sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Rolling Stones – Blue & Lonesome (2016):



Por Davi Pascale

Novo álbum dos Stones traz os músicos de volta ao blues. O material agrada, mas não tem a mesma força dos discos que fizeram no passado.

Não sou de ficar comparando, em termos de qualidade, o que os músicos fazem hoje com o que fizeram no passado. Claro que quando se trata de um ícone, minha expectativa é maior, por razões óbvias. Mas procuro não ficar comparando aos trabalhos clássicos. Por uma simples razão, todo mundo tem seu auge criativo. E também, tem alguns poucos artistas onde os músicos já fizeram tanto pela cena, que não devem mais nada à ninguém. O Rolling Stones certamente se enquadra nessa lógica, mas quando se trata de um disco volta à raiz, é muito difícil nos desligarmos do que fizeram antes. A comparação acaba sendo inevitável.

Para quem começou a ouvir musica nos anos 80, talvez a lembrança mais antiga do grupo britânico seja a de Mick Jagger fazendo suas dancinhas no clipe de “Start Me Up”. Entretanto, quem conhece a carreira deles um pouco mais à fundo, sabe que começaram tocando canções de blues. Entre eles; Willie Dixon e Jimmy Reed. Com o tempo, foram inserindo novos elementos no seu som, compondo mais, até que se tornaram a eletrizante e inconfundível banda que conhecemos.

Blue & Lonesome é um resgate dos primeiros anos da trupe de Jagger/Richards. Ou seja, é um álbum de blues. Contudo, o material não tem a mesma força de seus primeiros LP´s. Várias gravações de seus primeiros discos tornaram-se clássicos – como “I Just Want To Make Love To You” ou “Little Red Rooster” – e, honestamente, não vejo nenhuma música desse trabalho tornando-se um clássico no futuro. Obviamente, está muito bem gravado e muito bem executado, mas falta a famosa faixa de destaque.

Para compor o repertório, mais uma vez, recorreram aos seus heróis de infância. A maior parte vem de Little Walter, Howlin´ Wolf e Willie Dixon. O álbum foi produzido por Don Was (renomado produtor que já trabalhou com grandes nomes como Iggy Pop, Roy Orbison e Ringo Starr), além da dupla Jagger/Richards. Para quem não sabe, Glimmer Twins é um pseudônimo da dupla. Don já havia trabalhado com o grupo no (ótimo) Voodoo Lounge. A sonoridade é bem resolvida, mas apostaram em uma mixagem moderna. Os arranjos são old school, a timbragem e produção, não.

Mick Jagger está cantando incrivelmente bem. Charlie Watts entrega sua bateria típica. Simples, porém rapidamente reconhecível. A dupla Keith Richards e Ron Wood continua funcionando que é uma maravilha. O baixo ficou, mais uma vez, nas mãos do ultra-competente Darryl Jones. Qualidade é o que não falta.

O que me frustrou um pouquinho foi realmente o repertório escolhido. A escolha de canções não me empolgou. As minhas preferidas ficam por conta de “Everybody Knows About My Good Thing”, “Ride´Em On Down” e “Just Like I Treat You”. Essas são as que trouxeram um pouquinho da velha magia de volta, mas ainda assim não me fazem querer ligar o aparelho no último volume, saca? Em resumo, trabalho agradável, mas esperava mais. Mesmo!

Nota: 7,5 / 10,0
Status: Bom

Faixas:
      01)   Just Your Fool
      02)   Commit a Crime
      03)   Blue And Lonesome
      04)   All Of Your Love
      05)   I Gotta Go
      06)   Everybody Knows About My Good Thing
      07)   Ride ´Em On Down
      08)   Hate To See You Go
      09)   Hoo Doo Blues
      10)   Little Rain
      11)   Just Like I Treat You
      12)   I Can´t Quit You Baby