesmo. Segundo o compositor, o disco trata da beleza da vida, da existência e da evolução, sendo o conceito do álbum um tributo à ciência e ao poder da razão. A obra “O Maior Espetaculo da Terra: O Poder da Evolução”, de Richard Dawkins (que contribuiu com algumas narrações no disco), serviu de inspiração principalmente para a faixa que encerra o disco, “The Greatest Show On Earth”, a já citada canção mais longa da banda.

A sonoridade do disco remete muito ao que a banda apresentou em seus dois trabalhos anteriores. Muita melodia, arranjos feitos com instrumentos não comuns no metal, como flautas, gaitas e percussão, mas com a mesma pegada característica da banda. “Shudder Before the Beautiful” é uma faixa com a energia característica das que costumam abrir os discos da banda. Guitarra agressiva, levada empolgante e um refrão contagiante, ela é precedida por uma rápida narração de Richard Dawkins. A canção seguinte, “Weak Fantasy”, é uma das melhores do disco, agitada e com vocais potentes de Floor e Marco Hietala. Em seguida vem o single “Élan”, que divide os fãs. Embora ele possa parecer muito limpa e suave, a faixa aparece como um respiro no disco, dando um toque de melodia e beleza antes do que viria a seguir.

Os membros do Nightwish
“Yours Is An Empty Hope” compete com “Weak Fantasy” para ser a mais pesada do disco. Riff de guitarra potente, vocais com personalidade de Floor, que chega a mandar guturais no refrão, e boa participação do baterista Kai Hahto, que substitui Jukka Nevalainen no disco. Já “Our Decades In The Sun” é uma balada com uso de corais e belos arranjos sinfônicos e de violão. “My Walden” é uma faixa onde começa a se destacar a figura de Troy Donockley na banda, com vocais e suas flautas. A faixa título vem em seguida com mais peso e um refrão bem destacado.

A faixa “Edema Ruh” tem um andamento mais calmo, mas com um pouco mais de peso do que “Élan” por exemplo, além de um solo de guitarra interessante. “Alpenglow” tem uma pegada característica da banda, mas não empolga tanto quanto as demais do disco. O disco vai chegando ao final com a instrumental “The Eyes of Sharbat Gula”, totalmente orquestral e com uso de corais.

E enfim, a faixa que encerra o disco é “The Greatest Show on Earth”, uma canção grandiosa, que se inicia com um piano e vai crescendo junto com a orquestração e a voz de Floor durante alguns minutos. Mais da narração de Richard Dawkins surgem antes da canção ganhar nova cara com a entrada de Floor meio como declamando a letra e a guitarra de Emppu Vuorinen. A canção logo vai progredindo, ganha energia, arranjos com backing vocals de corais, até ganhar um novo andamento, com o ritmo da bateria aliado as vozes antes de uma sequencia de sons de animais selvagens misturados a alguns toques de orquestração interromper a canção. Logo, a guitarra volta com peso e a voz de Marco Hietala.

E isso é só a primeira metade da faixa. É curioso que mesmo assim, a canção não cansa. Ela ganha vida nova depois disso, os vocais trazem empolgação, uma verdadeira evolução dentro da música. Por volta dos 16 minutos, a canção para totalmente, entra de novo o piano e arranjos orquestrais leves, seguido em seguida pela bateria e baixo ditando um ritmo cadenciado, lento, para mais narração de Dawkins. Mais orquestração, que vai diminuindo, sons de mar, mais narração. A canção já acabou, agora o que resta são sons da natureza e de animais, até que com 24 minutos o ciclo se encerra. Encerra um bom disco, com ótimas canções, com a cara atual do Nightwish.

Um trabalho bem produzido, com uma proposta interessante e com belos arranjos de metal sinfônico. Floor Jansen também não decepciona em sua estreia em um álbum de estúdio da banda. Mesmo que ela não tenha mostrado toda a potencia de sua voz no disco, o fato é que ela não precisa, a música do Nightwish não pede isso. Sua participação é exatamente da forma que as canções pedem, harmoniosa e com personalidade nos momentos certos. “Endless Forms Most Beautiful” não é como os grandes álbuns clássicos da banda finlandesa. Ele é único e diferente, mas ainda belo, e faz jus a historia da banda.

Nota: 8/10
Status: Espetacular

Faixas:
01. Shudder Before The Beautiful
02. Weak Fantasy
03. Élan
04. Yours Is An Empty Hope
05. Our Decades In the Sun
06. My Walden
07. Endless Forms Most Beautiful
08. Edema Ruh
09. Alpenglow
10. The Eyes Of Sharbat Gula
11. The Greatest Show On Earth