terça-feira, 31 de maio de 2016

Judas Priest – Battle Cry (2016):



Por Davi Pascale

Judas Priest foi uma das bandas que ajudou a definir o que hoje chamamos de heavy metal. Tanto em termos de sonoridade, quanto de estética. O mais impressionante é que os caras já estão na estrada há mais de 40 anos e pelo que vemos aqui, e pelo que vimos durante sua participação na última da edição do Monsters of Rock, ainda têm muita lenha para queimar.

Para aqueles que, assim como eu, estiveram na última edição do festival, o DVD dá um sabor à mais, traz um ar de nostalgia, bate um pouco de saudade daquela noite. Afinal, é a mesma gira e o setlist é bem parecido. De diferente, se não me falha a memória, trocaram aqui no Brasil “Beyond The Realms of Death” por “Love Bites”. De resto, é praticamente o mesmo show.

Quem já assistiu o Judas Priest ao vivo, pelo menos uma vez na vida, mesmo que em vídeo, já sabe o que esperar. Uma apresentação super profissional, com uma banda afiadíssima e a presença de inúmeros clássicos no setlist.

Os músicos não deixam por menos. Richie Faulkner demonstra ter sido a escolha correta para o grupo. Arrebenta na guitarra e, justamente por ser mais jovem, ainda tem uma disposição física que os outros músicos não possuem mais. Scott Travis continua sendo uma máquina. Incrivelmente preciso. Quem mais chama a atenção, contudo, é Rob Halford. Com 64 anos nas costas, continua mandando ver nos agudos. Ainda possui uma força na voz que muitos cantores da sua idade não apresentam mais.

Banda entrega show impecável em novo DVD ao vivo

Existe muita banda longínqua que, depois de algum tempo, deixa de apresentar material novo. Esse não é o caso do Judas. Não só lançaram um álbum recentemente, o (bom) Redeemer of Souls, como incluíram três delas no setlist. Inclusive, uma delas, “Dragonaut”, foi escolhida para abrir a noite. Fantástico. Gostaria de ver mais artistas seguindo esse exemplo.

Os momentos tradicionais continuam presente. Rob Halford entra de moto no palco na hora de chamar o clássico “Hell Bent For Leather”. Grande parte dos hinos do conjunto continuam marcando presença. Não faltam no setlist “Painkiller”, “Metal Gods”, “Breaking The Law”, “Victim of Changes”... Halford continua com suas habituais trocas de roupa. Os músicos usam e abusam das twin guitars. Tudo conforme pede o figurino.

A apresentação foi gravada no Wacken Festival (Alemanha), diante de uma plateia de 85.000 headbangers. O público é bem receptivo, mas poderia ser um pouco mais barulhento. Há um momento curioso contudo, pouco antes de introduzir “You´ve Got Another Thing Comin´”, quando Rob Halford brinca de Freddie Mercury fazendo alguns vocalizes junto com a plateia. Nesse momento, podemos notar com clareza algumas bandeiras do Brasil entre os espectadores. Muito bacana!

A qualidade de gravação é fantástica. Tanto imagem, quanto som. O show é praticamente impecável, conforme esperado. Como se não bastasse, os músicos ainda nos brindam com três músicas de sua apresentação na Polônia, que não haviam sido incluídas na outra performance. Imperdível!

Nota: 10,0 / 10,0
Status: Mortal

Faixas:
      01)   Intro
      02)   Dragonaut
      03)   Metal Gods
      04)   Devil´s Child
      05)   Victim of Changes
      06)   Halls of Valhalla
      07)   Turbo Lover
      08)   Redeemer of Souls
      09)   Beyond The Realms of Death
      10)   Jawbreaker
      11)   Breaking the Law
      12)   Hell Bent For Leather
      13)   The Hellion
      14)   Electric Eye
      15)   You´ve Got Another Thing Comin´
      16)   Painkiller
      17)   Living After Midnight
      18)   Screaming for Vengeance (Bonus)
      19)   The Rage (Bonus) 
      20)   Desert Plains (Bonus)

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Backbeat: Os Cinco Rapazes de Liverpool (1994):



Por Davi Pascale

Algum tempo atrás escrevi sobre a trilha sonora desse filme, mas ainda não tinha escrito sobre a película. Como temos o costume de, vez ou outra, resgatar algum longa relacionado ao rock n roll, decidi por alguma razão que esse era o momento. Depois de comentar uma série de lançamentos, decidi quebrar o ritmo resgatando algo um pouco mais antigo. Mas não se preocupem, continuarei a escrever sobre os últimos lançamentos. É que, às vezes, é legal sair da rotina.

Backbeat, mais conhecido no Brasil como Os Cinco Rapazes de Liverpool, foi lançado em 1994. Na ocasião, comemorava-se 30 anos de beatlemania. Por ser uma data emblemática, começou a se falar mais e mais sobre o grupo britânico. E isso fez com que o filme ganhasse um pouco de destaque. A trilha sonora, que misturava músicos dos grandes nomes do momento, gerou interesse na garotada. O grupo criado para gravar a trilha misturava músicos de bandas como Nirvana, Soul Asylum, R.E.M. e Sonic Youth. Contudo, engana-se quem acredita que a explosão dos Beatles é o tema retratado. É justamente o oposto.

Antes de se tornarem o tão adorado fab four, os Beatles passaram por poucas e boas. Inicialmente, eram um quinteto: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Pete Best e Stuart Sutcliffe. E é exatamente esse o período que é focado aqui. Ainda não tínhamos Ringo Starr na jogada, nem George Martin.

Stu, como era conhecido, foi o primeiro baixista do grupo. Paul McCartney, nessa época, atacava nas guitarras ao lado de John e George. A grande paixão de Stu era a pintura. A banda para ele era uma curtição e dizem, inclusive, que não se sentia confortável no palco. Existe até um boato que diz que, em várias apresentações, ele havia tocado de costas para a plateia por medo de encarar a situação. O que ninguém nega, contudo, era a aproximação que existia entre ele e John Lennon.

Filme resgata os primeiros anos do grupo

Stucliffe estava ao lado dos Beatles quando fizeram a sua famosa excursão em Hamburgo em 1961. Essa fase é revivida no longa. Aparecem aqui as farras com garotas, os ‘remédios’ que usavam para ficarem ligadões e aguentarem tocar por horas à fio. As discussões de bastidores e o triângulo amoroso, envolvendo a fotógrafa Astrid Kirccherr, garota de Klaus Voorman. Mesmo causando uma situação um tanto quanto dramática, os retratos de Astrid marcaram época. Todos aqueles retratos que vocês encontram nos livros dos Beatles, desse período, são dela.

O filme resgata alguns momentos conhecidos entre os pesquisadores do grupo inglês. Mostra os músicos sendo deportados da Alemanha por conta de George Harrison ter sido descoberto como menor de idade, o lado irônico e explosivo de John Lennon, as diferenças entre John e Paul em relação ao Stu e, é claro, a morte do rapaz. Poucas semanas após abandonar o grupo para se dedicar exclusivamente à arte, Stuart Stucliffe, um garoto de apenas 21 anos, morreu vítima de um aneurisma.

Os Cinco Rapazes de Liverpool retrata um período de dificuldade da banda. E o mais legal de tudo é que abordaram o tema de uma maneira bem respeitosa. Para quem quer ter uma noção das origens do grupo que ajudou a redefinir o rock ou quiser ter uma noção do que é a vida de um músico que está lutando para conquistar seu espaço, o filme é bem-vindo. A película não é muito longa, os atores trabalham legal, é bem bacana de assistir. O tempo passa rapidinho.

Aqui no Brasil, o filme foi exibido nos cinemas e frequentou as prateleiras das vídeo-locadoras na época. Para divulgar o filme por aqui, também foi criada uma banda envolvendo músicos conhecidos do rock brasileiro, mas vamos deixar esse assunto para um próximo post...

domingo, 29 de maio de 2016

Pepe Bueno – Eu, O Estranho (2016):





Por Davi Pascale

Talvez a garotada que acompanha o blog por aqui não saiba muito bem quem é Pepe Bueno. O rapaz faz parte de uma das mais cultuadas bandas da cena underground brasileira, o Tomada. Recentemente, Pepe lançou seu segundo álbum solo, intitulado de Eu, o Estranho. E é dele que iremos tratar hoje.

Eu, o Estranho é um trabalho bem variado, mas bem definido. A referência é a sonoridade dos anos 60/70. A sacada é que não ficou preso à uma das inúmeras esferas que essa cena permite. Brincou com diversas delas. Diferentes cores, diferentes sons. Para ajudar a colorir esse universo, o baixista contou com a ajuda de Junior Muelas (bateria) e Alberto Sabella (teclado), ambos vindos do grupo Estação da Luz. Mais um representante do rock brazuca que entra em uma máquina do tempo e retorna à décadas passadas para criar seu som. As guitarras ficaram a cargo de Denny Caldeira, Edu Gomes, Pi Malandrino (Balls) e Xande Saraiva (Baranga).

“Se Abra” começa meio na contramão. Um tema instrumental com uma pegada jazz-rock. Muito bem trabalhado, o título é uma homenagem ao falecido baixista da Patrulha do Espaço, Renê Seabra. Era dele a autoria da única frase pronunciada no meio da canção: “Hey, bro, liga o phodalizer”.

O disco segue com “Rotina”. Uma balada altamente influenciada por Beatles e toda a magia da década de 60. Os mais jovens irão relacioná-la aos gaúchos do Cachorro Grande. E tem a ver. O mesmo vale para “Tudo Que Eu Queria”. Canções marcadas pelo violão folk com o teclado ajudando a criar o clima nostálgico.

Musico chega à seu segundo disco solo

Famoso por se apresentar com um Rickenbacker, o músico mantém a influência dos quatro rapazes de Liverpool na ótima “Vale Dizer”. A psicodelia corre solta em “Bem à Vista” e “Tudo O Que Eu Queria”, com altas pitadas de Mutantes. Em “Pote de Mel”, resgata elementos do blues em riffs altamente influenciados por Led Zeppelin. Já “O Estranho” faz jus ao título. Repleto de experimentalismo e psicodelia, fecha o álbum em grande estilo. 

Muitos têm na cabeça que disco solo de baixista é repleto de solos, elementos fusion, técnicas de slap, deixando a guitarra em segundo plano. Essa equação não se encaixa nesse trabalho. Em vários momentos, a guitarra sobressai o baixo. Pepe Bueno está focando mais seu lado compositor do que músico. Portanto, se esse é seu medo, pode embarcar nessa viagem. Se você é fã de artistas como Beatles, Mutantes, Cachorro Grande e Donovan, tem de tudo para se identificar com esse disco. Procure dar uma checada. O registro se encontra nas plataformas digitais.

Nota: 7,5 / 10,0
Status: Psicodélico e melódico

Faixas:
      01)   Se Abra
      02)   Rotina
      03)   Vale Dizer 
      04)   Bem à Vista
      05)   Última Prova 
      06)   Tudo o Que Eu Queria
      07)   Pote de Mel
      08)   O Estranho

sábado, 28 de maio de 2016

Noticias do Rock



Fique por dentro das ultimas noticias do mundo do rock. Trazemos aqui, para vocês, algumas das principais notícias que ocorreram na última semana. Confira!

Por Davi Pascale

Morre Nick Menza




A semana começou triste para os headbangers. No sábado, 21 de Maio, Nick Menza, ex-baterista do Megadeth morreu durante uma apresentação do grupo OHM. O músico sofreu um ataque cardíaco na terceira música do show. O laudo oficial apontou hipertensão e doença cardiovascular aterosclerótica. O músico de 51 anos fez parte da formação clássica do Megadeth e gravou os álbuns Rust In Peace, Countdown to Extinction, Youthanasia e Cryptic Writings. Descanse em paz.


The Answer anuncia novo álbum




O grupo The Answer anunciou que seu novo disco Solas será lançado em Outubro. Segundo o vocalista Cormac Neeson, o álbum trará inúmeras e ótimas surpresas, levando-os em uma jornada onde nunca estiveram antes. O que será que vem por aí?


Orianthi em Richie Sambora em álbum country?!




O ex-guitarrista do Bon Jovi, Richie Sambora, está trabalhando em um álbum ao lado se sua atual namorada, a também guitarrista Orianthi. A loirinha fez a seguinte declaração à edição americana da revista Rolling Stone: “Eu adoro country. O grande barato das músicas country é que elas são contos. Eles são animadas e bem construídas. E isso é algo que Richie e eu queremos explorar”. Agora é esperar para ver o que vem por aí...


Bon Jovi confirma novo álbum




Não foi somente Richie Sambora que confirmou novo lançamento. Seu antigo grupo, Bon Jovi, afirmou estar com novo álbum pronto. Phil X assume o lugar que antes era de Sambora. O resto do grupo ainda é o mesmo. Ou seja: o tecladista David Bryan, o baterista Tico Torres, o já velho conhecido Hugh McDonald no baixo e, claro, Jon Bon Jovi nos vocais. Os músicos ainda não deram data de lançamento. Apenas afirmaram que o disco está pronto, atende pelo nome de This House Is Not For Sale, e será lançado pelo selo Island (Universal Music).


Strokes lança novo EP




Julian Casablanca anunciou, na ultima quinta, em seu programa de rádio Culture Void que seu grupo Strokes estará lançando um EP no próximo dia 3 de Junho. O disco, que atende pelo nome de  Future Present Past EP, conta com 3 faixas inéditas e uma versão remix da faixa de trabalho “Oblivious”. O curioso é que o remix foi feito pelo baterista Fabrizio Moretti. O material estará sendo lançado em um vinil 10” e já pode ser ouvido no Spotify. É fã? Então corre pra lá...

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Melissa Etheridge – This Is M.E. (2014):





Por Davi Pascale

Melissa Etheridge se aventura no mercado independente, ao mesmo tempo em que procura atualizar seu som. Com ajuda de produtores e compositores atuais, artista faz álbum mais eclético de sua carreira.

Em seu décimo terceiro álbum, o primeiro longe da parceria da Island, a cantora buscou por novos caminhos. Contou com a ajuda dos fãs para a criação da arte que foi usada para capa. A imagem foi criada juntando inúmeras fotos enviadas por seus admiradores. Além disso, pela primeira vez na vida, buscou ajuda de outros compositores. E, pela primeira vez também, lançou um álbum 100% independente.

Aqui no Brasil, Melissa nunca conseguiu o mesmo destaque que possui nos Estados Unidos. Na época do lançamento (dos ótimos) Yes I Am e Your Little Secret ainda tínhamos uma proximidade maior com seu trabalho. Passavam alguns clipes na MTV, alguns shows na TV, seus álbuns eram lançados por aqui. Pois bem, de lá para cá, gravou mais 7 álbuns (8 com esse). Muitos não lançados no Brasil. Alguns deles eram mais alegres, mais roqueiros. Outros mais calmos, mais tensos. This Is M.E. é um trabalho bem variado e conta com uma veia pop.

Fã assumida de Bruce Springsteen, Melissa Etheridge é famosa por fazer um som mais de raiz, com bastante influencia de folk, blues. Também é muito conhecida por sua entrega nas apresentações e sua voz forte. Bem, a emoção na hora de interpretar as canções continua intacta, assim como sua voz continua incrivelmente potente. Porém, This Is M.E. conta com uma pegada mais moderna.

Cantora lança trabalho independente e com pegada mais moderna

Para a criação do disco, aceitou ajuda de outros compositores. Isso certamente ajudou para que novas sonoridades viessem à tona. A que mais se aproxima com seus álbuns antigos é “Do It Again”. Aqui, temos a velha Melissa com seu violão folk atacando novamente. “I Won´t Be Alone Tonight” abre o álbum recorrendo ao famoso recurso wall of sound e trazendo uma sonoridade mais rock de arena (na linguagem de hoje, não dos anos 70 ou 80). 

Aparentemente, a cantora quer voltar à se conectar com a juventude. Para a produção do CD, trouxe nomes como John Levine e Jerry Wonder (apelido de Jerry Duplessis). Conhecidos por trabalharem com artistas do porte de Nelly Furtado, Wyclef Jean e Shakira. Também contou com a colaboração do compositor Jerrod Bettis, famoso por seu trabalho ao lado da cantora Adele.

Faixas como “A Little Hard Hearted”, “Monster” e “A Little Bit Of Me” soam bem modernas. Bem próximas do que é feito atualmente no universo pop/rock atualmente. “Take My Number” e “All The Way Home” é como se estivesse atualizando sua sonoridade. Embora conte com uma mixagem mais contemporânea, é fácil identificar seu estilo de composição. O lado rock n roll aparece com força em “Ain´t That Bad”. “Who Are You Waiting For”, responsável por fechar o compact disc, resgata alguns elementos do passado em uma balada predominada por piano e voz.

This Is M.E. está bem produzido e conta com boas canções, mas a artista ataca em um terreno perigoso. Ainda que considere louvável a artista se aventurar em novos territórios, seus fãs de décadas podem achar esse álbum um pouco moderno demais. De todo modo, vale uma checada.  

Nota: 7,5 / 10,0
Status: Moderno e variado

Faixas:
      01)   I Won´t Be Alone Tonight
      02)   Take My Number
      03)   A Little Hard Hearted
      04)   Do It Again
      05)   Monster
      06)   Ain´t That Bad
      07)   All The Way Home
      08)   Like a Preacher
      09)   Stranger Road
      10)   A Little Bit Of Me  
      11)   Who Are You Waiting For