terça-feira, 6 de setembro de 2016

Dingo Bells – Maravilhas da Vida Moderna (2015):



Por Davi Pascale

Trio de Porto Alegre lança seu primeiro álbum. Em uma interessante equação entre pop, rock e MPB, rapazes se destacam com repertório variado e consistente.

Já andei comentando por aqui sobre algumas bandas da nova safra do rock. Só que, aqui mesmo no Brasil, também temos uma leva bem interessante surgindo. Pois bem, decidi começar a mostrar um pouquinho do que está acontecendo na nossa cena. E a banda que escolhi para dar esse start foi o Dingo Bells.

O trio gaúcho foi criado em 2006, na cidade de Porto Alegre. Da maneira mais despojada possível. Três colegas de escola que decidiram montar uma banda e levar um som. Dez anos se passaram e aqueles três garotos estão lançando agora seu primeiro trabalho.

Buscaram trazer algumas novidades. A começar pela capa do disco. Assim como Ed Motta fez em Dwitza (2002), a versão em CD de Maravilhas da Vida Moderna vem embalada em uma capa 23X23. Ou seja, o tamanho da capa de um LP. Outra sacada interessante foi a ideia de criar 4 artes diferentes e encartá-las no disco. Com isso, cada um escolhe a capa que gostar mais.

O trio vem dando o que falar. Várias pessoas passaram a se ligar em seu trabalho por conta dos vídeos no Youtube e também por conta das apresentações que realizaram ao lado de Ringo Starr em sua recente turnê brasileira. Já são considerados um dos grandes destaques da cena independente brasileira.

Lançar um disco é o sonho de toda banda que se preze, mas sabemos que não é uma brincadeira barata. Os artistas independentes ralam para conseguirem colocar um álbum na praça. Para que o processo fosse um pouco facilitado, falando na área de recursos, o trio optou por criar um crowdfunding, através do Catarse. O projeto deu certo. E o resultado ficou bem satisfatório. Não somente no já citado projeto gráfico, mas também na qualidade de gravação.

Se tivesse que defini-los em uma expressão, diria que os músicos apostam em uma sonoridade meia indie rock. São diversas as influências. A balada folk “Anéis de Saturno” foi registrada durante uma temporada do grupo em um sítio localizado na região de Viamão, no Rio Grande do Sul. Nos arranjos, é possível ouvir a atmosfera do local. Interessante! “Olhos Fechados Pro Azar” e “Bahia”, mostram a aproximação do grupo com a sonoridade mais MPB.  “Dinossauros” traz um forte uso dos violões e uma linha vocal meio melosa, remetendo à bandas como Vanguart. “Hoje o Céu” e “Todo Nó” apontam para uma influência mais beatle, mais nítida na última faixa do disco.

A ideia de misturar metais em seu som vai fazer com que muitos os comparem ao Los Hermanos, mas a pegada aqui é outra. Letras menos poéticas, não temos a influência do samba descarada também. As letras giram em tornos dos problemas que temos que lidar quando chegamos à maturidade. Oras tratadas com sarcasmo, oras tratadas com melancolia.

As canções de Maravilhas da Vida Moderna trazem uma aproximação com o pop, mas sem soar plastificado ou datado. Esse é um grupo que poderia facilmente tocar nas rádios Brasil afora. Principalmente, com a responsável por abrir o CD, "Eu Vim Passear”. Ar de hit total. Altamente recomendado!

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Consistente

Faixas:
      01)   Eu Vim Passear
      02)   Misterio dos 30
      03)   Fugiu do Dia
      04)   Dinossauros
      05)   Maria Certeza
      06)   Olhos Fechados Pro Azar
      07)   Bahia
      08)   Hoje o Céu
      09)   Funcionário do Mês
      10)   Anéis de Saturno
 11)   Todo Nó