quinta-feira, 7 de julho de 2016

Esteban – Saca La Muerte De Tu Vida (2015):



Por Davi Pascale

Rodrigo Esteban chega ao seu segundo álbum solo. Criado com apoio de seus fieis seguidores, álbum mantém suas características e apresenta um punhado de belas canções.

É capaz que ele tome na cabeça por um tempo ainda. Muitos sempre torceram o nariz para as bandas de rock brasileiras que invadiram as FM´s no inicio dos anos 2000. A real é que houve muita confusão naquele período. A crítica colocava no mesmo balaio grupos como Cine e Restart – que nada mais eram do que uma versão moderna do Polegar – com grupos que faziam um rock com apelo popular. Universos distintos, na real. Esteban fez parte de um desses grupos que sofreram preconceito de público e crítica, os gaúchos do Fresno.

Nessa época, tocava com o nome de Rodrigo Tavares. Em seu trabalho solo, assumiu o pseudônimo de Esteban. Exatamente, é a mesma pessoa. Aos pouquinhos, vem consolidando sua trajetória, ganhando respeito enquanto músico. Tornou-se um dos braços direito de Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii) e vem amadurecendo bastante enquanto compositor.

Quem o acompanha desde os tempos que se apresentava ao lado de Lucas Silveira, irá notar algumas referências de seu ex-grupo. Nem tanto nos arranjos, mas em algumas linhas vocais. A faixa “Janeiro”, por exemplo, se enfiar uma guitarra com uma distorção fica a cara de seu ex-grupo. Também é fácil perceber suas influencias gauchas. São varias as canções em que mistura o som do acordeon no meio do poprock praticado. Brincadeira comum entre as bandas do sul – Nenhum de Nós, por exemplo, ama isso – e que funcionou muito bem em seu trabalho.

Criado através do sistema do crowfunding, o disco apresenta uma pegada limpa, low-fi, melancólica, que nos leva direto à cena internacional. É possível notarmos influencia direta de um de seus ídolos, a banda indie Copeland. Para quem não é tão acostumado com a cena, é bem provável a comparação com grupos como Coldplay já que as faixas são mais calmas e o piano é bem presente. Na estrutura de letras, em alguns momentos me remete à outro competente artista da cena gaucha, o cantor/compositor Duca Leindecker (Cidadão Quem).

Há alguns momentos de ousadia como quando flerta o rock com o tango (“Tango Novo – Nada Impede da Onda Passar”), quando busca inspiração no hard rock (“Me Sinto Humano”) ou quando resolve expressar seus sentimentos em espanhol (“Martes”).

Rodrigo foi responsável pela gravação de todos os instrumentos e é responsável por todas as composições do álbum. Alguns podem achar que é mais fácil fazer um álbum sozinho, mas definitivamente, não é. Aliás, é comum a maioria dos artistas quebrarem a cara quando tentam algo do tipo. O que, definitivamente, não é o caso aqui. Faixas de destaque: “Pra Ser”, “Cigarros e Capitais”, “Martes”, “Me Sinto Humano” e “Maria”.

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Melancólico

Faixas:
      01)   Janeiro
      02)   Pra Ser
      03)   Chacarera da Saudade
      04)   Cigarros e Capitais
      05)   Tango Novo (Nada Impede a Onda de Passar)
      06)   As Terças Podem Se Inverter
      07)   Martes
      08)   O Que Não Vem
      09)   Me Sinto Humano
      10)   Se
      11)   Carta aos Desinteressados
      12)   Maria 
      13)   Chacarera 2