quarta-feira, 31 de maio de 2017

Kiko Zambianchi – Sesc Santo Andre (27/05/2017):



Por Davi Pascale

Lá fui eu para mais um showzinho. Dessa vez, do musico Kiko Zambianchi. A galera mais nova é capaz de recordar dele dobrando os violões e as vozes no Acústico MTV do Capital Inicial. A galera mais antiga irá recordar dele nos programas de auditório e trilhas de novela nos anos 80.

Embora seja um bom músico, um bom cantor e um ótimo compositor, a discografia de Kiko Zambianchi é curta. São apenas 5 álbuns de estúdio e um de remixes. O mega-sucesso “Hey Jude” fez com que o cantor se rebelasse e procurasse se afastar da cena por alguns anos. Sua ousada escolha faz com que pague o preço. O músico hoje luta para conseguir colocar seu CD e DVD acústico no mercado. Mesmo sendo contratado por uma grande gravadora (Sony Music). A major diz que o lançamento já ocorreu, já que o álbum está nas plataformas digitais. E uma vez que o publico dele não é um consumidor de Deezer, Spotify e afins, muitos não sabem nem da existência do projeto. O que é uma pena (em breve, irei escrever sobre ele aqui)...

O show no último sábado trouxe algumas surpresas. Uma, a quantidade do publico. Por estar afastado da mídia, acreditava que talvez não lotasse. Entretanto, os ingressos esgotaram-se. A maior surpresa, contudo, foi quando o músico decidiu mudar todo o seu show e entregar aos presentes um show elétrico, em formato de power trio e com uma pegada bem rock n roll. “Esse show era para ser realmente acústico, mas resolvi fazer diferente na ultima hora”, explicou o cantor após as primeiras músicas.

A apresentação tem perto de 90 minutos, mas o repertório é longo, já que suas músicas não são muito compridas. Seu álbum de estreia Choque recebeu bastante destaque e teve diversas músicas executadas como “Jony”, “Choque”, “Rolam As Pedras” e “Primeiros Erros”. Sim, é essa mesma que você está pensando. A música que catapultou o acústico do Capital é, na realidade, um velho hit de Kiko Zambianchi, lançada originalmente em 1985.

Como disse, sua discografia não é longa. Portanto, todos seus álbuns foram lembrados durante o show. Músicas como “Quadro Vivo” e “Norte e Sul” se fazem presentes. Fiquei bem feliz de ter tocado “Tudo é Possível” do CD Disco Novo. Uma faixa que ouvi bastante e que, embora tenha sido faixa de trabalho, mereceria um destaque maior. As músicas na apresentação ganham mais peso. Zambianchi está cantando muito bem, com a voz em dia, bem próxima aos seus discos. Na guitarra, é mais econômico. Toca com segurança, mas faz poucos solos. Os músicos de apoio seguram sua função com competência.

O violão só foi resgatado no momento de recordar “Eu Te Amo Você”, hit da Marina Lima, composta pelo músico. Talvez por não ter gostado do som do instrumento (“não ouvi nada do que toquei”), fez todas as demais canções na guitarra. As que escreveu para o Capital também foram lembradas, como o hit “Mais”, que animou os presentes. E, sim, ele incluiu “Hey Jude” no repertório. “Durante muito tempo, me recusei a tocar essa música. A versão, na verdade, não é minha. Naquela época, o Michael Jackson detinha os direitos das canções dos Beatles e não autorizava versões. Tive que utilizar uma letra que já existia. Só gravei a voz. Fiz especialmente para uma novela. A música tocou tanto que eu não aguentava mais ouvir minha voz, mas agora estou de boa. Afinal, depois da musica do joelhinho, do cotovelinho, do meu pau não sei das quantas, tornou-se um clássico”, brincou o músico, arrancando risos da plateia.

Os fãs saíram bem satisfeitos. A qualidade do show fez, inclusive, com que o publico se esquecesse de um espectador inconveniente, que ficava interrompendo o show à todo momento gritando coisas nonsense. Kiko Zambianchi entregou um show simples, honesto, bem resolvido e deixou seus fãs já ansiosos por seu retorno. Parabéns pelo show, Kiko, e espero que a gravadora mude de ideia e disponibilize seu álbum no formato físico algum dia.

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