quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Danzig – Skeletons (2015):


Por Davi Pascale

Glenn Danzig continua na ativa. O músico lançou recentemente um álbum de covers, ao lado de sua famosa banda, interpretando algumas versões de músicas dos anos 60 e 70. O resultado, infelizmente, é decepcionante.

Não me levem à mal. Gosto muito do trabalho do Danzig. Especialmente de seus 4 primeiros discos, mas por mais que a ideia seja interessante, o resultado final deixa a desejar. Essa não é a primeira vez que o grupo se aventura em recriar uma musica. No seu EP de 1993, o (ótimo) Thrall: Demonsweatlive, haviam feito uma ótima versão para o clássico “Trouble” de Elvis Presley. Essa é a primeira vez, contudo, que resolvem fazer um álbum todo desse jeito.

Minha primeira decepção foi com a qualidade de gravação do disco. Assim como seu antecessor, o (razoável) Deth Red Sabaoth, o álbum conta com uma sonoridade abafada, sem brilho. Sim, comprei o disco original. Não ouvi pela internet. Até peguei a capa para ver por qual selo havia sido lançado. Tinha certeza que era um bootleg, mas não era. Porra, Glenn, você tem um passado brilhante. Acorda!

Outro problema do álbum. Parece que o músico está com síndrome de Yngwie Malmsteen. Quer gravar tudo sozinho. Ele é um puta cantor, sempre gravou guitarra e teclado, mas não é um puta baixista, um puta baterista e não se faz necessária a situação. O rapaz sempre trabalhou com músicos competentes e tem uma ótima banda que os acompanha nos shows e gravou álbuns antes desse. Para que isso agora? Os 2 últimos álbuns foram assim, contando com pouquíssimas participações dos demais músicos, e estão entre os mais fracos da carreira. Pelo menos, o trabalho vocal continua muito bom. Aparentemente, está com a voz intacta.

Repertório é trilha sonora da vida do cantor

A seleção de músicas é muito boa. São músicas que ajudaram a moldar a personalidade de Glenn Danzig. Que fizeram parte de sua juventude. Os artistas originais são excelentes. Não são a cara da banda, mas o rapaz deu um jeito nisso. Todos os arranjos foram alterados, ganharam uma cara dele, um ar mais sombrio. Teve a preocupação de manter a linha vocal da maioria das canções, mas o instrumental está bem diferente em todo o disco. Nesse caso, não tinha como ser de outro jeito, já que são de universos tão distintos. Para se ter uma ideia, o rapaz gravou ZZ Top, Everly Brothers, Elvis Presley, The Troggs…

“Devils Angels” ganhou uma roupagem crua, direta, meio punk. Nos remete aos seus tempos de Misfits. “With a Girl Like You” dos Troggs também está meio nesse espírito.  “Action Woman” também ganhou uma roupagem mais direta, nos remete mais aos anos iniciais do Danzig. Uma que achei interessante foi “Rough Boy” do ZZ Top. A música que vem da fase pop do trio ganhou um arranjo mais arrastado, pesado e ficou bacaninha.

“N.I.B.” e “Lord Of The Thighs” - do Black Sabbath e Aerosmith, respectivamente – não foram boas escolhas. São músicas que não combinam com seu timbre de voz. Outra que achei curiosa foi a versão de “Let Yourself Go” de Elvis Presley. 

A ideia do disco não é ruim. O rapaz ainda tem uma bela voz. Mas se tivesse feito um trabalho em conjunto, os arranjos poderiam crescer mais. Falta uma bateria mais trabalhada, um baixo mais impactante. Também seria legal buscar um modo de voltar a gravar de maneira mais definida. Quando resolver fazer isso, teremos o velho Danzig de volta sem deixar pedra sobre pedra. Até lá, só nos resta sonhar...

Nota: 4,0 / 10,0
Status: Fraco

Faixas:
      01)   Devils Angels
      02)   Satan (From “Satans Sadists”)
      03)   Let Yourself Go
      04)   N.I.B.
      05)   Lord Of The Thighs
      06)   Action Woman
      07)   Rough Boy
      08)   With a Girl Like You
      09)   Find Somebody  
      10)   Crying In The Rain