domingo, 31 de janeiro de 2016

Phil Anselmo e o white power



Por Davi Pascale

Os headbangers ficaram chocados ao assistirem ao vídeo que caiu no Youtube do evento Dimebash. A ideia do evento é muito bacana. Nele, vários músicos se juntam para celebrar Dimebag Darrell, genial guitarrista do Pantera que foi covardemente assassinado em 2004. A participação de Phil Anselmo, vocalista do grupo, está sendo super comentada. E, infelizmente, não por um aspecto positivo.

Seu convite foi realmente uma surpresa para mim, já que a relação do cantor com Dimebag não era das mais amigáveis. Tanto que Phil foi proibido pelos familiares do músico (onde inclui o irmão de Dimebag, Vinnie, baterista da banda) de comparecer ao velório e ao enterro do rapaz, na ocasião. Claro que, quem é fã, não se importa muito com essas picuinhas e quer ver os músicos juntos levando um som. O problema é que a postura de Anselmo não foi da mais inteligente.

Sim, sou fã do Pantera, do Down, do Superjoint Ritual. Sou um fã de Phil Anselmo. Acho o cara extremamente carismático, acho que tem uma ótima voz e considero alguns discos que gravou como clássicos. Mas quando nossos ídolos pisam no tomate, precisamos reconhecer a mancada, certo?

Pois bem, no show dessa semana o cara teve uma atitude injustificável ao reproduzir um gesto nazista e berrar com os pulmões cheios a expressão ‘white power’. No bom e velho português, poder branco. Muita gente está defendendo o cantor dizendo que a expressão não está necessariamente associada ao racismo. Qual o problema nessa expressão, afinal? Essa expressão, white power, é utilizada por aqueles que consideram a raça ariana (branca) superior às demais. E é muito utilizada por grupos que promovem atentados contra negros, homossexuais e miscigenados (árabes, por exemplo, não escapam dos ataques). Quando alguém diz isso seguido de um gesto nazista, a ligação à esses grupos é quase que automática.

Além de ser uma burrice (todo preconceito é burro), é algo extremamente perigoso. Phil Anselmo é um dos ícones do heavy metal, possui influência em milhares de jovens. Existem muitos garotos que são fanáticos por algo/alguém, que seguem à risca tudo que falam, que seguem suas atitudes como exemplo. O Pantera já sofreu com fanatismo. Dimebag Darrell foi assassinado no palco, durante uma apresentação com o Damageplan, por um fã que o culpava pelo fim do grupo. Já pensou na pancadaria que poderia ter ocorrido no local se tivesse por lá algum daqueles fãs que consideram Phil Anselmo um Deus? Será que não tinha um negro sequer no local? Duvido!

Inicialmente, o músico tentou se esquivar do assunto dizendo que havia sido uma piada por conta de um vinho (?!?!?!) que havia tomado nos bastidores e que não iria comentar o caso. Mas não teve jeito. Muitos fãs se revoltaram. Muitos colegas de profissão se revoltaram. O cantor foi forçado a se desculpar publicamente. Tenho certeza que a ideia foi do seu assessor de imprensa. Pelo menos, topou a parada. Tem músicos que se negam a postar pedido de desculpas (Por mais que a equipe aconselhe, a palavra final é sempre do artista).

Phil Anselmo não é mais um garotinho. Já tem idade suficiente para saber o que está fazendo e já tem tempo de estrada suficiente para saber o poder que possui com seus admiradores. Está na hora de começar a refletir um pouquinho, pensar antes de falar, antes que suas atitudes imaturas resultem em algum tipo de tragédia. Torço para que essa tenha sido a última pisada de bola do rapaz.