quarta-feira, 31 de maio de 2017

Kiko Zambianchi – Sesc Santo Andre (27/05/2017):



Por Davi Pascale

Lá fui eu para mais um showzinho. Dessa vez, do musico Kiko Zambianchi. A galera mais nova é capaz de recordar dele dobrando os violões e as vozes no Acústico MTV do Capital Inicial. A galera mais antiga irá recordar dele nos programas de auditório e trilhas de novela nos anos 80.

Embora seja um bom músico, um bom cantor e um ótimo compositor, a discografia de Kiko Zambianchi é curta. São apenas 5 álbuns de estúdio e um de remixes. O mega-sucesso “Hey Jude” fez com que o cantor se rebelasse e procurasse se afastar da cena por alguns anos. Sua ousada escolha faz com que pague o preço. O músico hoje luta para conseguir colocar seu CD e DVD acústico no mercado. Mesmo sendo contratado por uma grande gravadora (Sony Music). A major diz que o lançamento já ocorreu, já que o álbum está nas plataformas digitais. E uma vez que o publico dele não é um consumidor de Deezer, Spotify e afins, muitos não sabem nem da existência do projeto. O que é uma pena (em breve, irei escrever sobre ele aqui)...

O show no último sábado trouxe algumas surpresas. Uma, a quantidade do publico. Por estar afastado da mídia, acreditava que talvez não lotasse. Entretanto, os ingressos esgotaram-se. A maior surpresa, contudo, foi quando o músico decidiu mudar todo o seu show e entregar aos presentes um show elétrico, em formato de power trio e com uma pegada bem rock n roll. “Esse show era para ser realmente acústico, mas resolvi fazer diferente na ultima hora”, explicou o cantor após as primeiras músicas.

A apresentação tem perto de 90 minutos, mas o repertório é longo, já que suas músicas não são muito compridas. Seu álbum de estreia Choque recebeu bastante destaque e teve diversas músicas executadas como “Jony”, “Choque”, “Rolam As Pedras” e “Primeiros Erros”. Sim, é essa mesma que você está pensando. A música que catapultou o acústico do Capital é, na realidade, um velho hit de Kiko Zambianchi, lançada originalmente em 1985.

Como disse, sua discografia não é longa. Portanto, todos seus álbuns foram lembrados durante o show. Músicas como “Quadro Vivo” e “Norte e Sul” se fazem presentes. Fiquei bem feliz de ter tocado “Tudo é Possível” do CD Disco Novo. Uma faixa que ouvi bastante e que, embora tenha sido faixa de trabalho, mereceria um destaque maior. As músicas na apresentação ganham mais peso. Zambianchi está cantando muito bem, com a voz em dia, bem próxima aos seus discos. Na guitarra, é mais econômico. Toca com segurança, mas faz poucos solos. Os músicos de apoio seguram sua função com competência.

O violão só foi resgatado no momento de recordar “Eu Te Amo Você”, hit da Marina Lima, composta pelo músico. Talvez por não ter gostado do som do instrumento (“não ouvi nada do que toquei”), fez todas as demais canções na guitarra. As que escreveu para o Capital também foram lembradas, como o hit “Mais”, que animou os presentes. E, sim, ele incluiu “Hey Jude” no repertório. “Durante muito tempo, me recusei a tocar essa música. A versão, na verdade, não é minha. Naquela época, o Michael Jackson detinha os direitos das canções dos Beatles e não autorizava versões. Tive que utilizar uma letra que já existia. Só gravei a voz. Fiz especialmente para uma novela. A música tocou tanto que eu não aguentava mais ouvir minha voz, mas agora estou de boa. Afinal, depois da musica do joelhinho, do cotovelinho, do meu pau não sei das quantas, tornou-se um clássico”, brincou o músico, arrancando risos da plateia.

Os fãs saíram bem satisfeitos. A qualidade do show fez, inclusive, com que o publico se esquecesse de um espectador inconveniente, que ficava interrompendo o show à todo momento gritando coisas nonsense. Kiko Zambianchi entregou um show simples, honesto, bem resolvido e deixou seus fãs já ansiosos por seu retorno. Parabéns pelo show, Kiko, e espero que a gravadora mude de ideia e disponibilize seu álbum no formato físico algum dia.

sábado, 27 de maio de 2017

Kid Vinil - Kid Vinil Experience (2014):



Por Davi Pascale

Semana passada, tivemos dois artistas que faleceram e que me entristeceram profundamente. Um foi o Chris Cornell, quem cheguei a homenagear aqui em nossa página e que cheguei a acompanhar desde a explosão do Soundgarden. E o outro foi Kid Vinil. Artista que tive meu primeiro contato, ainda criança, ouvindo o compactinho de "Sou Boy" e que tive o privilégio de conhecer pessoalmente anos mais tarde, nas minhas andanças por aí. Não quis escrever logo em seguida do post de Cornell, para não deixar a página muito para baixo e também achei que seria legal fazer em um momento onde o assunto não fosse a bola da vez para não perder o tom de homenagem. Mas claro que não tinha como deixar o assunto passar batido...

Muitos se lembram de Kid por seu trabalho à frente do Magazine. Muitos por sua enorme coleção de discos e pelas trocas de informações nas redes sociais. E muitos por seu trabalho em revistas, rádio e TV, onde demonstrava muitos artistas em primeira mão. Muitas pessoas descobriram o trabalho de seu artista favorito através do Kid Vinil. Ou seja, em outras palavras, sempre por sua relação à música. Portanto, não tem maneira melhor de homenagear essa grande figura do que falando justamente sobre sua música.

O Kid Vinil Experience foi um compacto que o cantor lançou de maneira totalmente independente em 2014 e foi seu último trabalho. Lembro que adquiri o disco de suas próprias mãos em uma feira de discos no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo. Inclusive, ele assinou meu exemplar...

Curiosamente, embora seu nome esteja no nome da banda, a construção das musicas não contaram com as mãos de Kid. O guitarrista Carlos Nishimiya era quem estava mais a frente das composições. Por ser um trabalho totalmente independente (foi prensado não mais do que 400 cópias e lançado pelo selo Kid Vinil Records), não é preciso dizer que a produção é bem simples. Arte da capa bacaninha. Um desenho alegre dos integrantes da banda. Contracapa toda verde, apenas com as informações básicas. Direto ao ponto. Qualidade de gravação, bem crua e honesta. Dá até a impressão de que os músicos gravaram tocando ao vivo no estúdio.

Trata-se de um compacto simples. Ou seja, uma música de cada lado. No lado A temos “Beatriz”. Uma balada pop/rock com uma pegada bem anos 60. Uma levada meia beatle. Letra que narra o final de uma paixão com uma linguagem até meia inocente. Algo que funciona super bem já que essa faixa tem essa levada nostálgica. Muito bacaninha e super bem construída.

“Música Panfletária”, como entrega o nome, trata-se de uma crítica política. As letras não trazem aquela veia de humor que tinham nos tempos de “Sou Boy”, são mais sérias, mas não chegam a serem agressivas. Carregam um pouco daquela linguagem que os artistas dos anos 80 traziam. No caso dessa última, uma linguagem meio Ira!, meio Inocentes. O arranjo surfa nas ondas do punk rock.  Outra boa canção.

Quem teve a oportunidade de estar à sua frente, nem que por breve segundos, sabe que Kid Vinil era uma figura carismática, alegre, sempre estava de bem com a vida. A primeira vez que conversei com ele foi por telefone, em 2007, com um convite para escrever para a RockLife, revista que eu tinha e que estava reestruturando na época, que ele topou. Infelizmente, não conseguimos levar o novo projeto adiante e os textos dele não puderam ser publicados, o que é algo que lamento imensamente. O conhecimento que esse cara tinha sobre música era algo realmente impressionante. Sem dúvidas, uma grande perda para a música brasileira e também para o jornalismo musical brasileiro. Valeu Kid, o grande herói do Brasil!

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Honesto

Faixas:
      01)   Beatriz
      02)   Música Panfletária

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Warrant – Louder Harder Faster (2017):



Por Davi Pascale

Quem acompanha o blog aqui, com uma certa frequência, já sacou que curto a cena hard rock dos anos 80. E que tenho o costume de continuar acompanhando os artistas que admiro e não ficar preso em ouvir somente a fase clássica. Sendo assim, não tinha como não escrever sobre o novo álbum do Warrant.

A história deles é a história clássica do rock n roll. Atingiram o estrelato, lotaram arenas e estádios, foram pro fundo do poço, encararam de frente problemas com as drogas e com as bebidas, experimentaram novas sonoridades que não foram bem aceitas por seu publico e retornaram à pegada que seus admiradores tanto gostam.

A formação clássica está quase completa. Os guitarristas Erik Turner e Joey Allen estão aqui. O baterista Steven Sweet está aqui. O baixista Jerry Dixon está aqui. Infelizmente, Jani Lane não está mais entre nós, mas seu substituto tem a ver. Trouxeram para seu posto Robert Mason, do Lynch Mob (que já havia gravado o Rockaholic). Embora tenha um estilo vocal diferente, combinou com a nova sonoridade do grupo. Para a produção, o velho parceiro de Mason, o músico Jeff Pilson, conhecido por seus dias no Dokken.

Robert canta oras mais gritado, como podemos sacar já na poderosa faixa de abertura “Louder Harder Faster”, oras mais bluesy, como podemos sacar na zeppeliana “Music Man”. Tenho visto alguns comentários negativos em relação ao seu trabalho vocal. Não consegui entender. O cara está cantando muito!!!

O fato de termos a formação clássica quase que completa é algo que faz com que seus fãs abram um sorrisão de orelha à orelha quase que instantaneamente. Contudo, tenho de alertá-los. Não esperem nada no pique de Dirty Rotten Filthy Stinking Rich, nem de Cherry Pie por aqui. Sim, os caras entregaram um álbum de hard rock, mas soam mais pesados do que antes. É um novo Warrant.

Claro que não faltam as famosas baladas. Em discos de grupos do gênero, isso é mais do que esperado. Temos por aqui a bela “U In My Life”, mas a minha preferida é “Faded” com um refrão bem Journey. Outra que traz descarada a influencia da trupe de Neal Schon é a faixa de encerramento “Let It Go”.

Louder Harder Faster, contudo, em sua essência, é mais pesado como declarei no início do texto. Vocal pra cima direto. Riffs espertos com uma timbragem suja. “Devil Dancer”, “Only Broken Heart”, “Choose Your Fate” e New Rebellion, essa com uns licks bem Van Halen, são as minhas preferidas entre as mais porradas.

Warrant voltou diferente, mas voltou inspirado. As composições são fortes, a banda transpira energia, trabalho vocal é absurdo. Diria, sem medo de errar que é seu álbum mais forte desde Ultraphobic. Se você curte hard rock, ouça e no talo!

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Empolgante

Faixas:
      01)   Louder Harder Faster
      02)   Devil Dancer
      03)   Perfect
      04)   Only Broken Heart
      05)   U In My Life
      06)   Music Man
      07)   Faded
      08)   New Rebellion
      09)   Big Sandy
      10)   Choose Your Fate 
      11)   Let It Go

sexta-feira, 19 de maio de 2017

O Adeus à Chris Cornell



Por Davi Pascale

Ontem, foi divulgada a notícia da trágica morte de Chris Cornell. Provavelmente, uma das ultimas grandes vozes do rock. E a lógica se mantém... Agora que o cara morreu, todos referem-se à ele como um gênio. A razão para que isso sempre ocorra é uma só. A imprensa sempre dá espaço para os modismos e ignora grandes artistas. (Ou, ao menos, não dão o tratamento à altura. O que acredito que seja mais o caso aqui). E quando recebem essas notícias trágicas, cai a ficha e bate o sentimento de mea-culpa.

Chamá-lo de gênio pode ser um pouco de exagero, mas certamente esse é um cara que será muito lembrado e acredito que muitos ainda resolvam lhe dar o devido valor em um futuro não muito distante. Chris Cornell nos demonstrou diferentes faces musicais durante sua trajetória. E em muitas, fez trabalhos brilhantes. Algo que pouquíssimos artistas conseguem.

A primeira vez em que nos chamou a atenção foi à frente do grupo Soundgarden. Quem viveu o início dos anos 90, recorda-se que eles foram um dos pilares do movimento grunge. Soundgarden, Alice In Chains, Nirvana e Pearl Jam eram os artistas que lideravam a cena. O grupo de Chris foi quem deu o pontapé inicial nessa história toda. Foi o primeiro artista do movimento que arriscou assinar com uma gravadora grande e ver onde conseguiam chegar naquela história toda. E fizeram bonito. Louder Than Love, Badmotorfinger e Superunknown são álbuns clássicos do gênero. Isso por si só já seria mais do que suficiente para ter seu nome escrito na história do rock.

Sempre existiram diversos questionamentos em cima da cena grunge. Muitos questionavam a qualidade técnica dos músicos, muitos os acusavam de terem matado o hard rock. Mas o cara sempre esteve acima de tudo isso. Basta notar os artistas que resolveram postar homenagens ao rapaz em suas pages. Desde ícones do rock n roll – como Jimmy Page (Led Zeppelin), Elton John, Peter Frampton e Paul Stanley (Kiss) – até artistas da tal cena hard. Sebastian Bach (Skid Row) foi um dos que ficaram abalados. E todos fizeram questão de ressaltar o talento do músico. Sem exceção... 

Depois, voltou a nos chamar a atenção com sua ótima estreia solo, Euphoria Morning. Demonstrando um álbum que era praticamente o oposto do que esperaríamos dele. Mais melódico, apostando menos no peso e mantendo as referências psicodélicas. Era o início de um novo capítulo. Sua ótima carreira-solo teve apenas um ponto baixo, quando Cornell se permitiu passear pelo eletrônico de mãos dadas com o Timbaland no errôneo Scream. Foi em sua trajetória solo que tive a oportunidade de assisti-lo nos palcos. Em 2007, fui até o Credicard Hall conferir sua apresentação na época do (ótimo) Carry On. Noite simplesmente memorável...

Mas sua grande reinvenção foi quando juntou-se aos músicos do Rage Against The Machine para criarem o Audioslave. O álbum de estreia dos caras é certamente um dos grandes álbuns dos anos 00. Durante um tempo, todos deixaram de torcer por um possível retorno do Soundgarden e do Rage Against. Mais uma grande banda havia nascido... Quem acreditava que o projeto não seria tão mágico quanto o Temple of the Dog, quebrou a cara. E bonito!

Sua morte ainda é um mistério. E qualquer que tenha sido o motivo (enforcamento, segundo os legistas e excesso de Ativan - remédio para ansiedade – segundo sua esposa), o rock perde mais um grande talento. Perde um grande cantor, um grande compositor e um artista íntegro. Obrigado pelos ótimos momentos, Chris. “Say hello to heaven”...

quarta-feira, 17 de maio de 2017

EST – EST (2016):



Por Davi Pascale

Edgard Scandurra ficou marcado na memória dos roqueiros como o guitarrista do Ira! e assim será por um bom tempo. Contudo, a história de Scandurra vai muito mais além. Passou pelo Smack, pelo Ultraje a Rigor, leva em paralelo o projeto infantil Pequeno Cidadão, o projeto eletrônico Benzina. Em um passado distante já chegou a ser baterista das Mercenárias. Silvia Tape faz parte da nova formação do grupo punk e a ideia de fazer algo juntos surgiu por terem um gosto musical similar.

Agora... Cuidado! Se você está esperando algo com a atitude das Mercenárias ou com a pegada mod do Ira! é interessante que você escute algo antes de sair comprando o disco. Essa é uma das vantagens da era digital. Então, use a seu favor. Não temos aqui as guitarras distorcidas influenciadas pelo The Who e nem a pegada suja dos Sex Pistols. É justamente o contrário.

Com bases eletrônicas e voz suave, o álbum abre com “Sua Intuição”. Os elementos eletrônicos são bem mais sutis do que no Benzina, mas eles vem e vão na audição do álbum. A faixa de abertura é onde são explorados de maneira mais escancarada.

O grande destaque do disco são realmente as guitarras de Scandurra. Bem criativas, bem costuradas e, claro, muito bem tocadas. “Num Instante Qualquer”, a mais agitada do disco, traz o musico se soltando nas seis cordas e revivendo sua pegada mais rocker. Também é a única desse CD que traz o rapaz se aventurando enquanto cantor, o que é uma pena. Sua voz é mais agradável do que a de Silvia Tape.

EST aposta em uma pegada mais low-fi, mais viajada, mais climática. Quem curte o trabalho de artistas como Portishead, certamente irá se identificar com a sonoridade explorada nesse álbum. Silvia demonstra fragilidade na voz, mas se destaca como letrista. Edgard se destaca como multi-instrumentista. Arrisca-se nas guitarras, na bateria, nos violões, no baixo, nos teclados... Entre os convidados, temos alguns nomes conhecidos na cena como Curumim e Kuaker. Quem acompanhou as aventuras de Dinho Ouro Preto na fase eletrônica (lá pelos anos 90), irá se lembrar desse último...

“Hoje o Tempo” e “Eu Acho Que Posso Esperar” trazem um sentimento de melancolia, enquanto “Bolhas de Sabão” e “Meu Lamento” apostam em arranjos mais delicados. Os experimentos, que não são poucos, chegam ao seu ápice no numero instrumental “Rio Rastro”, trazendo um Scandurra bem confortável.

EST é um disco que trará muitas estranhezas para os fãs de Ira! e muitas alegrias para os fãs da carreira solo de Edgard Scandurra. Aqueles que decidirem mergulhar no disco com uma mente mais aberta encontrarão vários pontos positivos. Quem estiver em busca de guitarras ásperas ou novos hits, irá se decepcionar. Vai de como você encara música. Eu arriscaria...

Nota: 7,5 / 10,0
Status: Calmo e experimental

Faixas:
      01)   A Sua Intuição
      02)   Asas Irreais
      03)   Num Instante Qualquer
      04)   Hoje o Tempo
      05)   Bolhas de Sabão
      06)   Meu Lamento (Instrumental)
      07)   Concha
      08)   Rio Rastro (Instrumental)
      09)   Eu Acho Que Posso Esperar
 10)   Meu Lamento

sábado, 13 de maio de 2017

Deep Purple – Infinite (2017):



Infinite tem a ingrata tarefa de registrar o fim de uma das maiores bandas do hard rock. Infelizmente, o termo infinite não se enquadra no nosso dia-a-dia. Tudo tem um fim. E a realidade com nossos heróis não é diferente. O lado bom é que a obra deles, sim, é eterna. E aí está a graça de acompanhar nossos heróis de perto. É ter a chance de ver a história sendo escrita.

Realmente é muito difícil para uma banda do patamar do Purple impressionar com um novo álbum. Não digo isso pela qualidade dos músicos. Todos os músicos que passaram por essa trajetória são incrivelmente competentes, para muitos deles diria brilhantes. Mas é que chega um ponto em que fica muito difícil “competir” com o passado quando temos em nosso legado trabalhos do nível de Machine Head, In Rock, Burn, Stormbringer e Perfect Strangers.

Entretanto, sendo bem honesto, sou obrigado a reconhecer que esse é um dos trabalhos mais fortes da era Morse. Talvez, seja o mais forte. Tenho um pouco de dúvidas em relação ao Purpendicular. Os demais, bate fácil. A voz de Gillan está muito boa, Ian Paice continua com sua precisão cirúrgica e pegada inconfundível. Steve Morse continua a me dever riffs memoráveis, mas brilha com solos inspirados. A grande surpresa é o incrível trabalho de Don Airey, que muitas vezes toma a frente das canções, e fez um trabalho realmente forte. A versão de “Roadhouse Blues” foi acertada. Afinal, no The Doors, Jim e Ray, muitas vezes tomavam a frente. A canção ganhou uma pegada um pouco mais arrastada e ficou interessante.

“Time For Bedlam”, responsável por abrir o play e primeiro som divulgado pelo grupo, bebe nos tempos áureos. Uma audição mais atenta resgata elementos de “Pictures Of Home”. Bob Ezrin – lendário produtor que chegou a trabalhar com ícones como Kiss, Pink Floyd, Alice Cooper e o próprio Purple – ficou responsável pela produção do disco. E pediu aos músicos que tudo fosse registrado nos primeiros takes para manter o ar de Jam que é tão marcante no som do purple. Algo perceptível em faixas como “The Surprising”, marcada por resgatar a influencia prog dos garotos, e “All I Got Is You”, onde temos mais uma das características principais de volta. Temos Don e Steve dobrando o riff, assim como Lord e Blackmore fizeram no passado, além de ter Ian Paice resgatando seu lado jazzy no início da música.

Em “Get Me Outta Here” temos Ian Gillan cometendo o que talvez seja sua única gafe nesse trabalho. A faixa é boa, mas traz o rapaz tentando reviver seu marcante falsete. Algo que ele nitidamente não tem mais condições de fazer. O “grito” soa bem magro. “One Night In Vegas” é bem bacana e conta com um teclado bem rock n roll. “Hip Boots” é pesadona e empolgante. Talvez o único filler do disco seja “Birds Of Prey” que embora traga um bom trabalho de guitarra de Steve Morse (talvez o melhor dele nesse disco), traz um trabalho vocal um pouco morto de Gillan.

Infinite é um álbum honesto, bem feito, bem pensado e com boas canções. Dificilmente alguma delas atingirá a força de uma “Mistreated” ou “Space Truckin`”, mas certamente irão satisfazer seus fãs, além de colocarem um ponto final nessa história com muita dignidade. Obrigado Purple pelas inúmeras horas de bons sons.

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Honesto

Faixas:
      01)   Time For Bedlam
      02)   Hip Boots
      03)   All I Got Is You
      04)   One Night in Vegas
      05)   Get Me Outta Here
      06)   The Surprising
      07)   Johnny´s Band
      08)   On Top Of The World  
      09)   Birds of Prey
      10)   Roadhouse Blues

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Sheryl Crow – Be Myself (2017):



Por Davi Pascale

Por alguma razão que não sei explicar, essa mulher nunca emplacou como deveria aqui no Brasil. Bonita, ótima instrumentista, excelente cantora, som comercial, sem ser bobo. Sempre trabalhou com grandes músicos e fez excelentes álbuns.

Be Myself mantém a qualidade padrão. Mais do que isso, resgata elementos do passado, o que deve fazer a alegria de seus seguidores. Seus dois últimos álbuns – 100 Miles From Memphis e Feels Like Home – fugiam da cartilha. Apostavam na soul music e na country music, respectivamente. Be Myself é o retorno dela ao pop/rock que a consagrou. O fato de ter recorrido à ajuda de Jeff Trott e Tchad Blake fez com que resgatasse a sonoridade de Sheryl Crow e The Globe Sessions, coincidentemente os dois que a dupla produziu no passado. Álbuns considerados por muitos como seu auge criativo.

Ela dá a dica no título do disco, Be Myself. Com 55 anos nas costas, tendo vencido uma batalha contra o câncer, Sheryl Suzanne Crow resolveu se redescobrir. Parou de agradar os executivos e voltou a ser ela mesma. Deixou o country de lado (nos EUA, o estilo está em alta) e voltou para o som que se tornou sua marca. 

Seus álbuns sempre trouxeram elementos do rock, do pop e também da folk music. Influencia perceptível principalmente em seus violões. The Globe Sessions é um trabalho que deixa bem clara essa influencia. Aqui, essa pegada folk surge com tudo em “Rest of Me”.

“Halfway There”, “Roller Skate” e “Strangers Again” poderiam estar facilmente em seus primeiros trabalhos. Voltou a fazer aquele som onde deixa o bumbo da bateria na cara, som de caixa seca, guitarras e violões marcando a canção. Outro ótimo exemplo seria “Heartbeat Away”, presente já mais no final do disco.

Não é raro, ela atacar em diferentes instrumentos nas suas apresentações, aqui não é diferente. Além de ter gravado todos os vocais do disco (ou seja, não apenas as linhas principais, mas também os backings), a moça ainda chegou a fazer registros de guitarra, violão, teclado, piano e contrabaixo. Não há duvidas de que é um dos maiores talentos surgidos no universo mainstream, nos últimos tempos.

Tendo toda a influência do classic rock nas costas, não é de se espantar que surjam resquícios do gênero por aqui. A faixa-título traz uma pegada bem rolling stones. É certamente a faixa mais rock do álbum. Para as rádios, apostaria na balada “Long Way Back”. Tem de tudo para se tornar um grande hit.

Be Myself traz a artista de volta para o seu mundo e apresenta um repertório bem consistente. Provavelmente, trata-se de seu melhor disco desde C´mon C´mon. Agora só falta ela também retornar ao Brasil, né? Desde 2001 que não põe seus pés por aqui. Sheryl, estamos esperando...

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Retorno às raízes

Faixas:
      01)   Alone In The Dark
      02)   Halfaway There
      03)   Long Way Back
      04)   Be Myself
      05)   Roller Skate
      06)   Love Will Save The Day
      07)   Strangers Again
      08)   Rest of Me
      09)   Heartbeat Away
      10)   Grow Up 
      11)   Woo Woo

terça-feira, 9 de maio de 2017

Richie Kotzen – Cannibals (2015):



Por Davi Pascale

Comecei a me ligar no trabalho solo de Richie Kotzen ainda nos anos 90, por conta de sua passagem relâmpago pelo Poison. Richie durou pouco, mas no pouco tempo em que esteve no conjunto de Bret Michaels, fez a diferença. Imprimiu sua marca dentro do som do grupo, tanto no ótimo Native Tongue, quanto nos shows. Aliás, foi depois de assistir ao VHS 7 Days Live que resolvi buscar mais informações sobre o cara. Acabei adquirindo o CD Fever Dream. Gostei do que ouvi e, desde então, passei a acompanha-lo.

Na sua discografia, encontramos de tudo um pouco. Fusion, blues, soul, rock, pop... Já fez som instrumental e som cantado. Embora seja conhecido por sua enorme técnica e pelos incríveis improvisos que faz em cima do palco, nos discos ele costuma ser mais contido, privilegiando mais a melodia do que o lado virtuose. Em Cannibals, não é diferente.

Assim como fez em Get Up, Kotzen ficou responsável pela gravação de todos os instrumentos. Ele contou com ajuda nas gravações dos backings e na percussão de “Shake it Off”, mas piano, guitarra, bateria, baixo e voz principal ficou tudo por sua conta. A produção também ficou nas mãos do músico.

Assim como ocorre no disco de 2004, a bateria ganha uma pegada bem simplista. Contudo, nos trabalhos de violão, guitarra e voz, continua se destacando. A influencia de black music volta a surgir com força. Desde a pegada funkeada de “Stand Tall” e “Cannibals”, passando pelo R&B de “In An Instant” até o lado soul de “The Enemy”.

Cannibals é um trabalho repleto de canções inspiradas, mas não é um álbum pesado. Pelo contrário, é um disco bem calmo, mas como o cara é um compositor de mão de cheia, além de ser um ótimo vocalista e um grande músico, a coisa funciona. Contudo, já aviso, se você for comprar esse disco com aquele sentimento de ‘deixa eu ver se esse cara toca tudo isso, irá se frustrar”. Como disse anteriormente, a técnica não está em primeiro plano aqui. Se, por outro lado, já está acostumado com sua obra, pode ir de olhos fechados.

O CD é bem consistente. Tem umas 2 músicas que não me empolgaram, mesmo assim estão longe de serem vergonhosas. “Up (You Turn On Me)” é sensacional e conta com um coral meio gospel. Kotzen e Doug Pinnick (King´s X) dividem os vocais na suingada “I´m All In”. A deliciosa “Come On Free” bebe bastante na fonte do AOR dos anos 70, enquanto na balada piano/voz, “You”, Kotzen resolve brincar um pouquinho com o teremim. Louco, né? Outro momento que vale prestar atenção é o trabalho de violão em “Time For The Payment”. Simplesmente, incrível...

Se você não está na pilha de ouvi-lo tocar hard rock e não ouve somente rock n roll, o disco é altamente recomendado. Ainda mais se você for fã do projeto Wilson Hawk. Daí, pode ir sem medo mesmo... Ótimo disco!

Nota: 8,5 / 10,0
Status: Calmo e inspirado

Fotos:
      01)   Cannibals
      02)   In An Instant
      03)   The Enemy
      04)   Shake It Off
      05)   Come On Free
      06)   I´m All In
      07)   Stand Tall
      08)   Up (You Turn Me)
      09)   You
     10)   Time For The Payment

domingo, 7 de maio de 2017

Fernanda Abreu – Bourbon Street 05/05/2017:



Por Davi Pascale
Foto extraída da página do Facebook Fernanda Abreu Fã-Clube
(obs: não consegui localizar o nome do fotógrafo para dar o devido crédito)

A eterna garota sangue bom retornou à São Paulo na última sexta para mais uma contagiante apresentação no Bourbon Street, tradicional e cultuada casa de shows de São Paulo. Ao contrário de diversos artistas de sua geração, Fernanda não se prende ao passado. Com novo disco nas costas, apresenta set repleto de novidades.

Amor Geral marca o retorno de Fernandinha aos estúdios, depois de um hiato de 12 anos. Nos shows, algumas mudanças. “A Noite” agora aparece dentro de um medley com canções de seu álbum de estreia Sla Radical Dance Disco Club. Hits como “Jack Soul Brasileiro” e “Um Amor, Um Lugar” caíram. Músicas como “Eu Vou Torcer” e “Bidolibido” retornaram.

Com aproximadamente 15 minutos de atraso, a musa carioca surgiu no palco com o sampler de “Amor Geral” enquanto apresentava um numero de coreografia, antes de emendar em “Outro Sim”, primeira faixa de trabalho do seu novo álbum. Aos 55 anos de idade, impressiona com ótima forma física, voz em dia e uma energia fora do comum. Quem não conhece sua trajetória, dá uns 15 anos a menos para a cantora.

Seu novo álbum foi bem explorado. Canções como “Deliciosamente”, “Double Love”, “Saber Chegar” e “Tambor”, responsável por fechar a primeira parte do show, demonstraram força ao vivo e foram bem recebidas pela plateia.

Isso não quer dizer que seu passado foi esquecido. Durante a apresentação, todos os seus discos foram lembrados. “Você Pra Mim” aparece logo no inicio relembrando seu debut. “Jorge de Capadócia” e “Rio 40 Graus” retomam os dias de Sla 2 Be Sample. “Veneno da Lata”, “Garota Sangue Bom” e “Brasil é o País do Suingue” celebram o clássico Da Lata. “Kátia Flávia” e “Bloco Rap Rio” recorrem ao emblemático Raio X. “Baile da Pesada” revive os tempos de Entidade Urbana, enquanto as já citadas “Eu Vou Torcer” e “Bidolibido” marcam os tempos de Na Paz.

Dona de um carisma fora do comum, é difícil tirar os olhos dela durante o espetáculo. A banda que a acompanha é excelente, onde vale destacar as performances de Tuto Ferraz (baterista e namorado da cantora), além de seu fiel escudeiro Fernando Vidal. Para quem não sabe, o guitarrista está com ela desde 1988.

Fernanda fala pouco, mas quando faz, passa o recado. Avisa sobre o lançamento dos discos nas plataformas digitais, relembra a importância de “Veneno da Lata” e dispara críticas contra o atual governo e contra a situação atual do Rio de Janeiro. “Essa próxima música, escrevi com Fausto Fawcett em 1992, mas poderia ter escrito hoje”, manda antes de “Rio 40 Graus”.

Com som bem equalizado e show muito bem desenvolvido, a artista animou os fãs e deixou uma ótima impressão entre aqueles que decidiram encarar a noite fria de São Paulo para matar as saudades dessa grande artista.  

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Alf Sá – Você Já Está Aqui (2017):



Por Davi Pascale

É muito difícil alguém que fez parte de uma banda de sucesso se reinventar. O mais comum é o cara seguir sua carreira solo fazendo um som bem similar ao da banda em que estava antes. Ainda mais quando seu grupo não está mais na estrada. Pois bem, Alf Sá conseguiu se reinventar e, o mais de legal de tudo, fez em grande estilo.

Para quem não está associando o nome à pessoa. Alf Sá despontou na cena no início dos anos 00, como cantor e guitarrista do Rumbora. A banda conseguiu um breve sucesso e criou alguns hits como “O Mapa da Mina”, “Chapirous” e “Skaô”. Com o fim do grupo, assumiu o contrabaixo no Raimundos e também no Supergalo. Aqui, foi além. Gravou as guitarras, o baixo, os vocais, as programações. Na bateria e nas percussões, não se arriscou, e trouxe alguns músicos convidados.

Um desses convidados é justamente o Fred Castro, baterista da formação clássica dos Raimundos, que desce a mão na boa “Através do Espelho”. Nessa, outra participação especial. Black Alien, ex-Planet Hemp, faz uma breve aparição. O músico PJ (Jota Quest) também surge por aqui registrando uma das três linhas de baixo de "Mandinga".

Inicialmente, acreditei que havia adicionado um sobrenome pelo fato de estar começando uma nova etapa, mas nas entrevistas que têm realizado, deixa claro que o buraco foi mais embaixo. Quando lançou suas primeiras musicas online – adicionadas aqui como bônus – seu nome acabava ficando misturado à de tantos outros Alfs. A ideia não é de renegar, mas de fortalecer.

Longe das grandes gravadoras, o musico lança seu trabalho em pareceria com o selo Hearts Bleeds Blue. Isso lhe deu maior liberdade criativa. Você Já Está Aqui busca referências em diferentes territórios. “As Sombras No Asfalto” remete ao samba, enquanto “Cast Into The Shade” se espelha no rap na utilização dos synths e programações. Traz a pegada funky em “Mandinga” e deixa claro a razão da parceira com PJ. É um som que se Rogerio Flausino ouvir, grava no dia seguinte. Pena a indústria musical ter ido pro ralo, caso contrário tornaria-se um hit fácil, fácil. Outras que se destacariam nas FM´s seriam o rock “Através do Espelho” e o pop “Quando Tudo Se Desfaz”. 

Deixa claro que suas primeiras gravações eram outra história, com outras vibrações, ao separar o material com uma faixa de nada mais do que o absoluto silêncio. As ultimas musicas possuem uma pegada um pouco mais direta, com menos cruzamentos. Ou, ao menos, não tão improváveis.

Em Você Já Está Aqui, Alf Sá entrega um trabalho muito bem elaborado. Arranjos inteligentes e muito bem executados, qualidade de gravação acima da média para os padrões brasileiros. Um dos melhores trabalhos nacionais que ouvi nos últimos tempos. Vale conferir...

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Bem elaborado

Faixas:
      01)   Você Já Está Aqui
      02)   Cast Into The Shade (With Rapture)  
      03)   Através do Espelho
      04)   Quando Tudo Se Desfaz
      05)   Sex No Banheiro
      06)   Mandinga
      07)   As Sombras No Asfalto
      08)   Iara
      09)   1:11
      10)   O Sol Saiu
      11)   Pra Onda Boa Me Levar 
      12)   Guarde Um Lugar

terça-feira, 2 de maio de 2017

Pantera – Power Metal (1988):



Por Davi Pascale

Ainda existe muita gente que acredita que Cowboys From Hell foi o primeiro álbum do Pantera. Na verdade, não. Foi o primeiro a fazer sucesso, mas a banda já existia e lançava discos antes disso. Dentre esses, um dos mais comentados entre os colecionadores é o Power Metal, trabalho que marcava a estreia de Phil Anselmo.

Existe muita besteira sendo dita por aí. Muitos dizendo que esse álbum é um trabalho de hair metal, alguns chamando preconceituosamente de rock gay (tiração de sarro por conta dos visuais espalhafatosos). Putz, de boa, se alguém diz isso é porque não ouviu o disco.

Sim, também prefiro os trabalhos posteriores. Em especial, Vulgar Display of Power e Far Beyond Driven, que sempre foram meus preferidos. Mas são poucas as referências das bandas de hard da época - cena que gosto bastante, por sinal. Diria que está mais presente no visual deles, com aqueles cabelos volumosos, cheios de spray para não deixar o fio sair do lugar, do que no som.

É bem verdade que a sonoridade é bem distante da sonoridade clássica do Pantera. Bateria sem aquelas quebradas de bumbo alucinantes que Vinnie Paul fazia no bumbo duplo. Não há Phil Anselmo cantando com voz rasgada, nem com gutural. Aliás, é o contrário. Ele canta agudo o tempo todo, abusando de falsetes, seguindo a escola de Rob Halford e Ralf Scheepers.

As quebradas de bateria eram mais simples, mas Vinnie Paul já usava e abusava do bumbo duplo como pode ser conferido em faixas como “Power Metal” e “Burnnn”. Manja aquela pegada reta, mas com velocidade na luz que tantos bateras dos anos 80 usavam? É isso aí...

As guitarras de Dimebag já contavam com bastante peso. Seus riffs e solos velozes faziam a diferença. Uma curiosidade interessantíssima é a faixa “PST88” com o guitarrista assumindo os vocais. O alcance dele era limitado, mas o resultado final ficou agradável.

As influências de thrash metal apareciam com força em “Over And Out” com diversos riffs que deixariam James Hetfielfd e Dave Mustaine orgulhosos. O lado glam metal que muitos se referem aparece em “Hard Ride” e no refrão de “We´ll Meet Again”. E só! No mais, o máximo que poderíamos associar à cena são algumas passagens de bateria com aquela levada dobrando caixa e bumbo que acabou virando marca registrada do Tommy Lee (Motley Crue), mas honestamente falando, a maior influencia, a que me salta à vista de cara, é de Judas Priest. Muitas vezes até de maneira direta como aparecem em “Death Trap”, “Down Below”, além das já citadas “Power Metal” e “Burnnn”.

Se você deixou de ouvir esse disco por não curtir aquela cena hard dos 80, pode pegar para ouvir sem arrependimentos. Não há espaço para teclados encorpados, não há refrão alegre, nem nada do tipo. As letras trazem alguns clichês, mas estava de acordo com o momento. Expressões como “Rock The World”, “Proud To Be Loud” e “Pussy tight tonight” podem soar inocentes hoje, mas animavam a molecada na época. Musicalmente, o que temos aqui é um heavy metal tradicional com uma pegada meio Priest, meio Riot. A banda já tocava com um puta punch. Em resumo: é um som clean para Pantera, mas ainda assim mais pesado do que muito disco por aí...

Nota: 7,0 / 10,0
Status: Pesado e tradicional

Faixas:
      01)   Rock The World
      02)   Power Metal
      03)   We´ll Meet Again
      04)   Over And Out
      05)   Proud To be Loud
      06)   Down Below
      07)   Death Trap
      08)   Hard Ride
      09)   Burnnn! 
      10)   Pst88