domingo, 31 de julho de 2016

Steven Tyler – We´re All Somebody From Somewhere (2016):





Por Davi Pascale

Vocalista lança seu primeiro álbum solo. Disco traz pegada calma e próxima da country music. Trabalho interessante, mas que deve dividir os fãs do Aerosmith.

Steven Tyler já havia lançado alguns singles solo. O mais famoso, “It Feels So Good”, trazia o artista se aventurando em uma linguagem mais pop, longe do hard rock que o tornou famoso. Essa lógica se mantém aqui. Não temos aqui baixo pulsante, nem guitarras repletas de distorção. Pelo contrário, é um trabalho mais calmo. 

As guitarras distorcidas deram espaço à arranjos semi-acústicos repleto de violões, guitarras havaianas e bandolins. Para que conseguisse a sonoridade que tinha em mente, resolveu ir direto à fonte. Gravou o material em Nashville, terra do country. Foi esperto ao buscar ajuda de gente que tinha ligação nos dois universos: country e rock n roll. T Bone Burnett já havia trabalhado na parceria de Robet Plant com Alisson Krauss. Dann Huff já havia trabalhado com Whitesnake e Doro Pesch, mas também com Kenny Rogers e Faith Hill. Isso colaborou para que não fizesse um álbum caricato.

Quem é fã do grupo que o tornou famoso irá se identificar no counry-rock “The Good, The Bad, The Ugly & Me”, em “Hold On (Won´t Let Go)” – a única a trazer uma certa aproximação com o blues – e com a releitura de “Janie´s Got a Gun” (Pump) onde o novo arranjo deixou em maior evidência a pegada sombria em torno da letra da canção.

Gosto de quando o artista se arrisca em um novo universo, ainda mais nesses trabalhos paralelos. O estilo vocal de Tyler casa incrivelmente bem em faixas como “My Own Worst Enemy” e “Love Is Your Name”. Aliás, vale dizer que seu trabalho vocal está ótimo. É claro, precisamos levar em conta que se trata de um cantor de 68 anos de idade. Sendo assim, não espere um cara com o alcance de “What It Takes” ou dando os agudos de “Dream On”. Mesmo assim, sua performance transborda energia e emoção.

Vocalista do Aerosmith se aventura na country music

O tracklist é longo. São 15 faixas no total. Há erros e acertos. Entre os grandes momentos vale destacar “We´re All Somebody From Somewhere”, “It Ain´t Easy”, “Only Heaven”, além das já citadas “Love Is Your Name” e “The Good, The Bad, The Ugly & Me”. Outro momento muito bacana é “Red, White & You”. Uma ótima faixa que poderia ter sido gravada pelo Bon Jovi em algum de seus discos country. Calma, não precisa me xingar, gosto da banda de New Jersey.

Há, contudo, alguns momentos dispensáveis como “I Make My Own Sunshine” e “Sweet Lousiana”, com fortes influências de pop nos arranjos, e a fraca balada “Gypsy Girl”. O álbum se encerra com uma versão de “Piece of My Heart” que, honestamente, também deixaria de fora. Ok, trabalho vocal está fantástico, mas  o arranjo está longe de ter a força que tem a versão imortalizada na voz de Janis Joplin.

We´re All Somebody From Somewhere é um trabalho muito bem feito que se destaca por demonstrar um musico veterano se arriscando em um novo território, mas como disse, é um trabalho longe do hard rock de arena que estamos acostumados. É um álbum recomendado aos fãs de Steven Tyler e não aos fãs de Aerosmith. Por mais louca que essa conclusão possa parecer...
  
Nota: 7,5/10,0
Status: Ousado

Faixas:
      01)   My Own Worst Enemy
      02)   We´re All Somebody From Somewhere
      03)   Hold On (Won´t Let Go) ()
      04)   It Ain´t Easy
      05)   Love Is Your Name
      06)   I Make My Own Sunshine
      07)   Gypsy Girl
      08)   Somebody New
      09)   Only Heaven
      10)   The Good, The Bad, The Ugly & Me
      11)   Red, White & You
      12)   Sweet Louisiana
      13)   What Am I Doin´ Right?
      14)   Janie´s Got a Gun  
      15)   Piece Of My Heart – The Loving Mary Band

sábado, 30 de julho de 2016

Notícias do Rock



Por Davi Pascale

Fique por dentro de alguns dos principais acontecimentos da semana. Lançamentos, troca de integrantes, filmes, shows e muito mais. Confira! 
 

Pitchu Ferraz fora do Nervosa



As garotas do Nervosa têm crescido na cena, mesmo assim, isso não foi o suficiente para que encerrassem seus problemas com lineup. A baterista Pitchu Ferraz acaba de se desligar do trio. Para cumprirem as datas da turnê norte-americana, as meninas trouxeram a canadense Samantha Landa. Até o fechamento dessa edição, não havia sido explicado a razão de sua saída.


Pink Floyd lança box com material inédito



O grupo Pink Floyd colocará nas lojas um box set intitulado The Early Years 1965-1972. O box contará com 27 discos, com formato variando entre Blu-ray, DVD, CD e 7”. No tracklist; versões alternativas, gravações da BBC Sessions e 20 faixas inéditas. Estou até com medo do preço...


Novo vídeo do Rolling Stones à caminho



Os Stones não param. A banda britânica sempre está lançando alguma coisa. A sua mais nova empreitada é o documentário Havana Moon: The Rolling Stones Live In Cuba. O filme trará imagens do show que os músicos realizaram em Março diante de um público de 1,2 milhões de pessoas. Para promoverem a película, os músicos resolveram passar o filme nos cinemas. A exibição ocorre no dia 23 de Setembro. Somente nesse dia. Depois da data, é só esperar o lançamento em DVD e Blu-Ray. 


MTV lançará canal clássico



A VH1 Classic deixará de existir no dia 1 de Agosto. Para seu lugar, virá a MTV Classic. Canal que pretende resgatar a programação antiga da emissora. Em especial, a dos anos 90. Ao que tudo indica, serão reprisados programas como Beavis And Butt-Head, Aeon Flux e apresentações pertencentes aos programas Total Request Live e MTV Unplugged. Interessante. Será que o canal será exibido no Brasil?


Iron Maiden transmitirá show online



A tour do Book of Souls parece que será mais curta do que imaginávamos. A gira se encerrará 14 de Agosto. A apresentação ocorrerá no cultuado Wacken Open Air e contará com uma transmissão online. O show está previsto para iniciar às 21:30hpm CET. Aqui no Brasil, será aproximadamente 16:30h. O horário não seria muito ruim se a exibição não caísse em uma quinta-feira. Por ser à tarde, em um dia-de-semana, acredito que muita gente não conseguirá assistir.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Scorpion Child – Scorpion Child (2013):





Por Davi Pascale

Uma nova geração de bandas está pintando por aí. O mais novo nome a chamar atenção no pedaço é o Scorpion Child. Grupo faz hard rock com competência e entrega um dos melhores álbuns dos últimos tempos.

As bandas atuais estão bebendo bastante na fonte dos anos 70. Algo que podemos comprovar com clareza no trabalho de artistas como Rival Sons, The Answer, Kadavar, Graveyard, Airbourne e Blues Pills. Os texanos do Scorpion Child não fogem à regra. A influência de Led Zeppelin é latente em seu trabalho. Algo perceptível já na faixa de abertura “Kings Highway”, uma das melhores do disco. “Liquor” é outro forte exemplo da influência exercida pelo grupo de Jimmy Page.

Eles não são a primeira banda a seguir os passos do Zeppelin e, certamente, não serão a última. Aliás, o trabalho vocal de Aryn Jonathan Black me lembrou bastante o trabalho vocal de Lenny Wolf, vocalista do Kingdom Come. Outro que é altamente influenciado por Robert Plant.

Mas a banda não se resume à um clone do Zeppelin. Apostam um hard rock com uma pegada bluesy, onde misturam vários elementos dos anos 70 com elementos dos anos 80. Em alguns momentos, nos lembramos do trabalho realizado por artistas como Tesla, Fastway, Badlands e até mesmo Dangerous Toys. A faixa de trabalho “Polygon of Eyes” é uma que representa bem esse mix entre 70´s e 80´s. “Paradigm” é outro exemplo trazendo aquele hard veloz, quase punk, que bandas como Guns n´ Roses e L.A. Guns sempre fizeram tão bem.

Christopher Jay Cowart se demonstra um guitarrista altamente criativo e entrega riffs impactantes em canções como “The Secret Spot” e “Salvation Slave”. Como um bom grupo de hard rock, entregam duas baladas aqui: “Red Blood (The River Flows)” e “Antioch”. Nessas mais lentas, me remetem um pouco ao Tesla. Entre essas duas, minha favorita é “Antioch”. A faixa bônus “Keep Goin´” remete à Deep Purple. Principalmente, o trabalho de teclado e o solo de guitarra.

Peguei o álbum para ouvir esperando um disco bacaninha, mas acabei realmente surpreendido pela qualidade das composições e dos músicos envolvidos. Principalmente, pelo trabalho vocal de Aryn. Se você está procurando novos artistas de rock n roll para ouvir e busca uma banda que faça um trabalho sem muita preocupação em soar moderno. Um artista que esteja preocupado somente em entregar um álbum de rock enérgico e cativante, vá sem medo de ser feliz. Discaço!

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Empolgante

Faixas:
      01)   Kings Highway
      02)   Polygon of Eyes
      03)   The Secret Spot
      04)   Salvation Slave
      05)   Liquor
      06)   Antioch
      07)   In The Arms Of Ecstasy
      08)   Paradigm
      09)   Red Blood (The River Flows)
      10)   Keep Goin´ (Bonus Track)

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Titãs – Nheengatu Ao Vivo DVD (2015):



Por Davi Pascale

No final do ano passado, o grupo Titãs soltou um novo material ao vivo. Gravado no Audio Club (SP), o material trazia uma performance forte e pesada. Esse é o ultimo registro do cantor Paulo Miklos ao lado do grupo.

DVD ao vivo dos Titãs não é mais nenhuma novidade. Existem vários no mercado. Entretanto, não existe nenhum vídeo oficial da primeira fase da banda. Algo que torna esse material e o Cabeça Dinossauro Ao Vivo itens bem interessantes, mesmo que a formação já tenha sofrido alguns desfalques.

Quem passou a se ligar nos Titãs por conta do especial Acústico MTV ou por conta da explosão da balada “Epitáfio”, não tem muita noção do que o grupo representou na década de 80. Embora sempre tenham tido apoio da grande mídia e música executadas nas rádios, a banda paulista era famosa por seu deboche, sua criatividade e sua atitude em cima dos palcos. Era um conjunto bem diferente daquele que se apresentava de terninho cantando “É Preciso Saber Viver” do Roberto Carlos.

Independente de qualquer crítica, precisamos ser honestos. Nos discos, nessa fase mais comercial, teve bons lançamentos e maus lançamentos. Em cima do palco, entretanto, os músicos nunca deixaram a desejar. Mesmo que tenham perdido um pouco da teatralidade, da ironia, a força do repertório falava por si só. E os músicos sempre tiveram consciência de suas limitações. Nunca gravaram um álbum que não conseguissem reproduzir ao vivo.

Nheengatu é facilmente o melhor trabalho que lançaram desde Domingo. Superando inclusive, A Melhor Banda de Todos Os Tempos da Última Semana (meu trabalho favorito da fase mais popular). Embora não tenha criado novos hits, o material trazia muitos elementos que haviam se perdido nos CD´s anteriores. E a coisa parecia funcionar muito bem no palco. Faixas como “Fardado”, “Cadáver Sobre Cadáver”, “Baião de Dois” e “Fala, Renata”, ganhavam uma energia ainda maior nos shows.

Os músicos parecem terem se ligado na semelhança que esse material tinha com trabalhos mais antigos. Tanto nos temas das letras, quanto nas construções dos arranjos (levada de bateria, riffs de guitarra, etc) e fizeram um mix perfeito entre as canções de seu mais recente álbum com sua fase de ouro. Marcam presença aqui clássicos como “Massacre”, “Bichos Escrotos”, “AA UU”, “Televisão”, “Desordem”, “Lugar Nenhum”, “Jesus Não tem Dentes No País dos Banguelas”. Repertório bem rock n´ roll.

A banda estava muito bem entrosada, ainda que pelo vídeo dê para notar com clareza, as diferenças entre a atual e a antiga formação. Mario Fabre é um músico bem competente, mas não tem toda a pegada e segurança de Charles Gavin. Branco Mello sofre para executar as linhas de baixo que Nando Reis tirava de letra. Não que tenha comprometido o espetáculo, longe disso, mas é notável o quanto ele se esforça para tocar linhas simples.

Algo muito bacana foi o fato de terem criado máscaras para utilizarem no inicio do espetáculo. O artifício criou um visual bacana e ajudou a trazer um pouco do ar teatral que haviam perdido. No entanto, o recurso só ocorre nas 4 primeiras músicas. Branco Mello e Sergio Britto são os que têm melhor presença de palco. Paulo Miklos foi o responsável por criar o melhor trabalho vocal do show. Já Tony Bellotto continua sendo Tony Bellotto. Ou seja, toca com segurança seus riffs simples e incrivelmente característicos. A qualidade de som/imagem está muito boa e o DVD tem várias musicas que não entraram no CD. Se está em duvida entre um formato ou outro, opte pelo vídeo.

Infelizmente, Paulo Miklos anunciou sua saída dos Titãs. Daqueles 8 malucos que costumávamos ver nos televisores, agora restam apenas 3. Agora é esperar para ver o que vão aprontar. Sua saída é um baque forte para a banda, mas os músicos são mestres em driblarem situações difíceis. Na torcida para que vençam mais esse obstáculo.

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Performance bem rock n roll

Faixas:
      01)   Fardado
      02)   Pedofilia
      03)   Cadáver Sobre Cadáver
      04)   Chegada Ao Brasil (Terra à Vista)
      05)   Massacre
      06)   Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas
      07)   Lugar Nenhum
      08)   Baião De Dois
      09)   Pela Paz
      10)   Quem São Os Animais?
      11)   República dos Bananas
      12)   Nem Sempre Se Pode Ser Deus
      13)   Diversão
      14)   Mensageiro da Desgraça
      15)   Fala, Renata
      16)   Desordem
      17)   Vossa Excelência
      18)   Televisão
      19)   Sonífera Ilha
      20)   Polícia (Extra)
      21)   AA UU (Extra)
      22)   Flores (Extra) 
     23)   Bichos Escrotos (Extra)

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Lita Ford – Live & Deadly (2014):





Por Davi Pascale

Cleopatra Records relança álbum ao vivo da cantora Lita Ford. Disco ganha nova arte e prensagem em vinil.

Cleopatra Records é uma gravadora independente que está na ativa desde 1992. Idealizada pelo fã de música Brian Perera, iniciou no mercado soltando álbuns de artistas góticos, de rock industrial e da cena punk rock britânica. Nos anos 90, criaram o selo Deadline para trabalharem com artistas da cena de L.A. dos anos 80. Soltaram álbuns de vários artistas que as grandes companhias insistiam em renegar: Quiet Riot, Cinderella, Warrant, White Lion, Bret Michaels, etc etc etc .  Recentemente, soltaram uma série de álbuns ao vivo. Entre eles, está esse da cantora Lita Ford.

Virou moda o pessoal relançar álbuns antigos, DVD´s antigos, alterando o nome e a arte original. E é exatamente disso que se trata esse álbum. Live & Deadly nada mais é do que uma nova prensagem do álbum Greatest Hits Live, lançado originalmente em 2000. E o pior de tudo, com uma faixa a menos. O CD original trazia uma nova faixa de estúdio, “Nobody´s Child”, que foi deixada de lado nessa nova edição.

O show em si é fantástico. Recheado de clássicos, a apresentação demonstra aquilo que todos nós que a acompanhamos de perto, já sabíamos. A mulher, além de ser uma boa guitarrista, canta incrivelmente bem. A banda nessa época era formada por David Ezrin nos teclados, Joe Taylor nas guitarras, Tommy Caradonna no baixo e o cultuado Jimmy DeGrasso na bateria.

A sonoridade é bem honesta. Som bem cru, sem grandes overdubs, com som da guitarra e da bateria em bastante destaque. O setlits é simplesmente matador. Focado nos seus álbuns Lita, Stilettto e Dangerous Curves, relembra justamente seu momento de ascensão. Os mais jovens não vão se lembrar, mas faixas como “Kiss Me Deadly” e “Shot of Poison” tocaram bastante nas rádios.
 
Esse período está super bem registrado aqui. Além das duas músicas citadas, dão as caras canções como “Larger Than Life”, “What Do You Know About Love”, “Can´t Catch Me”, “Hungry”... Até mesmo a balada “Close My Eyes Forever”, gravada originalmente como um dueto com Ozzy Osbourne, foi relembrada. O único senão é que os clássicos de seus dois primeiros LP´s foram esquecidos. Eu, particularmente, gostaria muito que tivesse sido incluída “Gotta Let Go”. De todo modo, é um belo show. Ao vivo, ela ganha um peso extra, já que os teclados são mais contidos.

Álbum muito legal, show realmente muita bacana. Enérgico, nostálgico. Entretanto, poderia ter sido relançado como foi criado. Acho super válido retornarem álbum fora de catálogo para o mercado. Só não entendo essa lógica de reembalar o material para parecer algo novo. E também não gosto da ideia de tirar canções do disco ou de alterar ordem das faixas (o que, graças ao bom Deus, não acontece aqui). Se é para alterar, que melhorem adicionando material extra, não mutilando-o. De interessante, dessa vez, saiu uma prensagem em vinil, que é sempre um item interessante aos colecionadores. Show foda, mas se fosse você ainda iria atrás da prensagem original.

Nota: 7,0 / 10,0 (para a reprensagem) / 10,0 / 10,0 (para o show)
Status: Enérgico e nostálgico

Faixas:
      01)   Larger Than Life
      02)   What Do You Know About Love
      03)   Black Widow
      04)   Holy Man
      05)   Can´t Catch Me
      06)   Falling In And Out Of Love
      07)   Bad Love
      08)   The Ripper
      09)   Close My Eyes Forever
      10)   Shot Of Poison
      11)   Hungry
      12)   Kiss Me Deadly
      13)   Rock Candy