segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Lynch Mob – Syzygy (1998):



Por Davi Pascale

Lançado de maneira independente, single resgatava formação original. George Lynch já demonstrava vontade de seguir em nova direção.

Wicked Sensation, álbum de estreia do Lynch Mob, é um trabalho que beira a perfeição. Lançado na época do hair metal, o grupo apostava em um hard rock um pouco mais pesado do que a maioria vinha fazendo. Era mais próximo de um Badlands, de um Tesla do que de um Poison ou Cinderella. Além das guitarras de George Lynch, outro ponto de destaque, para mim, eram os vocais de Oni Logan. Na época, via muita gente criticando o rapaz, mas sempre achei o trabalho vocal dele nesse disco animal. Não tive a oportunidade de vê-los em ação, mas os poucos registros piratas que tenho desse período, acho as performances boas. Nunca entendi direito as criticas em torno dele.

Por sempre ter gostado muito desse álbum e dessa formação, em especial o lançamento desse CD me deixou bem empolgado. Em 1998, depois de alguns anos afastados, George Lynch e Mick Brown (outro integrante do Dokken), resolveram reunir a banda, mas o projeto não durou muito. O retorno com a formação original não passou de alguns encontros. Esse single nasceu de uma demo que haviam criado antes de brigarem novamente. Quando caíram na estrada, o vocalista já era outro, John West. A turnê também não durou muito. 13 shows e adeus.

No ano seguinte, George Lynch tentou uma nova reencarnação, somente com músicos desconhecidos e apostando em uma sonoridade moderna. Na época, estava em ascensão o nu-metal com grupos como Korn e Limp Bizkit liderando a cena. Smoke This (1999) era uma tentativa de se encaixar nessa onda de rap-metal. Os fãs, claro, torceram o nariz.

Syzygy não ia tão longe, muitos dos velhos elementos foram mantidos, mas já demonstrava uma vontade de seguir em outra direção. Oni Logan continuava cantando no seu velho estilo e, mais uma vez, fez um trabalho muito satisfatório. George Lynch, contudo, embora continuasse o monstro que sempre foi, já buscava timbragens mais modernas. Utilizando de afinação mais suja do que o de costume, seu trabalho de guitarra muitas vezes me remete ao grunge. Inspiração que utilizou também nos álbuns de reunião do Dokken, lançados nesse período.

“Into The Light” é onde essa influência aparece mais descarada, fazendo o uso de uns backings meio Alice in Chains em diversos momentos. “All Things Must Pass” e “Waterfall” já são baladas que poderiam estar presentes no Wicked Sensation. “All Things Must Pass” é minha preferida, com direito, inclusive, à pandeirinho no refrão. Brincadeira que faziam bastante no álbum de estreia. “Waterfall”, também excelente, traz algumas passagens mais pesadas e, mais uma vez, notamos George Lynch com influencias do grunge nessas passagens. A impressão que me dá é que se esse álbum tivesse ido para frente, viria com uma mixagem mais moderna, mais ou menos como o Shadowlife.

De toda forma, embora sejam apenas 3 musicas extraídas de uma demo, o disquinho vale a pena. As composições são boas e era muito bacana ouvir os músicos originais juntos novamente, ainda que por um breve período. Quem é fã, vale correr atrás. Quem não conhece nada, comece pelo Wicked Sensation.

Nota: 7,5 / 10,0
Status: Bom

Faixas:
      01)   Into The Light
      02)   All Things Must Pass 
      03)   Waterfall

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Pepeu Gomes – Alto da Silveira (2016):



Por Davi Pascale

Pepeu Gomes solta novo álbum instrumental. Longe do som das rádios, musico mantém suas origens e deve agradar quem curtia o início de sua carreira-solo.

Aqueles que acompanham apenas a cena mais pesada irão se lembrar da história do convite do Megadeth ao músico lá no início dos anos 90. Quem curte diferentes gêneros, certamente já ouviu, ao menos uma vez na vida, canções como “Alma”, “Masculino e Feminino”, “Fazendo Musica, Jogando Bola” e “Um Raio Laser”. Quem se liga no rock produzido no Brasil nos anos 70, irá se recordar dos Novos Baianos. De certa forma, todo mundo sabe quem é o Pepeu. Mas quem irá curtir mesmo esse novo álbum são aqueles que curtem o Pepeu da Geração de Som e da Terra A Mais de Mil.

Pepeu Gomes é, certamente, um dos melhores guitarristas do Brasil. Além de possuir uma grande intimidade com o instrumento, o músico conseguiu algo que poucos músicos brasileiros conseguiram, criou uma sonoridade própria. Não apenas em termos de composição, mas em termos de timbragem, de palhetada. Bastam poucos acordes para sabermos que aquela guitarra que estamos ouvindo é do Pepeu. Muito provavelmente por sua escola musical. Suas influencias vão de Waldir Azevedo à Jimi Hendrix. E essas características todas estão presentes no som do músico desde sempre.

Realizado em parceria com o Sesc, Alto da Silveira é um álbum típico do Pepeu. Canções instrumentais, mas sem exibicionismos, focados em melodias, brinca bastante com a ideia de construir temas. No disco, como já era de se esperar, temos referências das mais diversas possíveis.

“Fim da Festa” traz aquela levada suingada característica do músico, com aquela palhetada que já explorou em musicas mais pops como “Um Raio Laser”. Os tempos de Novos Baianos são lembrados em “Bolado II” e “Na Pele de Pelé”. O rock n roll surge com força em “Rock no Carnaval” e “Aurora Boreal”. A influência do chorinho aparece em “Chorando no Cantinho”, enquanto “Isabella... Eu Tive Uma Ideia” aponta em uma sonoridade latina com fortes influências de Santana. A linguagem do jazz rock aparece em diversos momentos. Como de costume, mistura o acústico com o elétrico. Passeia pela guitarra, pelo cavaquinho, pelo violão e pela guitarra baiana. Traz sua sonoridade característica misturando rock n roll com música brasileira. Brincadeira que faz desde os anos 70.

Alto da Silveira se refere ao local onde o musico foi criado. O garoto presente na capa do disco é o próprio guitarrista na época em que estava dando seus primeiros passos na musica. Na verdade, o Novos Baianos foi o primeiro grupo que ele tocou que deu certo, mas ele já estava batalhando antes disso. As primeiras gravações que conheço dele são dele ainda criança, no contrabaixo, em um conjunto chamado Os Minos. Hoje, os compactinhos dessa época são considerados verdadeiras relíquias.

Você não precisa ser um guitarrista, sequer um musico para conseguir apreciar o repertório do novo CD. Para os fãs, inclusive, é normal já que Pepeu, já se aventurou nesse território algumas vezes. Entretanto, vale frisar que esse disco não levará o guitarrista de volta às rádios. Não existe um campo para musica instrumental no Brasil. Não é um trabalho de hits. É um trabalho artístico, mas muito bem feito e construído de forma inteligente.

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Excelente

Faixas:
      01)   Dinamite
      02)   Na Quebrada do Garcia
      03)   Fim da Festa
      04)   Farroupilha Blues
      05)   Aurora Boreal
      06)   Na Pele do Pelé
      07)   Índio do Alto da Silveira
      08)   Isabella... Eu Tive Uma Ideia
      09)   Xulipe no Reggae
      10)   Para Paco “De Lucia”
      11)   Cine Pax
      12)   Caravaggio
      13)   Chorando no Cantinho
      14)   Bolado II
      15)   Coração Mudo 
      16)   Rock No Carnaval

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Eric Clapton – Live in San Diego With Special Guest J. J. Cale (2016):



Por Davi Pascale

Eric Clapton lança mais um álbum ao vivo. Show traz repertório especial e participações marcantes. CD não apenas excelente, mas indispensável.

Em 2006, o bluesman Eric Clapton gravou um álbum ao lado de J.J. Cale. Musico que sempre admirou. O álbum, obviamente, foi celebrado entre críticos e fãs. Havia uma enorme expectativa para que rolasse uma série de shows envolvendo os dois músicos. Algo que, infelizmente, não rolou. De todo modo, Cale topou fazer uma pequena participação no show de San Diego. Justamente esse show, chega agora ao mercado em CD e vídeo.

J.J. Cale participa de apenas 5 musicas. Os músicos reviveram 3 faixas do álbum que gravaram juntos, The Road to Escondido: “Don´t Cry Sister”, “Who Am I Telling You” e “Anyway The Wind Blows”. Os momentos mais celebrados, contudo, foram quando resolveram reviver “After Midnight” e “Cocaine”. Duas canções de Cale que ficaram conhecidas na voz de Clapton.

Embora o nome do músico esteja estampado na capa como um diferencial do disco ao vivo – e certamente é – não dá para dizer que as surpresas param por aí. Todos que acompanham a carreira de Clapton estão carecas de saber que esse cara só trabalha com músico de ponta, mas é realmente de tirar o chapéu o time que reuniu por aqui contando com as guitarras slide de Derek Trucks, além da bateria sempre precisa de Steve Jordan.

O repertório também é muito bacana. A apresentação começa com uma pegada roqueira com as empolgantes “Tell The Truth” e “Key To The Highway”. Estava dada a dica. O musico aproveitaria a presença de Derek Trucks, musico do Allman Brothers altamente influenciado pelo Duane Allman, para reviver os dias de Derek & The Dominos. Seguiram na sequencia “Got To Get Better In a Little While”, “Little Wing”, “Anyday”, uma atrás da outra. Claro, o grande hit do disco, “Layla”, foi deixada mais para o fim do show.


Essa apresentação não é focada em hits. Você não irá encontrar por aqui músicas como “Bad Love”, “Tears In Heaven”, “Change The World”, mas o repertório é mais do que especial para quem acompanha de perto a trajetória do músico.  Várias das canções escolhidas são consideradas clássicos entre os fãs. Achei o repertório realmente genial.

E para quem acha que as surpresas acabaram por aí, engana-se. Clapton resolveu encerrar a noite com o hino “Crossroads”. Clássico de Robert Johnson que gravou nos tempos do Cream. Embora essa seja uma musica que aparece com regularidade no seu set, aqui ela se torna mais do que especial por contar com a participação mais do que especial do guitarrista Robert Cray.

Em resumo, álbum recomendado à todo mundo que curte boa música. Apresentação profissionalíssima, com músicos de ponta, repertório fantástico e convidados mais do que especiais. Simplesmente necessário em sua coleção. Compre!

Nota: 10,0 / 10,0
Status: Profissionalíssimo

Faixas:
CD 01:
      01)   Tell The Truth
      02)   Key To The Highway
      03)   Got To Get Better In a Little While
      04)   Little Wing
      05)   Anyday
      06)   Anyway The Wind Blows
      07)   After Midnight
      08)   Who Am I Telling You
      09)   Don´t Cry Sister

CD 02:
      01)   Cocaine
      02)   Motherless Children
      03)   Little Queen Of Spades
      04)   Further Up On The Road
      05)   Wonderful Tonight
      06)   Layla
      07)   Crossroads

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Golpe de Estado – Sesc Santo Andre (21/01/2017):



Por Davi Pascale

O ano já começou com tudo aqui no ABC. A lendária banda Golpe de Estado retornou à Santo André no ultimo fim-de-semana para duas apresentações repletas de convidados. Estive na segunda noite e saí da casa mais do que satisfeito.

Confesso que fui à apresentação com um pé atrás. O fato de não ter mais o Helcio e o Zinner, me deixava com um pouco de receio. Acompanho o Golpe desde garotinho. Sério mesmo.  Cheguei a participar da tarde de autógrafos dos músicos na loja Aqualung, na Galeria do Rock, quando estavam lançando o quinto álbum Zumbi. Vendo os músicos de bem com a vida, dando altas risadas, conversando com todo mundo, nem imaginava que pouco tempo depois Catalau se enveredaria para uma carreira gospel e a banda começaria a ficar cada vez mais underground.

Quem assumiu os vocais de Catalau, na época, foi um cara chamado Rogerio Fernandes. O musico tinha um estilo totalmente diferente do antigo vocalista. Cantava mais rasgado, mais alto, com uma pegada mais Dio. Depois do Catalau é o cantor que mais gosto entre todos que se aventuraram no posto. Fiquei muito feliz de vê-lo de volta ao grupo. E, o melhor de tudo, com a voz em dia.

Infelizmente, o musico Helcio Aguirra não está mais entre nós. Para seu posto veio Marcello Schevano. Parceiro de Rogerio no respeitado – e ultra-competente – Carro Bomba. Segurou bem a bronca. O lendário Paulo Zinner também não está mais no conjunto. Segue com os caras Roby Pontes, responsável pelas baquetas em Direto do Fronte. Manda bem, senta a mão, mas confesso que o estilo do Zinner ainda me agrada mais, com aquela pegada meia Ian Paice, abusando dos contratempos. De toda forma, o garoto cumpriu bem o seu papel. No baixo, continua firme e forte, o baixista Nelson Brito.

Com a ideia de celebrar os 30 anos, o setlist focou em sua fase auge. Ou seja, os 5 primeiros trabalhos. A noite iniciou com o classicão “Nem Polícia, Nem Bandido” e emendou de cara “Quantas Vão”. Foi o suficiente para colocar fogo na galera.

Com casa cheia, os músicos estavam bem a vontade no palco. O publico do ABC é bem fiel ao Golpe. Sempre tiveram um bom publico por aqui. Mais do que fiel, diria fanático. A galera sabe as letras de música por música. Desde hits como “Noite de Balada” e “Caso Sério” até os lados B como “Underground” e “Cobra Criada”. As músicas foram escolhidas à dedo. “Não é Hora”, “Todo Mundo Tem Um Lado Bicho”, “Velha Mistura”, “Real Valor”... A maior parte dos clássicos foram apresentados.

Como se não bastasse, os rapazes trouxeram uma série de convidados. Mateus Schanoski, conhecido por seu trabalho ao lado do (ótimo) Tomada, ficou responsável pelos teclados durante toda a apresentação.  Cada convidado participava de, ao menos, 2 músicas. Mariana Duarte se destacou em uma performática interpretação de “Zumbi”, Marcello Pompeu (Korzus) animou a galera com sua espontaneidade e irreverência. Gostei de sua performance em “Cobra Criada”. Martin Mendonça (Cascadura, Pitty) tocou com garra e impôs respeito, mas o grande destaque foi mesmo a participação do lendário Luis Carlini (Tutti-Frutti). O que esse cara toca não é brincadeira.

O show chegou ao fim com “Paixão”, tocada graças à um enorme pedido de bis. Os músicos que haviam dado a noite por encerrado, resolveram atender o pedido da moçada e mandaram mais um som. Depois de pouco mais de 90 minutos chegava ao fim, uma apresentação pesada, enérgica e, acima de tudo, divertida. Quem foi, curtiu e bastante. Agora é esperar pelo CD ao vivo...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Sepultura – Machine Messiah (2016):



Por Davi Pascale

Ícones do thrash metal brasileiro se reinventam em novo disco. Machine Messiah traz o Sepultura para o presente e deve dividir seus fãs.

Desde que Max Cavalera saiu do grupo após o emblemático Roots que os fãs se dividiram. Muitos diziam que a banda sem Max não era a mesma coisa. A novela se intensificou depois que Iggor pediu as contas. Durante muitos anos, a banda foi vista como a banda dos irmãos Cavalera. Atualmente, ela é vista como a banda de Andreas Kisser. Embora não seja um integrante original, já tem um tempo que o músico puxou a bronca para si. Se você é um desses que acha que a banda perdeu a magia com a saída dos irmãos, afaste-se do novo álbum.

Particularmente, gostei muito de Machine Messiah, mas eles vão meio que na contramão daquilo que faziam quando a formação clássica se esfacelou. Nos últimos trabalhos ao lado do Max – Chaos A.D. e Roots – a banda explorava mais uma proximidade com a cultura brasileira. Esse toque brasileiro aparece em pouquíssimos momentos por aqui e quando aparece é bem de leve. Um exemplo seria a introdução do single “Phantom Self”. Na real, eles estão soando mais internacionais do que nunca. Talvez seja influência do renomado produtor Jens Bogren (Kreator, James LaBrie), mas achei que eles estão mais para In Flames do que qualquer outra coisa.

Já tem um tempo que os músicos têm procurado se aventurar em novos territórios. E esse disco representa exatamente isso. Não apenas a mixagem está mais moderna, como os arranjos estão mais ousados. Embora sejam um forte representante do thrash, os músicos não ficam naquela camisa de força tentando soar old school todo o tempo e em vários momentos buscam referências em outras vertentes. Talvez, essa seja uma influência vinda do Metallica, banda que o Andreas adora.

A faixa de abertura, “Machine Messiah”, já deixa isso claro. Uma faixa densa, arrastada com Derrick Green cantando fora de seu território comum. Ou seja, com a voz limpa. As linhas vocais dessa música, por algum motivo, me remeteram ao Ghost. Derrick, aliás, é um dos grandes destaques do disco. Fez linhas vocais diferentes, mais melódicas. Outro trabalho de destaque do rapaz é na pesada “Cyber God”, onde está mais próximo de Corey Taylor (Slipknot, Stone Sour) do que de Chris Barnes (Cannibal Corpse).

Outro grande destaque no disco é o trabalho de bateria de Eloy Casagrande. O garoto está um verdadeiro monstro. Toda sua criatividade e técnica podem ser conferidas na instrumental “Iceberg Dances”, que traz passagens influenciadas pelo progmetal. Sem brincadeiras.

Andreas Kisser continua sendo o homem de frente. À essa altura do campeonato, ninguém questiona mais suas habilidades nas seis cordas. Como era de se esperar, o músico fez um ótimo trabalho com ótimos riffs e excelentes solos. Paulo Jr. segura o baixo com eficiência. Para quem sente saudade de quando faziam um som mais direto, pode se deliciar com petardos do porte de “I Am The Enemy” ou “Silent Violence”, mas como disse, esse trabalho não é old school. Está mais recomendado para os fãs de Kairos do que para os fãs de Arise.

Em outras palavras, Machine Messiah traz um Sepultura pesado, criativo e com os pés no presente. Lançado na última sexta-feira 13, o trabalho tem dividido seus fãs. Tem gente que acha que ficaram com uma sonoridade internacional demais (o que é verdade, mas não vejo muito problema nisso) e tem gente afirmando que é o melhor trabalho da fase Derrick, o que também acho exagero. Meu disco favorito da fase Derrick ainda é o Roorback. De todo modo, bela banda e belo álbum. Recomendo!

Nota: 8,5 / 10,0
Status: Ousado

Faixas:
     01)   Machine Messiah
     02)   I Am The Enemy
     03)   Phantom Self
     04)   Alethea
     05)   Iceberg Dances
     06)   Sworn Oath
     07)   Resistant Parasites
     08)   Silent Violence
     09)   Vandals Nest 
     10)   Cyber God

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Janis Joplin – Little Girl Blue:



Por Davi Pascale

Documentário retrata carreira de Janis Joplin e ajuda a entender um pouco mais de sua personalidade. Sua visita ao Brasil é comentada, mas sua aventura com artista brasileiro não é sequer mencionada.

Janis Lyn Joplin é uma das artistas que fazem parte do tal clube dos 27. Uma das maiores cantoras do rock n roll se despediu desse mundo em 3 de Outubro de 1970, aos 27 anos, vítima das drogas e do álcool.

Sua carreira foi curta, mas intensa. Teve apenas 4 discos registrados, mas foi o suficiente para mudar a cena e o rumo que o gênero tomou. É inegável a influência que seu trabalho teve em milhares de artistas posteriores. Sua voz ainda impressiona. É inacreditável o alcance e o domínio que tinha com tão pouca idade. Eric Burdon e Joe Cocker são sempre referidos como cantores brancos com voz de cantores negros. O mesmo podemos dizer de Janis. A força, a intensidade, o timbre, a entrega que tinha era apenas comparável às cantoras de blues.

No longa, é comentado sobre sua mudança para San Francisco, sua entrada no Big Brother & The Holding Company, sua inevitável saída do conjunto. De quando passa de uma ilustre desconhecida para um dos grandes nomes do momento. Os músicos reconhecem que se sentiram incomodados com a atenção em cima de Janis. É explicável, uma vez que ela entrou em uma banda que já existia. Entretanto, não há como negar que o maior talento ali era ela. Sem querer desmerecê-los, mas uma audição mais atenta em suas apresentações ao vivo demonstra que estava uns dez níveis acima dos demais músicos do conjunto.

Janis sofreu alguns problemas. Foi humilhada na sua época de estudante, não gostava de sua aparência, era uma garota meia tristonha. Todos esses casos são comentados e explicados no filme. Little Girl Blue dá a entender que realmente encontrou a felicidade na estrada.

Apesar do sucesso, a artista mantinha a simplicidade. Não deixou com que o sucesso subisse à sua cabeça. Continuava se misturando com os músicos, se encontrando com os amigos. Muitos artistas entram no universo das drogas como válvula de escape, para driblar dores (físicas ou emocionais). No caso de Janis, todos os entrevistados fazem questão de afirmar que, para ela, era uma diversão. Não queria fugir de nada. Apenas curtia a sensação de estar chapada. Na cabeça dela, a morte era algo distante...

São misturadas entrevistas de pessoas próximas à ela com imagens de arquivo. Como, infelizmente, ela não está mais entre nós, foram buscadas cenas de entrevistas em programas de TV. Há também flashes dela nos bastidores, nos estúdios de gravação e, principalmente, nos palcos. Lamentavelmente não existe muito material filmado da cantora. Portanto, quem coleciona seu trabalho, já deve conhecer uma boa parte das imagens apresentadas.

No Brasil, uma história muito conhecida é a sua visita ao Rio de Janeiro, onde teria conhecido um holandês e se envolvido com o cantor Serguei. Pois bem, o tal holandês realmente aparece no filme. Conta sobre sua relação com a artista, mostra algumas imagens dos dois juntos. O artista brasileiro, contudo, foi limado da história. Não sei se ele realmente se envolveu com ela, mas os dois realmente passaram um tempo juntos...



De todo modo, Little Girl Blue dá uma boa repassada em sua curta e brilhante trajetória. Ajuda a entender um pouco suas raízes, suas decisões, seus pensamentos. Filme recomendado para qualquer fã de rock n roll que se preze.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Skank – O Samba Poconé: Edição Especial 20 Anos (2016):



Por Davi Pascale

Álbum clássico do grupo mineiro retorna ao mercado em versão luxuosa repleta de material inédito. Disco essencial na coleção dos fãs.

Em 1994, o Skank tomou as rádios de assalto com o seu segundo álbum Calango. Canções como “Te Ver”, “Jackie Tequila”, “Esmola”, “Pacato Cidadão” e “É Proibido Fumar” (releitura da fase roqueira de Roberto Carlos), tocavam sem parar nas AM´s e FM´s de todo o país. Em 1996, vinha a prova de fogo. Tinham que demonstrar que haviam vindo para ficar. Que não eram banda de um disco só. E deu certo...

Para a produção de O Samba Poconé, os músicos recrutaram Dudu Marote. Ou seja, o mesmo produtor do CD que tinha os levado ao estrelato. Mais uma vez, diversas músicas foram para as paradas de sucesso. “É Uma Partida de Futebol”, embora nunca tenha estado entre minhas preferidas, foi um enorme hit. A primeira música de trabalho, “Garota Nacional”, um dos grandes destaques do disco, também foi tocada à exaustão. Assim como a simpática balada “Tão Seu”. Faixa que foi, inclusive, regravada por outros artistas da época como Banda Eva (ainda com Ivete Sangalo nos vocais) e Penélope.

O primeiro CD do pacote é exatamente o disco da época, sem tirar, nem por. Parece que o Brasil finalmente entrou no mercado deluxe. Vale lembrar que álbuns como Cabeça Dinossauro (Titãs), Olhar (Metrô) e o debut da Legião também ganharam versões luxuosas pouco tempo atrás. Realmente, muito bacana. Espero que façam essa brincadeira com mais títulos. É realmente interessante reescutar o disco 20 anos depois e notar como a banda mudou nesse meio tempo. E, sim, o disco ainda soa bem agradável. Sem duvidas, venceu a barreira do tempo.

Reedição traz faixa inédita e diversas versões alternativas

Para quem acompanhou eles na época, o que interessa são os bônus. Pois bem, o segundo CD é formado por demos e registros de ensaio. Registros sempre interessantes de se ouvir. Contudo, as faixas que mais me chamaram a atenção estão no terceiro disco.

Tem muito ouvinte que não curte esse lance de ouvir várias versões de uma mesma faixa. Aqui no Brasil, essa prática é mais rara. No mercado internacional, contudo, é bem comum. Não apenas em edições comemorativas, como essa, mas também nos famosos singles e promos. Eu acho a prática interessante quando as versões se diferem bastante da original. Quando não é aquela onda de você ouvir a mesma coisa, várias vezes, por 4, 5 minutos para ouvir um acorde, um verso ou um fade out diferente. Se for essa a sacada, uma versão alternativa de cada faixa me basta. Aqui, contudo, há algumas versões bem diferenciadas. Embora não seja muito fã de “É Uma Partida de Futebol”, foi muito divertido escuta-la com um arranjo totalmente diferente como ocorre na versão 3.

Outras versões muito interessantes ficam por conta de “Chica Nacional”, ou seja, a versão em espanhol do hit “Garota Nacional”, a versão quase reggae de “Tão Seu” (com o subtítulo “The Stroll Through The Park”) e, principalmente, a inclusão de “Minas Com Bahia”. Durante muitos anos, os fãs só tiveram acesso à (boa) versão registrada pela musa baiana Daniela Mercury em seu quarto álbum Feijão Com Arroz. Muito legal ver essa faixa sendo resgatada.

Nos anos 90, o Skank foi um dos principais nomes da cena pop brasileira, ao lado de grupos como Cidade Negra e Jota Quest. O Samba Poconé foi um dos registros mais fortes dessa fase. Aqui, eles ainda não exploravam o lado mais rock, mais beatle, se preferir, como ocorreria anos mais em tarde em trabalhos como Maquinarama e, principalmente, Cosmotron. Contudo, se você curte música pop brasileira, é uma ótima pedida. Trabalho divertidíssimo e muito bem feito.

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Caprichado

Faixas:

CD 1:
      01)   É Uma Partida de Futebol
      02)   Eu Disse à Ela
      03)   Zé Trindade
      04)   Garota Nacional
      05)   Tão Seu
      06)   Sem Terra
      07)   Os Exilados
      08)   Um Dia Qualquer
      09)   Los Pretos
      10)   Sul da América
      11)   Poconé

CD 2:
      01)   Zé Trindade (Ensaio)
      02)   Um Dia Qualquer (Ensaio)
      03)   Los Pretos (Ensaio)
      04)   Sem Terra (Ensaio)
      05)   Eu Disse a Ela (Demo)
      06)   Zé Trindade (Demo)
      07)   Garota Nacional (Demo)
      08)   Sem Terra (Demo)
      09)   Os Exilados (Demo)
      10)   Um Dia Qualquer (Demo)
      11)   Minas Com Bahia (Demo)
      12)   Los Pretos (Demo 1)
      13)   Los Pretos (Demo 2)
      14)   Sul da América (Demo)

CD 3:
      01)   É Uma Partida de Futebol (Versão 2)
      02)   É Uma Partida de Futebol (Versão 3)
      03)   É Uma Partida de Futebol (Versão 3 Instrumental)
      04)   Eu Disse a Ela (Mix Alternativa)
      05)   Eu Disse a Ela (Instrumental)
      06)   Garota Nacional (Take 1)
      07)   Chica Nacional (Garota Nacional)
      08)   Tão Seu (The Horny European)
      09)   Tão Seu (The Note So Late Jungle Voyage)
      10)   Tão Seu (A Stroll Through The Park)
      11)   Minas Com Bahia
      12)   Sul da América (Instrumental)
      13)   Poconé (Remix)
      14)   Poconé (Remix Instrumental) 
      15)   Poconé (Mix Alternativa)

sábado, 14 de janeiro de 2017

Hansen & Friends: Three Decades In Metal (2016):



Por Davi Pascale

Kain Hansen comemora três décadas de carreira lançando seu primeiro trabalho solo que conta com diversos convidados especiais. Álbum realmente muito bacana que merece ser conferido.

Quem curte power metal, certamente sabe quem é Kai Hansen. Já tem um bom tempo que o músico lidera o Gamma Ray. Grupo que é referência dentro do cenário. Sua grande contribuição com a cena, contudo, foi o período em que esteve à frente do Helloween. Foi ele quem gravou os emblemáticos álbuns Keeper Of The Seven Keys e Walls of Jericho. Discos de cabeceira entre os fãs do gênero.

Normalmente, quando a galera lança discos comemorativos, tendem a fazer álbuns de regravações. Não é o caso aqui. O material apresentado é inédito. O grande diferencial, que ajuda a trazer o ar de celebração, é a participação especial de diversos nomes do heavy metal. Alguns já esperados (caso do ex-Helloween, Michael Kiske) e outros um tanto surpreendentes (caso de Dee Snider). Curiosamente, o músico convidou Roland Grapow para participar do disco. Exatamente, o guitarrista que o substituiu no Helloween. Realmente interessante.

Alguns convidados aparecem de maneira realmente discreta. Honestamente, gostaria de ter visto Dee Snider (Twisted Sister) e Hansi Kursch (Blind Guardian) serem mais explorados. Para quem o venera e acha que ele deveria ter gravado sozinho, não precisa esquentar a cabeça. O CD é duplo e o disco 2 é exatamente isso. Ou seja; sem os vocalistas convidados.

A primeira metade do disco aponta em um heavy metal mais tradicional. “Born Free” traz uma pegada bem agressiva, com bumbo duplo e Hansen dando seus famosos agudos. “Strange In Time” conta com riffs iniciais e linhas vocais dos versos em uma vibe bem Iron Maiden. A que mais me empolgou nessa primeira parte, contudo, foi “Enemies of Fun”. Accept total! Tanto levada de bateria, quanto linha vocal. Tinha momentos que eu jurava que o Udo estava cantando. E, de boa, puta som!

Algo precisa ser comentado de Three Decades In Metal. As guitarras estão com um peso fora do comum. O disco soa altamente empolgante, mesmo nos momentos onde ele se distancia de sua pegada mais tradicional. A segunda metade do disco conta com uma pegada mais moderna. Riffs mais palhetados, presença de teclados. A partir de “Fire And Ice”, o disco dá uma mudada de direção. A minha preferida nessa segunda parte é “Burning Bridges” que conta com um refrão bem pegajoso.

Na hora de fechar, o CD, contudo, ele volta à sua pegada tradicional. O disco fecha como abriu. Um heavy metal mais agressivo que traz todas as características que seus fãs esperam. Embora seus arranjos sejam variados, a qualidade das composições é alta. E os convidados também. Para se ter uma ideia, além dos nomes já citados, temos convidados do porte de Ralf Scheepers (Primal Fear), Michael Weikath (Helloween) e Tobias Sammet (Edguy). Discaço!

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Empolgante

Faixas:

CD 1:
      01)   Born Free
      02)   Enemies of Fun (Ralf Scheepers &  Piet Sielck)
      03)   Contract Song (Dee Snider & Steve McT)
      04)   Making Headlines (Tobias Sammet)
      05)   Stranger In Time (Michael Kiske, Frank Beck, Tobias Sammet & Roland Grapow)
      06)   Fire And Ice (Clementine Delauney, Marcus Bischoff, Richard Sjunnesson & Michael Weikath)
      07)   Left Behind (Alexander Dietz & Clementine Delauney)
      08)   All or Nothing (Clementine Delauney)
      09)   Burning Bridges (Eike Freese)  
      10)   Follow The Sun (Hansi Kursch & Tim Hansen)

CD 2:

Mesmo repertorio somente com Kai nos vocais

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Dead Daisies – Dead Daisies (2013):



Por Davi Pascale

Atenção: Em 2017, o Riff Virtual deixa de ser diário. A partir de agora, postarei textos às segundas, quartas e sextas. Com isso, terei mais tempo para descobrir coisas novas e também mais tempo para elaborar melhor meus textos. Obrigado pelo apoio de todos vocês!

Debut da banda trazia formação diferente, sonoridade diferente e convidado para lá de especial. Disco, contudo, agradará aos velhos rockers.

Já escrevi algumas vezes aqui sobre esse grupo que tem crescido cada vez mais. Cheguei a comentar até sobre a apresentação deles que assisti recentemente no cruzeiro do Kiss. A formação atual é praticamente perfeita e faz um hard rock empolgante, com bastante referência de anos 70 e 80. O debut era um pouco diferente.

Nesse primeiro CD, não tínhamos ainda Doug Aldrich (Whitesnake, Dio), nem o Brian Tichy (Pride & Glory), nem o John Corabi (Motley Crue). A bateria ficava a cargo de Frank Ferrer, da formação atual do Guns n Roses. A guitarra ficava por conta de Richard Fortrus, mais um da trupe de Axl Rose, sem falar nos teclados que contavam com as mãos de Dizzy Reed. O vocalista aqui era o Jon Stevens, o rapaz que assumiu os vocais do INXS após a morte do emblemático Michael Hutchence. Da formação atual, apenas o guitarrista David Lowy (criador da banda) e o baixista Marco Mendoza (Whitesnake).

Muitos criticam os guitarristas do Guns que fizeram parte dessa formação reformulada. Entendo e até concordo em partes. Realmente, é estranho ir à um show do Guns e só encontrar o rosto de Axl. No lugar dele, não teria usado o nome do Guns nesse período. Teria me lançado como artista solo.  Concordo que os trabalhos de guitarra mais impactantes são dos álbuns antigos. De todo modo, quem assistia as apresentações sem levar tudo à tão ferro e fogo, notava que os caras eram bons músicos, sim, e desempenhavam bem seu papel. Tanto que o trabalho de guitarra do Richard Fortrus aqui é excelente.

Talvez a escolha do vocal pareça estranha para alguns. E realmente é, mas não façam confusão. O INXS chegou a lançar um álbum em 2005 com o nome de The Switch, onde o vocalista tentava emular Hutchence, não se trata desse cara. Aquele era J.D. Fortune. Esse rapaz aqui cantou com eles durante 4 anos (2000-2003), mas nunca lançou nenhum disco com o grupo. Tem uma voz bacana, bom alcance, timbre legal, casou bem com a sonoridade do conjunto.

Qual a sonoridade do conjunto afinal? Como havia dito, a pegada aqui é um pouco diferente. Sim, já era um grupo de hard rock, mas não tinha essa pegada mais oitentista, esse ar mais festivo e o som era mais limpo, com menos distorção. Era uma pegada mais 70´s. Inclusive, com alguns momentos bem Rolling Stones. Algo que vocês podem conferir em faixas como “Washington”, “Yesterday” ou até mesmo “Yeah Yeah Yeah”.

Esse disco chegou às minhas mãos pela revista Classic Rock Magazine. Veio encartado em uma das edições. Na época, não sabia muito bem do que se tratava. Claro que depois fui pesquisar sobre, mas já era nítido, desde a primeira audição, que os caras sabiam o que estavam fazendo ali. Tudo muito bem tocado, muito bem gravado, muito bem cantado. “It´s Gonna Take Time” e “Bible Row” soam empolgantes. “Writing On The Wall” traz uma levada de violão que remete aos trabalhos iniciais de Rod Stewart.

Contudo, para os fãs de Guns n Roses (acredito que muitos deles pegarão esse álbum para ouvir), a cereja do bolo é a participação do Slash no single “Lock ‘n ‘ Load”. Não é preciso muito mais do que alguns segundos para reconhecer sua guitarra. Embora os versos sejam bem com essa sonoridade 70´s, no refrão ela dá uma bela crescida. Acredito que entre todas as músicas presentes aqui, essa seja a que mais se assemelha ao que eles fazem hoje.

Em resumo, as faixas são ótimas, o trabalho é excelente e os músicos, embora não sejam os mesmos, são muito competentes também. Contudo, como disse, o som era menos sujo e menos 80´s. Portanto, se você começou com os discos da fase Corabi, vá com calma. Agora, que é um álbum divertidíssimo, ah... isso é!!

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Muito bom

Faixas:
01)   It´s Gonna Take Time
      02)   Lock n´ Load (feat. Slash)
      03)   Washington
      04)   Yeah Yeah Yeah
      05)   Yesterday
      06)   Writing On The Wall
      07)   Miles In Front Of Me
      08)   Bible Row
      09)   Man Overboard
      10)   Tomorrow
      11)   Can´t Fight This Feeling
      12)   Talk To Me 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Melhores de 2016


Por Davi Pascale
Publicado originalmente no site Consultoria do Rock no dia 31/12/2016
2016 está chegando ao fim. Foi um bom ano em termos de lançamentos. Artistas de longa data entregando trabalhos empolgantes, bandas mais recentes fazendo discos inspirados. Infelizmente, não deu para colocar tudo que gostaria. Para chegar à relação final, escutei algumas centenas de discos e optei por colocar aqueles que me empolgaram logo na primeira audição. Como sempre, não me preocupei em focar artistas novos, nem artistas desconhecidos, apenas coloquei aquilo que me surpreendeu de imediato. E, claro, procurei focar no bom e velho rock n roll. E bahhh, já ia me esquecendo, Feliz Ano Novo pessoal!!!

Metallica – Hardwired To Self-Destruct

Assim que assisti ao clipe de “Hardwired” minha empolgação foi à 1.000. Metallica sempre teve detratores e sempre continuará tendo. Contudo, sempre entregaram um produto de qualidade e aqui não é diferente. Trabalho empolgante com ótimos riffs, vocal certeiro de James Hetfield e a bateria sempre criativa de Lars Ulrich. Virou moda criticar o Lars, mas uma coisa é fato. Sem ele, Metallica não seria o Metallica. A bateria dele é tão típica quanto as linhas vocais de James. Musicalmente, temos um trabalho pesado e repleto de ótimas canções. Há, realmente, alguns momentos que nos remetem ao Metallica de Kill ´Em All, mas também há momentos que nos remetem ao Black Album e até mesmo ao Load. Portanto, se você está esperando um disco volta às raízes, vá com calma. Se você está esperando um ótimo CD e nada mais do que isso, vá sem medo!

Dead Daisies – Make Some Noise
Tecnicamente não tem o que falar desses caras. Só feras… Marco Mendoza? Foda! Doug Aldrich? Foda! Brian Tichy? Foda! John Corabi? Foda! E o repertório é animal. Embora tenham somente músicos de primeira grandeza, o álbum não é exibicionista. Privilegiaram as melodias, ao invés da técnica. O que temos aqui é um álbum de hard rock absolutamente matador. Momentos de destaque: “Long Way To Go”, “Song And a Prayer”, “Last Time I Saw The Sun”, “Mainline”, além da versão empolgante de “Join´ Together” (The Who). Aula de rock n´ roll!!!!

Whitford / St Holmes – Reunion
Em uma palavra: fantástico. O guitarrista do Aerosmtih une-se ao cantor do Ted Nugent, mais uma vez, e o resultado não poderia ser outro. Hard rock alto astral com uma competência fora do comum. Troy Lucketta (Tesla) foi o responsável pelas baquetas e faz um trabalho eficiente. Quem mais impressiona, contudo, é St Holmes. O cara ainda canta muito!! E não é arremedo de estúdio, não. Assisti esse projeto ao vivo e o cara realmente arrebenta. Escute “Shapes” e “Rock All Day” e veja se você não fica com vontade de sair pulando na cama…

Glenn Hughes – Resonate
Esse é outro que ainda canta pra cacete. Mas aqui já era esperado. Afinal, não é por acaso que ele recebeu o título de ‘the voice of rock’. O novo álbum do Voodoo Hill não me empolgou muito. Achei as composições bem sem sal. Não posso dizer o mesmo de Resonate. Pelo contrário, fazia tempo que um álbum do Glenn Hughes não me empolgava tanto. “Landmines” remete à seus tempos de Feel; “How Long” e “Steady” emocionará aos fãs do Purple, contudo a pegada do álbum é outra. Temos aqui um álbum pesadaço, com guitarras sujas e vocais cortantes. Escute “Let It Shine”, “My Town” e “God of Money” para entender o que estou dizendo.

Blues Pills – Lady In Gold
Uma das bandas mais legais que surgiram nos últimos tempos. Em seu segundo álbum, os suecos voltam mais psicodélicos, além de apostar em uma maior influencia de soul. Sim, a pegada hard e blues permanecem. O grande destaque do conjunto continua sendo a voz de Elin Larsson. Honestamente, achei o repertório desse disco mais consistente do que o do seu (bom) debut. Momentos de destaque: “Lady In Gold”, “Little Boy Preacher”, “Burned Out”, “Bad Talker”, “You Gotta Try” e “Rejection”.

Fates Warning – Theories Of Flight
No Brasil, quando se fala prog metal, escuta-se em seguida as palavras Dream Theater quase como se fosse um mantra. Realmente, o trabalho dos caras é absurdo, mas existem outros grupos muito competentes dentro do gênero. O Fates Warning é um deles e esse novo disco é a prova disso. Os músicos também são excelentes. Bobby Jarzombek fez um trabalho de bateria absurdo, Jim Matheos está arregaçando nas guitarras e Ray Alder está cantando pra cacete. Os músicos conseguem mesclar o lado técnico com composições empolgantes. Apenas duas faixas são longas e, mesmo assim, não são cansativas. Aliás, colocaria “The Light And The Shade of Things” em destaque ao lado de “Seven Stars” (altas influências de Queensryche) e “Like Stars Our Eyes Have Seen”. Fantástico!

Kansas – The Prelud Implicit
O Kansas ficou famoso por associar as melodias fáceis do pop às passagens complexas do progressivo. E assim é, mais uma vez, em The Prelude Implicit. Mesmo tendo perdido alguns integrantes importantes, Kerry Livgren e Steve Walsh abandonaram o grupo, a qualidade foi mantida. A essência do conjunto permanece. Os vocais melódicos estão aqui, a influencia do hard rock está aqui, as orquestrações estão aqui, os momentos viajados do progressivo estão aqui. Trabalho lindíssimo que beira a perfeição. Faixas preferidas: “With This Heart”, “Visibility Zero”, “Camouflage” e “Summer”.

Airbourne – Breakin´ Outta Hell
Certamente, não são a banda mais original do mundo. O que esses caras fazem é meio que uma continuação daquilo que o AC/DC fez por décadas. Bateria reta, vocal berrado, guitarra na cara. As letras também não trazem nenhuma novidade para quem escuta rock há alguns anos. Versam sobre vida na estrada, garotas e bebidas. Entretanto, a fórmula funciona incrivelmente bem e eles conseguem soar empolgantes e interessantes. Disco para ouvir no ultimo volume.

King Bird – Got Newz
No cenário brasileiro, essa foi uma das melhores bandas que surgiu nos últimos anos. João Luiz está fora da banda. Para seu lugar veio Tom Cremon. A entrada do novo integrante trouxe sangue novo para os garotos. A banda deu uma renovada em sua sonoridade. Sim, a influencia 70´s continua aqui – algumas passagens de “Immortal Rider”, por exemplo, remetem à Rainbow – mas essa não é mais a dinâmica do álbum como um todo. Os músicos fizeram um trabalho mais moderno, com várias referências de 80´s e uma mixagem mais moderna. Recomendado aos fãs de Gotthard.

Michael Sweet – One Sided War
Esse cara é dono de uma vez absurda. O trabalho vocal que ele fez em Against the Law é de cair de joelhos. Na sua carreira solo, já explorou diversas sonoridades. Fez álbuns mais pops, trabalhos mais acústicos, trabalhos mais modernos. One Sided War mantém o peso de I´m Not Your Suicide, mas traz uma sonoridade menos moderna, mais próxima daquilo que o Stryper faz. Aliás os fãs do conjunto irão delirar em faixas como “Comfort Zone” e “One Sided War”. Além de cantar incrivelmente bem, também toca guitarra muito bem. O trabalho de guitarra aqui também está muito bom. Os grandes destaques do disco ficam por conta de “Bizarre”, “Golden Age”, “You Make Me Wanna” e “One Way Up”.

Mais alguns álbuns brasileiros….

Busic – Busic

Esse disco eu só tive acesso depois que minha lista já tinha sido fechada e enviada, portanto, acabou ficando de fora da lista oficial. Me surpreendeu a rapidez dos caras para construírem uma nova banda. Quem curtia a sonoridade do Dr. Sin, pode ir sem medo. Ivan e Andria continuam tocando no mesmo estilo que sempre tocaram. Andria está cantando extremamente bem. A sonoridade é aquele hard rock gostoso que sempre souberam fazer como ninguém, só que com uma sonoridade um pouco mais direta e letras em português. Não faltam referências de Queen, Rush e Van Halen no som da banda. Recomendado aos fãs de Dr. Sin e Taffo.

Céu – Tropix
Sim, acompanho artistas que não fazem parte do hall do rock n roll. Aqui, sempre procuro manter o foco no rock por conta da proposta do site, mas quando alguém faz algo tão bem feito, merece ser citado. Algo muito bacana na Céu é que ela faz um som com bastante personalidade. Além disso, a moça nunca se repetiu. Cada disco dela traz uma novidade. Em seu debut, deu o que falar ao misturar mpb e pop com dub e reggae. Em Caravana Sereia Bloom, fez um trabalho mais acessível explorando mais as guitarras e uma levada mais brega, por assim dizer. Dessa vez, mergulha no universo das batidas eletrônicas usando e abusando dos sintetizadores. Tropix traz um repertório altamente consistente, mais da metade do disco já caiu na boca dos seus admiradores, e é muito bem gravado. Disco que por muuuuito pouco não entrou na lista oficial. Se você não curte apenas rock n roll, vale uma checada. Faixas de destaque: “Amor Pixelado”, “Varanda Suspensa”, “A Nave Vai” e “Arrastarte-ei”. Também vale citar a releitura de “Chico Buarque Song”, do cultuado Fellini.

Lobão – O Rigor e a Misericordia
Muitos pegaram raiva do músico por conta de ter mudado de lado na política. Só lamento… Lobão é um dos artistas mais interessantes do rock nacional e O Rigor e a Misericordia não deixa por menos. Letras inteligentes e bem escritas, ótimo som de guitarra, bom som de bateria. O musico fez o álbum praticamente sozinho. Gravou baixo, guitarra, bateria, violão, voz, teclado, compôs, produziu. Algo que não tenho certeza se muitos dos que o criticam, conseguiriam. O disco é praticamente épico e traz verdadeiras pérolas como “Os Vulneráveis”, “Uma Ilha Na Lua” e “Dilacerar”. Nos anos 90, ele fez um dos melhores discos brasileiros da década e não teve toda a atenção que merecia (o fantástico A Vida é Doce). Esse novo trabalho não é tão genial quanto o A Vida É Doce, mas ainda assim é um belíssimo trabalho e merece ser apreciado. Esqueça essa discussão inútil/infantil de coxinha x mortadela (diferentes pontos de vista é algo que sempre existiu e sempre irá existir) e ouça o disco.

Álbuns de Covers:

Ace Frehley – Origins Vol 1
O ex-guitarrista do Kiss recorre às suas influências e entrega um álbum de rock n roll honesto e impactante. Ace nunca foi um grande cantor, mas soube escolher musicas que encaixam na sua voz sempre característica, portanto o resultado final da parte vocal ficou agradável. Na guitarra, por outro lado, sempre foi mágico e isso não muda aqui. Sua guitarra está com um puta timbre e sua performance é inspirada. Como se não bastasse, ainda trouxe seu ex-parceiro Paul Stanley para uma versão matadora de “Fire And Water” (Free). Vale conferir.

Melissa Etheridge – Memphis Rock & Soul
Se não tivesse a regra de que álbuns covers e ao vivo não podem aparecer na lista final, esse estaria na lista principal e em uma ótima posição. Melissa Etheridge é dona de uma discografia bem interessante (ok, um ou outro álbum fraquinho, mas no geral, bem interessante) e uma ótima voz. Forte, rasgada e com uma afinação invejável. Aqui, recorre ao material do selo Stax e resgata suas origens dentro do universo da soul music. Artistas como Otis Redding e Sam & Dave estão entre os homenageados… Trabalho inspiradíssimo!

DVD´s Ao Vivo…

Kiss – Kiss Rocks Vegas
Fui um dos malucos que correu para os cinemas para assistir a única transmissão que fariam. Apenas 1 dia e 1 horário. Sim, teve isso aqui no Brasil também! Aquela velha história: para quem é fã da banda, diversão mais do que garantida. Quem não é fã, continuará não sendo. Gravado nos cassinos de Las Vegas, os rapazes entregam uma performance típica do Kiss. Palco super produzido, músicos com uma ótima presença de palco, repertório repleto de hits e banda redondíssima. Não faltam clássicos como “Detroit Rock City”, “Creatures Of The Night”, “War Machine”, “I Love It Loud”, “Shout It Out Loud”… Divertidíssimo!

Motley Crue – The End
Vídeo com o show de despedida do Motley. Sempre gostei muito da banda e tive a felicidade de assistir o grupo ao vivo 2 vezes (1 no Credicard Hall e outra no Rock in Rio). É exatamente aquilo que esperamos dos rapazes. Show alto astral. Tommy Lee com performances espalhafatosas na bateria, Mick Mars com uma precisão cirúrgica na guitarra, Vince Neil e Nikki Sixx com o carisma de sempre. Repertório focado em sua fase de ouro com clássicos como “Girls, Girls, Girls”, “Live Wire” e “Look That Kill”. O setlist não é tão extenso quanto ao de Carnival of Sins, mas o show é igualmente empolgante. Recomendadíssimo!

Twisted Sister – Metal Meltdown
Outra banda que lançou show de despedida. O monstro Mike Portnoy assumiu as baquetas na tour final (para quem está por fora, A.J. Pero morreu) e acaba sendo uma curiosidade adicional, já que o repertório é bem similar ao dos demais DVD´s ao vivo do conjunto. Entretanto, assistir o Twisted é sempre diversão garantida. Show enérgico com Dee Snider pulando de um lado para o outro e com diversas músicas que marcaram nossa geração. Ou seja; “The Kids Are Back”, “You Can´t Kill Rock n´Roll”, “The Price”, além de, é claro, “I Wanna Rock” e “We´re Not Gonna Take It”. As maquiagens espalhafatosas não estão mais aqui, mas a energia segue intacta.

Melhores Shows…
Internacionais:
Kiss – Kiss Kruise VI
Dead Daisies – Kiss Kruise VI

Nacionais:
Lulu Santos – Clube Atlético Aramaçan (Santo André)
Lobão – Teatro Paulo Machado (São Caetano)

Pior Notícia do Ano: Morte do Prince, David Bowie, George Michael, Nick Menza e George Martin.
Assim como em 2015, vários de nossos heróis se despediram dessa esfera. Entretanto, esses foram os que mais me entristeceram. Não sei o que está pegando, mas os grandes nomes do pop estão todos morrendo muito antes do que deveriam. George Michael e Prince morreram na casa dos 50, assim como aconteceu com o rei do pop Michael Jackson. David Bowie já era um pouco mais velho, mas mesmo assim longe de ser considerado fazendo hora extra. Nick Menza, meu baterista favorito do Megadeth desde sempre, é outro que se foi cedo demais. Em relação ao George Martin, esse realmente já era mais velhinho, mas é sempre triste ver uma parte da história de música se evaporando. O cara foi um gênio! Torcendo para que em 2017 essas notícias venham em menor proporção.