segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Melhores de 2016


Por Davi Pascale
Publicado originalmente no site Consultoria do Rock no dia 31/12/2016
2016 está chegando ao fim. Foi um bom ano em termos de lançamentos. Artistas de longa data entregando trabalhos empolgantes, bandas mais recentes fazendo discos inspirados. Infelizmente, não deu para colocar tudo que gostaria. Para chegar à relação final, escutei algumas centenas de discos e optei por colocar aqueles que me empolgaram logo na primeira audição. Como sempre, não me preocupei em focar artistas novos, nem artistas desconhecidos, apenas coloquei aquilo que me surpreendeu de imediato. E, claro, procurei focar no bom e velho rock n roll. E bahhh, já ia me esquecendo, Feliz Ano Novo pessoal!!!

Metallica – Hardwired To Self-Destruct

Assim que assisti ao clipe de “Hardwired” minha empolgação foi à 1.000. Metallica sempre teve detratores e sempre continuará tendo. Contudo, sempre entregaram um produto de qualidade e aqui não é diferente. Trabalho empolgante com ótimos riffs, vocal certeiro de James Hetfield e a bateria sempre criativa de Lars Ulrich. Virou moda criticar o Lars, mas uma coisa é fato. Sem ele, Metallica não seria o Metallica. A bateria dele é tão típica quanto as linhas vocais de James. Musicalmente, temos um trabalho pesado e repleto de ótimas canções. Há, realmente, alguns momentos que nos remetem ao Metallica de Kill ´Em All, mas também há momentos que nos remetem ao Black Album e até mesmo ao Load. Portanto, se você está esperando um disco volta às raízes, vá com calma. Se você está esperando um ótimo CD e nada mais do que isso, vá sem medo!

Dead Daisies – Make Some Noise
Tecnicamente não tem o que falar desses caras. Só feras… Marco Mendoza? Foda! Doug Aldrich? Foda! Brian Tichy? Foda! John Corabi? Foda! E o repertório é animal. Embora tenham somente músicos de primeira grandeza, o álbum não é exibicionista. Privilegiaram as melodias, ao invés da técnica. O que temos aqui é um álbum de hard rock absolutamente matador. Momentos de destaque: “Long Way To Go”, “Song And a Prayer”, “Last Time I Saw The Sun”, “Mainline”, além da versão empolgante de “Join´ Together” (The Who). Aula de rock n´ roll!!!!

Whitford / St Holmes – Reunion
Em uma palavra: fantástico. O guitarrista do Aerosmtih une-se ao cantor do Ted Nugent, mais uma vez, e o resultado não poderia ser outro. Hard rock alto astral com uma competência fora do comum. Troy Lucketta (Tesla) foi o responsável pelas baquetas e faz um trabalho eficiente. Quem mais impressiona, contudo, é St Holmes. O cara ainda canta muito!! E não é arremedo de estúdio, não. Assisti esse projeto ao vivo e o cara realmente arrebenta. Escute “Shapes” e “Rock All Day” e veja se você não fica com vontade de sair pulando na cama…

Glenn Hughes – Resonate
Esse é outro que ainda canta pra cacete. Mas aqui já era esperado. Afinal, não é por acaso que ele recebeu o título de ‘the voice of rock’. O novo álbum do Voodoo Hill não me empolgou muito. Achei as composições bem sem sal. Não posso dizer o mesmo de Resonate. Pelo contrário, fazia tempo que um álbum do Glenn Hughes não me empolgava tanto. “Landmines” remete à seus tempos de Feel; “How Long” e “Steady” emocionará aos fãs do Purple, contudo a pegada do álbum é outra. Temos aqui um álbum pesadaço, com guitarras sujas e vocais cortantes. Escute “Let It Shine”, “My Town” e “God of Money” para entender o que estou dizendo.

Blues Pills – Lady In Gold
Uma das bandas mais legais que surgiram nos últimos tempos. Em seu segundo álbum, os suecos voltam mais psicodélicos, além de apostar em uma maior influencia de soul. Sim, a pegada hard e blues permanecem. O grande destaque do conjunto continua sendo a voz de Elin Larsson. Honestamente, achei o repertório desse disco mais consistente do que o do seu (bom) debut. Momentos de destaque: “Lady In Gold”, “Little Boy Preacher”, “Burned Out”, “Bad Talker”, “You Gotta Try” e “Rejection”.

Fates Warning – Theories Of Flight
No Brasil, quando se fala prog metal, escuta-se em seguida as palavras Dream Theater quase como se fosse um mantra. Realmente, o trabalho dos caras é absurdo, mas existem outros grupos muito competentes dentro do gênero. O Fates Warning é um deles e esse novo disco é a prova disso. Os músicos também são excelentes. Bobby Jarzombek fez um trabalho de bateria absurdo, Jim Matheos está arregaçando nas guitarras e Ray Alder está cantando pra cacete. Os músicos conseguem mesclar o lado técnico com composições empolgantes. Apenas duas faixas são longas e, mesmo assim, não são cansativas. Aliás, colocaria “The Light And The Shade of Things” em destaque ao lado de “Seven Stars” (altas influências de Queensryche) e “Like Stars Our Eyes Have Seen”. Fantástico!

Kansas – The Prelud Implicit
O Kansas ficou famoso por associar as melodias fáceis do pop às passagens complexas do progressivo. E assim é, mais uma vez, em The Prelude Implicit. Mesmo tendo perdido alguns integrantes importantes, Kerry Livgren e Steve Walsh abandonaram o grupo, a qualidade foi mantida. A essência do conjunto permanece. Os vocais melódicos estão aqui, a influencia do hard rock está aqui, as orquestrações estão aqui, os momentos viajados do progressivo estão aqui. Trabalho lindíssimo que beira a perfeição. Faixas preferidas: “With This Heart”, “Visibility Zero”, “Camouflage” e “Summer”.

Airbourne – Breakin´ Outta Hell
Certamente, não são a banda mais original do mundo. O que esses caras fazem é meio que uma continuação daquilo que o AC/DC fez por décadas. Bateria reta, vocal berrado, guitarra na cara. As letras também não trazem nenhuma novidade para quem escuta rock há alguns anos. Versam sobre vida na estrada, garotas e bebidas. Entretanto, a fórmula funciona incrivelmente bem e eles conseguem soar empolgantes e interessantes. Disco para ouvir no ultimo volume.

King Bird – Got Newz
No cenário brasileiro, essa foi uma das melhores bandas que surgiu nos últimos anos. João Luiz está fora da banda. Para seu lugar veio Tom Cremon. A entrada do novo integrante trouxe sangue novo para os garotos. A banda deu uma renovada em sua sonoridade. Sim, a influencia 70´s continua aqui – algumas passagens de “Immortal Rider”, por exemplo, remetem à Rainbow – mas essa não é mais a dinâmica do álbum como um todo. Os músicos fizeram um trabalho mais moderno, com várias referências de 80´s e uma mixagem mais moderna. Recomendado aos fãs de Gotthard.

Michael Sweet – One Sided War
Esse cara é dono de uma vez absurda. O trabalho vocal que ele fez em Against the Law é de cair de joelhos. Na sua carreira solo, já explorou diversas sonoridades. Fez álbuns mais pops, trabalhos mais acústicos, trabalhos mais modernos. One Sided War mantém o peso de I´m Not Your Suicide, mas traz uma sonoridade menos moderna, mais próxima daquilo que o Stryper faz. Aliás os fãs do conjunto irão delirar em faixas como “Comfort Zone” e “One Sided War”. Além de cantar incrivelmente bem, também toca guitarra muito bem. O trabalho de guitarra aqui também está muito bom. Os grandes destaques do disco ficam por conta de “Bizarre”, “Golden Age”, “You Make Me Wanna” e “One Way Up”.

Mais alguns álbuns brasileiros….

Busic – Busic

Esse disco eu só tive acesso depois que minha lista já tinha sido fechada e enviada, portanto, acabou ficando de fora da lista oficial. Me surpreendeu a rapidez dos caras para construírem uma nova banda. Quem curtia a sonoridade do Dr. Sin, pode ir sem medo. Ivan e Andria continuam tocando no mesmo estilo que sempre tocaram. Andria está cantando extremamente bem. A sonoridade é aquele hard rock gostoso que sempre souberam fazer como ninguém, só que com uma sonoridade um pouco mais direta e letras em português. Não faltam referências de Queen, Rush e Van Halen no som da banda. Recomendado aos fãs de Dr. Sin e Taffo.

Céu – Tropix
Sim, acompanho artistas que não fazem parte do hall do rock n roll. Aqui, sempre procuro manter o foco no rock por conta da proposta do site, mas quando alguém faz algo tão bem feito, merece ser citado. Algo muito bacana na Céu é que ela faz um som com bastante personalidade. Além disso, a moça nunca se repetiu. Cada disco dela traz uma novidade. Em seu debut, deu o que falar ao misturar mpb e pop com dub e reggae. Em Caravana Sereia Bloom, fez um trabalho mais acessível explorando mais as guitarras e uma levada mais brega, por assim dizer. Dessa vez, mergulha no universo das batidas eletrônicas usando e abusando dos sintetizadores. Tropix traz um repertório altamente consistente, mais da metade do disco já caiu na boca dos seus admiradores, e é muito bem gravado. Disco que por muuuuito pouco não entrou na lista oficial. Se você não curte apenas rock n roll, vale uma checada. Faixas de destaque: “Amor Pixelado”, “Varanda Suspensa”, “A Nave Vai” e “Arrastarte-ei”. Também vale citar a releitura de “Chico Buarque Song”, do cultuado Fellini.

Lobão – O Rigor e a Misericordia
Muitos pegaram raiva do músico por conta de ter mudado de lado na política. Só lamento… Lobão é um dos artistas mais interessantes do rock nacional e O Rigor e a Misericordia não deixa por menos. Letras inteligentes e bem escritas, ótimo som de guitarra, bom som de bateria. O musico fez o álbum praticamente sozinho. Gravou baixo, guitarra, bateria, violão, voz, teclado, compôs, produziu. Algo que não tenho certeza se muitos dos que o criticam, conseguiriam. O disco é praticamente épico e traz verdadeiras pérolas como “Os Vulneráveis”, “Uma Ilha Na Lua” e “Dilacerar”. Nos anos 90, ele fez um dos melhores discos brasileiros da década e não teve toda a atenção que merecia (o fantástico A Vida é Doce). Esse novo trabalho não é tão genial quanto o A Vida É Doce, mas ainda assim é um belíssimo trabalho e merece ser apreciado. Esqueça essa discussão inútil/infantil de coxinha x mortadela (diferentes pontos de vista é algo que sempre existiu e sempre irá existir) e ouça o disco.

Álbuns de Covers:

Ace Frehley – Origins Vol 1
O ex-guitarrista do Kiss recorre às suas influências e entrega um álbum de rock n roll honesto e impactante. Ace nunca foi um grande cantor, mas soube escolher musicas que encaixam na sua voz sempre característica, portanto o resultado final da parte vocal ficou agradável. Na guitarra, por outro lado, sempre foi mágico e isso não muda aqui. Sua guitarra está com um puta timbre e sua performance é inspirada. Como se não bastasse, ainda trouxe seu ex-parceiro Paul Stanley para uma versão matadora de “Fire And Water” (Free). Vale conferir.

Melissa Etheridge – Memphis Rock & Soul
Se não tivesse a regra de que álbuns covers e ao vivo não podem aparecer na lista final, esse estaria na lista principal e em uma ótima posição. Melissa Etheridge é dona de uma discografia bem interessante (ok, um ou outro álbum fraquinho, mas no geral, bem interessante) e uma ótima voz. Forte, rasgada e com uma afinação invejável. Aqui, recorre ao material do selo Stax e resgata suas origens dentro do universo da soul music. Artistas como Otis Redding e Sam & Dave estão entre os homenageados… Trabalho inspiradíssimo!

DVD´s Ao Vivo…

Kiss – Kiss Rocks Vegas
Fui um dos malucos que correu para os cinemas para assistir a única transmissão que fariam. Apenas 1 dia e 1 horário. Sim, teve isso aqui no Brasil também! Aquela velha história: para quem é fã da banda, diversão mais do que garantida. Quem não é fã, continuará não sendo. Gravado nos cassinos de Las Vegas, os rapazes entregam uma performance típica do Kiss. Palco super produzido, músicos com uma ótima presença de palco, repertório repleto de hits e banda redondíssima. Não faltam clássicos como “Detroit Rock City”, “Creatures Of The Night”, “War Machine”, “I Love It Loud”, “Shout It Out Loud”… Divertidíssimo!

Motley Crue – The End
Vídeo com o show de despedida do Motley. Sempre gostei muito da banda e tive a felicidade de assistir o grupo ao vivo 2 vezes (1 no Credicard Hall e outra no Rock in Rio). É exatamente aquilo que esperamos dos rapazes. Show alto astral. Tommy Lee com performances espalhafatosas na bateria, Mick Mars com uma precisão cirúrgica na guitarra, Vince Neil e Nikki Sixx com o carisma de sempre. Repertório focado em sua fase de ouro com clássicos como “Girls, Girls, Girls”, “Live Wire” e “Look That Kill”. O setlist não é tão extenso quanto ao de Carnival of Sins, mas o show é igualmente empolgante. Recomendadíssimo!

Twisted Sister – Metal Meltdown
Outra banda que lançou show de despedida. O monstro Mike Portnoy assumiu as baquetas na tour final (para quem está por fora, A.J. Pero morreu) e acaba sendo uma curiosidade adicional, já que o repertório é bem similar ao dos demais DVD´s ao vivo do conjunto. Entretanto, assistir o Twisted é sempre diversão garantida. Show enérgico com Dee Snider pulando de um lado para o outro e com diversas músicas que marcaram nossa geração. Ou seja; “The Kids Are Back”, “You Can´t Kill Rock n´Roll”, “The Price”, além de, é claro, “I Wanna Rock” e “We´re Not Gonna Take It”. As maquiagens espalhafatosas não estão mais aqui, mas a energia segue intacta.

Melhores Shows…
Internacionais:
Kiss – Kiss Kruise VI
Dead Daisies – Kiss Kruise VI

Nacionais:
Lulu Santos – Clube Atlético Aramaçan (Santo André)
Lobão – Teatro Paulo Machado (São Caetano)

Pior Notícia do Ano: Morte do Prince, David Bowie, George Michael, Nick Menza e George Martin.
Assim como em 2015, vários de nossos heróis se despediram dessa esfera. Entretanto, esses foram os que mais me entristeceram. Não sei o que está pegando, mas os grandes nomes do pop estão todos morrendo muito antes do que deveriam. George Michael e Prince morreram na casa dos 50, assim como aconteceu com o rei do pop Michael Jackson. David Bowie já era um pouco mais velho, mas mesmo assim longe de ser considerado fazendo hora extra. Nick Menza, meu baterista favorito do Megadeth desde sempre, é outro que se foi cedo demais. Em relação ao George Martin, esse realmente já era mais velhinho, mas é sempre triste ver uma parte da história de música se evaporando. O cara foi um gênio! Torcendo para que em 2017 essas notícias venham em menor proporção.

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