domingo, 29 de maio de 2016

Pepe Bueno – Eu, O Estranho (2016):





Por Davi Pascale

Talvez a garotada que acompanha o blog por aqui não saiba muito bem quem é Pepe Bueno. O rapaz faz parte de uma das mais cultuadas bandas da cena underground brasileira, o Tomada. Recentemente, Pepe lançou seu segundo álbum solo, intitulado de Eu, o Estranho. E é dele que iremos tratar hoje.

Eu, o Estranho é um trabalho bem variado, mas bem definido. A referência é a sonoridade dos anos 60/70. A sacada é que não ficou preso à uma das inúmeras esferas que essa cena permite. Brincou com diversas delas. Diferentes cores, diferentes sons. Para ajudar a colorir esse universo, o baixista contou com a ajuda de Junior Muelas (bateria) e Alberto Sabella (teclado), ambos vindos do grupo Estação da Luz. Mais um representante do rock brazuca que entra em uma máquina do tempo e retorna à décadas passadas para criar seu som. As guitarras ficaram a cargo de Denny Caldeira, Edu Gomes, Pi Malandrino (Balls) e Xande Saraiva (Baranga).

“Se Abra” começa meio na contramão. Um tema instrumental com uma pegada jazz-rock. Muito bem trabalhado, o título é uma homenagem ao falecido baixista da Patrulha do Espaço, Renê Seabra. Era dele a autoria da única frase pronunciada no meio da canção: “Hey, bro, liga o phodalizer”.

O disco segue com “Rotina”. Uma balada altamente influenciada por Beatles e toda a magia da década de 60. Os mais jovens irão relacioná-la aos gaúchos do Cachorro Grande. E tem a ver. O mesmo vale para “Tudo Que Eu Queria”. Canções marcadas pelo violão folk com o teclado ajudando a criar o clima nostálgico.

Musico chega à seu segundo disco solo

Famoso por se apresentar com um Rickenbacker, o músico mantém a influência dos quatro rapazes de Liverpool na ótima “Vale Dizer”. A psicodelia corre solta em “Bem à Vista” e “Tudo O Que Eu Queria”, com altas pitadas de Mutantes. Em “Pote de Mel”, resgata elementos do blues em riffs altamente influenciados por Led Zeppelin. Já “O Estranho” faz jus ao título. Repleto de experimentalismo e psicodelia, fecha o álbum em grande estilo. 

Muitos têm na cabeça que disco solo de baixista é repleto de solos, elementos fusion, técnicas de slap, deixando a guitarra em segundo plano. Essa equação não se encaixa nesse trabalho. Em vários momentos, a guitarra sobressai o baixo. Pepe Bueno está focando mais seu lado compositor do que músico. Portanto, se esse é seu medo, pode embarcar nessa viagem. Se você é fã de artistas como Beatles, Mutantes, Cachorro Grande e Donovan, tem de tudo para se identificar com esse disco. Procure dar uma checada. O registro se encontra nas plataformas digitais.

Nota: 7,5 / 10,0
Status: Psicodélico e melódico

Faixas:
      01)   Se Abra
      02)   Rotina
      03)   Vale Dizer 
      04)   Bem à Vista
      05)   Última Prova 
      06)   Tudo o Que Eu Queria
      07)   Pote de Mel
      08)   O Estranho