sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Samuel Rosa & Lô Borges – Ao Vivo No Theatro Brasil (2016):



Por Davi Pascale

Líder do Skank e fundador do Clube da Esquina se unem no palco. Álbum tem tom de celebração, mas deixa a desejar.

Espero que os fãs não me levem a mal, nem os artistas em questão, caso o texto caia nas mãos deles (pouco provável, mas não impossível). Sou fã do Skank e gosto muitos dos álbuns do Clube da Esquina. O primeiro disco, para mim, é um dos grandes álbuns da música brasileira, mas esse show me deixou um pouco decepcionado.

A ideia de unir os dois aristas, dois músicos de Belo Horizonte vindo de gerações diferentes, é sensacional. Sempre gostei deste tipo de união. Além de ser gratificante para os artistas, é algo que fortalece a cena. Porque, como são de gerações diferentes, é bem capaz que o publico seja diferente. Portanto, é um modo expandir ainda mais o enorme prestígio que eles já carregam.

O repertório é excelente. A banda que está por trás é excelente e a qualidade de gravação é muito boa. Os convidados especiais – Fernanda Takai e Milton Nascimento – também estão de acordo. O Pato Fu, assim como o Skank, faz parte da geração pop dos anos 90 que ajudou a recolocar a cena mineira no mapa. Outros que poderiam estar nessa história é a galera do Jota Quest. Milton Nascimento fez parte do histórico Clube da Esquina. Tudo certinho. Qual o grande problema, afinal¿ O trabalho vocal.

Sim, eu sei que os dois são compositores e que as canções são muito boas. Como disse, o repertório é excelente. Honestamente, não colocaria nesse show “Te Ver” e “Canção do Amor Inabalável”. Por mais que sejam hits, acho que fogem um pouco do repertório apresentado. Não sei se foi proposital, para quebrar o clima do show, mas achei que ficaram meio deslocadas. Talvez, pela apresentação não estar na íntegra, mas se o problema fosse esse, colocaria outras faixas no CD.

Contudo, como estava dizendo o grande problema mesmo é o trabalho vocal. Infelizmente, não tem como não reparar e o resultado final é muito abaixo do esperado. Samuel Rosa nunca comprometeu o trabalho vocal no Skank, mas isso porque se apoiava na energia do show. A ideia de cantar gritando, acabava passando despercebido pelo estilo de espetáculo que apresentam. Em um show desses, com arranjos mais voltados para MPB, com mais violões, e voz mais na cara, fica nítida sua limitação vocal.

A performance de Lô Borges não somente, não ajuda, como piora a situação. Está desafinando muito, cantando muitas notas fora do tom. Em, praticamente, todas as músicas do show. A participação de Milton Nascimento é muito bacana pelo contexto histórico, mas sua performance vocal também está não mais do que razoável. Várias derrapadas também.

O repertório foi bem divido. 7 músicas de Lô Borges, 7 de Samuel Rosa, sendo 1 inédita de Lô Borges e 1 inédita de Samuel Rosa. As faixas inéditas não são espetaculares, não vão entrar para a história da música brasileira, mas são boas. Mas, como disse, o show em si deixa a desejar. Me deu a impressão que eles não ensaiaram. Uma pena! Esse álbum tinha de tudo para ser um marco na música brasileira. Não foi dessa vez...

Nota: 5,0 / 10,0
Status: Frustrante

Faixas:
      01)   Feira Moderna
      02)   O Trem Azul
      03)   Te Ver
      04)   Clube da Esquina Nº2
      05)   Resposta
      06)   As Noites
      07)   Balada do Amor Inabalável (Part Especial: Fernanda Takai)
      08)   Paisagem da Janela
      09)   Amores Imperfeitos
      10)   Para Lennon & McCartney (Part Especial: Milton Nascimento)
      11)   Dois Rios
      12)   Um Girassol da Cor do Seu Cabelo
      13)   Lampejo (Bonus Track: Versão Estudio)
      14)   Dupla Chama (Bonus Track: Versão Estudio)