quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Marina Lima – No Osso Ao Vivo (2015):



Por Davi Pascale

Marina Lima volta a atacar em formato acústico. Novo álbum, sofisticado e delicado, vence estado frágil da cantora e realça a força de suas composições.

Ela já está de saco meio cheio do assunto, mas em um projeto desses, o comentário é inevitável. A voz de Marina já não é mais a mesma... Na verdade, já tem um tempo que a cantora vem sofrendo com isso. No encarte de seu CD Registros à Meia-Voz (1996), já comentava sobre problemas nas cordas vocais. Junte o erro médico com a estrada ao passar dos anos e temos a razão de tal fragilidade.

Diferentemente do Acustico MTV, não está acompanhada de uma super banda por trás. Pelo contrário. É um show de voz/violão. E aqui temos a primeira surpresa. Marina se demonstra uma ótima violonista. Os arranjos são ricos e muito bem executados. Quem for escutar o CD, preste atenção no trabalho da mulher.

Outra surpresa é a escolha do repertório. Não foi focada nos hits de FM e, sim, nas que melhor se adequavam ao formato do show. Muitos artistas resolvem gravar acústicos simplesmente interpretando os velhos sucessos, trocando a guitarra pelo violão e tocando da mesma forma. O resultado, na maioria das vezes, é risível. Guitarra é um instrumento. Violão é outro. É preciso que exista uma reestruturação das canções. E ela soube fazer isso.

Novo trabalho traz pegada intimista

A voz dela realmente não é mais a mesma. Está realmente mais frágil, mais rouca, mas a cantora soube tirar proveito da situação. No CD, o trabalho vocal está bacana, ao contrário do que possam imaginar. A delicadeza dos arranjos, o espetáculo intimista jogam à favor nesse aspecto. Onde fica em maior evidencia a fragilidade de suas cordas vocais é mesmo nos diálogos com o publico. Talvez, por isso, tenha optado por cortar diversas falas entre as canções. O que é uma pena. Todos que assistiram essa turnê comentaram que ela fazia comentários curiosíssimos entre uma música e outra.

O repertório transita por diferentes fases de sua carreira. Resgata “Transas de Amor” de seu (ótimo) LP de estreia Simples Como Fogo, relembra sua regravação de “Noite e Dia” (Lobão), passa pelos anos 90 e vem até o Climax. Os momentos de destaque, contudo, ficam por conta da versão acústica de “Partiu” e as releituras de “O Chamado”, “O Sol da Paixão”, “Carente Profissional” e a bela canção “Virgem”.  A voz dela realmente está um pouco abalada, mas seu brilho permanece. Vale uma checada.

Nota: 7,0 / 10,0
Status: Sofisticado

Faixas:
      01)   Partiu
      02)   It´s Not Enough
      03)   O Chamado
      04)   1º de Abril
      05)   O Sol da Paixão
      06)   Transas de Amor
      07)   Na Minha Mão
      08)   Virgem
      09)   Noite e Dia
      10)   Carente Profissional
      11)   Da Gávea
      12)   Não Me Venha + Com Amor
      13)   Can´t Help Falling In Love 
      14)   Partiu (Versão Strobo)