domingo, 30 de julho de 2017

Royal Blood – How Did We Get So Dark (2017):



Por Davi Pascale

Finalmente, o segundo álbum do duo britânico foi lançado. E a boa notícia é que o trabalho é tão bom quanto o disco de estreia. A dupla continua eficiente, com ótimas canções e arranjos impactantes. Até agora, um dos melhores do ano.

O Royal Blood teve início em 2013, depois que o baixista/guitarrista Mike Kerr retornou de um período sabático na Austrália. Quando retornou à Inglaterra, um de seus velhos amigos, com quem tinha tido uma banda que atendia pelo nome de Flavour Country, Ben Thacher, foi encontrá-lo no aeroporto e os dois decidiram começar um novo grupo. Não demorou muito e os caras assinaram um contrato com a Warner Music e fecharam com o mesmo time que tomava conta do badalado Arctic Monkeys. A partir daí, as coisas começaram a acontecer. Saíram em turnê junto com a banda liderada por Alex Turner, soltaram seu debut já em 2014. Aqui no Brasil, tivemos a oportunidade de conferi-los de perto no Rock in Rio de 2015.

Assim como o cultuado White Stripes, a banda é formada por apenas 2 integrantes, mas, na minha opinião, conseguiram um som mais encorpado e consistente do que o antigo grupo de Jack White. Se conseguirem levar o projeto adiante, acredito que devam crescer ainda mais no mercado nos próximos anos. Principalmente, se conseguirem manter a qualidade dos álbuns, como vem acontecendo.




How Did We Get So Dark mantém o mesmo espírito de seu debut. É um trabalho curto, direto e impactante. Assim como em sua estreia, o CD é formado por 10 faixas que se destacam por ótimos riffs, bateria consistente e um trabalho vocal bem agradável. A linha de voz, em muitos momentos, me remetem ao (ótimo) Queens Of The Stone Age. Algo que notamos de cara já na faixa-título, responsável por abrir o CD. “She´s Creeping” é outro ótimo exemplo. Muitos têm comparado o grupo ao Muse e, por vezes, remete mesmo. Um exemplo claro é a ótima “Lights Out”.

De modo geral, segue a mesma cartilha de seu disco de 2014. As faixas que fogem um pouco à regra seriam músicas como “Look Like You Know” que trazem um arranjo um com uma pegada pouco menos veloz, trazendo até um ‘q’ de Arctic Monkeys (imagine aquele som do AM mais envenenado), além de começarem a explorar o teclado de maneira evidente, o que podemos notar com clareza em “Hole In Your Heart”. Outros grandes destaques ficam por conta de “Where Are You Now?” e “Hook, Line e Sinker”, que só ajudam a comprovar, mais uma vez, a minha tese de que Mike Kerr é realmente bom de riff.

O novo álbum do Royal Blood já chegou às lojas aqui do Brasil, portanto, mesmo se você não for adepto de ouvir as músicas por plataforma digital é fácil conseguir o material. E, de boa, vale a pena. Até agora, pouquíssimos álbuns lançados em 2017 conseguiram me impressionar de fato. Esse foi um deles. Recomendadíssimo!

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Impactante e consistente

Faixas:
      01)   How Did We Get So Dark?
      02)   Lights Out  
      03)   In Only Lie When I Love You
      04)   She´s Creeping
      05)   Look Like You Know
      06)   Where Are You Now?
      07)   Don´t Tell
      08)   Hook, Line & Sinker
      09)   Hole In Your Heart 
      10)   Sleep

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Ira! – Teatro Paulo Machado (22/07/2017):



Por Davi Pascale
Fotos: Davi Pascale

Já tem um tempo que a dupla Edgard Scandurra e Nasi voltaram a usar a marca Ira! e um dos projetos que eles apresentaram nesse meio tempo foi justamente o show Ira! Folk que passou por São Caetano no último fim-de-semana.

Em uma entrevista polêmica, o músico Lobão disparou alguns anos atrás que o artista só deveria retornar à ativa se ainda tivesse algo a dizer. Vamos ver como será o futuro desses pobres paulistas. Ao que tudo indica, o próximo lançamento da banda será justamente um DVD dessa tour, realizado em parceria com o Canal Brasil, uma das casas de Nasi. Pelo visto, demorará um tempinho ainda para sabermos o que eles têm a dizer.

Um ponto é fato. As músicas que escreveram em outras décadas sobreviveram bem ao tempo. Não foram poucos os momentos que o teatro cantou uníssono as letras de velhos hits, nem que estenderam para cima seus telefones celulares. Situação que rendeu até uma piada de Nasi. “É fácil saber quais as preferidas de vocês. É só ver o numero de luzes vindo da plateia. Tem horas que parece até um show do Rolling Stones”. A plateia ria junto com os músicos.

Como já deu para sacar, o espetáculo apresentado no ultimo fim-de-semana não teve ar de novidade. E sim, de celebração. Em um formato enxuto, os dois ícones dos anos 80 relembraram algumas músicas que embalaram sua trajetória. Desde o início com “Mudança de Comportamento” e “Dias de Luta” até a despedida ao som de “Núcleo Base”, o público ia abaixo quando as canções de seus primeiros discos eram executadas.


Contando com a participação de Daniel Scandurra no contrabaixo, a dupla se demonstrava bem a vontade na execução dos arranjos. Não tão à vontade com os gritos da multidão. Nasi ficava sem graça com os galanteios vindos de uma voz feminina da plateia e chegou a pedir para que um rapaz parasse de ficar gritando o nome das musicas. “Para de entregar o setlist, por favor”.

Ainda que tenham conseguido melhor reação do publico nos hits, os músicos não se esqueceram de incluir algumas surpresas. Honestamente, não esperava ouvir “Perigo” do pesado Música Calma Para Pessoas Nervosas em um show como este. Outra canção inesperada, de minha parte, foi a execução de “Telefone”, hit da Gang 90.

Agora... O grande destaque da noite foram mesmo os violões de Edgard Scandurra. Muitas vezes apontado pela crítica especializada com um dos grandes guitarristas do rock brasileiro, o rapaz fez jus à fama e entregou arranjos muito bem elaborados e muito bem executados. Nasi também demonstrou estar em um bom momento. Entregando um trabalho vocal próximo ao que realiza nos álbuns de estúdio, o músico subiu ao palco com o visual de seu DVD Egbe, e demonstrou estar com um pique muito maior do que apresentou no show que realizaram no Sesc Santo Andre, realizado pouco tempo após o retorno.

“Flores em Você”, “Tarde Vazia”, “Envelheço na Cidade”, “Tolices”, “Girassol”, “Eu Quero Sempre Mais” e “Bebendo Vinho” levantaram o teatro e colocou todo mundo para cantar. “15 Anos”, “Receita Para Se Fazer Um Herói” e “Rubro Zorro” animaram os fãs mais fieis, que aqui na região do ABC não são poucos. O público do ABC sempre teve um carinho especial pelo trabalho do Ira! e os músicos souberam retribuir essa admiração com uma apresentação bem competente. Falta ver como se sairão quando resolverem entrar em estúdio para registrar novas canções. O tempo dirá!

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Kansas – Miracles Out of Nowhere DVD + CD (2015):



Por Davi Pascale

Miracles Out Of Nowhere é um projeto especial. Não é exatamente um novo álbum. Trata-se, na realidade, de um documentário. Nesse caso, acompanhado de um CD com a trilha sonora. Lançamento realmente muito bacana.

Dirigido por Charley Randazzo, o filme conta o início da banda. Como se conheceram, de onde tiraram o nome. Como foram contratados, como aconteceram os primeiros shows. Essa parte, aliás, é bem interessante e conta com depoimentos bem legais. Brian May, lendário guitarrista do Queen, relembra os shows que fizeram juntos e do impacto que causaram no falecido, e não menos lendário, Freddie Mercury. Mas a melhor parte, contudo, são dos shows realizados ao lado do Aerosmith, onde os músicos do Kansas contam como fizeram para terminar seu show sem que tivessem o som cortado pelo Steven Tyler.

A história deles é a história típica das bandas de rock n roll. Amigos que resolveram fazer um som, começaram tocando para um público minúsculo e tiveram que saber driblas as pressões da gravadora. Genial a sacada deles para tapear o olheiro da gravadora. A ideia que eles tiveram para atrair público para o tal show foi inteligentíssima. A história da imagem na contracapa do primeiro LP – que eles refizeram agora para esse projeto – também é bem curiosa.

O longa dura próximo de 90 minutos e acaba sendo bem completo porque eles decidiram focar somente na fase inicial. Eles não contam até os dias atuais. Eles vão até a chegada do sucesso. Até a explosão da balada “Dust In The Wind”. Interessante como as coisas acontecem por acaso. Quem diria que uma musica desse porte nasceria de um exercício de escala?

Certamente, a década de 70 foi menos careta do que a atual. Isso permitia que os músicos ousassem mais e as gravadoras apostassem mais. A banda só foi fazer sucesso no seu quarto álbum – Leftoverture – com a música “Carry On Wayward Son”. Nos dias atuais, uma banda como eles morreria na praia. Não vejo hoje uma gravadora de grande porte apostando em alguém por 4 discos seguidos sem terem tido uma faixa nas rádios, uma venda expressiva. E, assim como “Bohemian Rhapsody”, era uma faixa fora dos padrões radiofônicos. Nesse caso, cruzando hard rock com progressivo. Uma bela música, aliás...

Miracles foi lançado no Brasil, mas infelizmente, não conta com legendas em português. Somente inglês e espanhol. Portanto, se você não tem um domínio razoável desses idiomas, irá perder muita coisa. Sem tudo um domínio mediano da língua inglesa, vai de boa. O inglês deles não é muito difícil de compreender.

Junto com o DVD, vem um CD com a trilha do documentário. Eles intercalaram trechos de depoimentos dos músicos (extraídos do filme) com as canções que aparecem como pano de fundo da película. Todas elas, na íntegra. Audição muito bacana. Nem se sente o tempo passar. Trabalho altamente recomendável para quem quer saber um pouco mais da trajetória do grupo. Torcendo para que façam uma parte 2...

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Ótimo.

Faixas (CD):
      01)   Intro
      02)   The Pilgrimage
      03)   Rock Concert
      04)   Can I Tell You (Live)
      05)   The First Album
      06)   Journey From Mariabronn
      07)   The Second Album
      08)   Song For America
      09)   Down The Road
      10)   Masque
      11)   Icarus (Born On Wings of Steel)
      12)   The Pinnacle
      13)   Leftoverture
      14)   The Wall
      15)   Wayward Son
      16)   Carry On Way Ward Son
      17)   Kerry The Songwriter
      18)   Miracles Out of Nowhere
      19)   Time For a New Record
      20)   Point of Know Return
      21)   Finger Exercise
      22)   Dust In The Wind
      23)   The Miracle 
      24)   Nobody´s Home

domingo, 16 de julho de 2017

Judas Priest – Turbo 30 (2017):



Por Davi Pascale

Esse é um disco que costuma ser bem malhado entre os seguidores mais radicais. Durante anos, deixei de lado por conta de todas as críticas em cima do mesmo. Quando adquiri meu LP alguns anos atrás, me arrependi amargamente de não ter corrido atrás antes. A verdade, meus amigos, é que Turbo é sim, um bom álbum.

O polêmico trabalho chegou às lojas em 1986. Heavy metal estava com tudo. Judas Priest estava com tudo. MTV estava com tudo. Alguns fatos marcantes, que certamente influenciaram o conteúdo do álbum, foram a criação do questionável selo Parental Advisory, a participação deles no histórico Live Aid e a morte do parceiro de Rob Halford.

O heavy metal começava a seguir novos caminhos. Um deles era o famoso hair metal. À grosso modo, grupos que usavam visuais espalhafatosos e faziam um som que cruzava elementos do heavy com o pop. Tinham uma sonoridade mais light. E isso acabou influenciando um pouco o som do Priest aqui. Inicialmente, esse seria um LP duplo. A parte mais comercial virou o Turbo, o resto do material tornou-se o Ram It Down.

Em termos de arranjos, não era tão distante das faixas mais comerciais que apareciam em seus mais recentes álbuns até então. A maior diferença era realmente no método de gravação, explorando as synth guitars, explorando mais os triggers. Entretanto, haviam varias canções fortes. Caso de “Locked In”, “Parental Guidance” (escrita sobre o tal selo) e “Rock You All Around The World”. Outra faixa que gosto bastante é “Reckless”. Embora seja a mais lembrada, considero “Turbo Lover” a pior do disco.

Rob Halford passava por um período delicado. Usando e abusando das drogas (leia-se cocaína), o rapaz perdeu seu namorado depois de uma briga com o garoto que acabou se matando com um tiro na sua frente. É compreensível ele estar numa fase mais sentimental e acredito que isso tenha influenciado o novo direcionamento das letras, onde abordavam com maior ênfase temas como amor e relacionamento.



Essa edição de 30 anos também traz um show da turnê na integra. Quem acompanha a banda há algum tempo, certamente já ouviu o LP Priest...Live em algum momento da sua vida. Mesma tour, mesma pegada. A diferença é que temos algumas músicas a mais aqui. O Judas nunca deixou a desejar no palco e aqui não é diferente. Instrumental extremamente consistente, Halford cantando o diabo. O único senão é que achei o som da bateria tão magro quanto o do álbum, mas a performance é excelente.

Resumo da história. Turbo é um trabalho bacana, com ótimas canções. Certamente, não é o trabalho indicado como porta de entrada. Não é um álbum que defina o som da banda. É o contrário. É onde os músicos tentavam ir um pouco além do que esperavam deles. Para quem já conhece bem o trampo deles, vale a pena se aventurar ou dar uma nova chance (dependendo do caso). E, sim, essa edição tripla saiu no Brasil e está bem fácil de encontrar. Lançamento bem interessante...

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Polêmico, mas satisfatório

Faixas:
CD 1:
      01)   Turbo Lover
      02)   Locked In
      03)   Private Property
      04)   Parental Guidance
      05)   Rock You All Around The World
      06)   Out In The Cold
      07)   Wild Nights, Hot & Crazy Days
      08)   Hot For Love
      09)   Reckless

CD 2:
      01)   Out In The Cold
      02)   Locked In
      03)   Heading Out To The Highway
      04)   Metal Gods
      05)   Breaking The Law
      06)   Love Bites
      07)   Some Heads Are Gonna Roll
      08)   The Sentinel
      09)   Private Property
      10)   Desert Plains
      11)   Rock You All Around The World

CD 3:
      01)   The Hellion
      02)   Electric Eye
      03)   Turbo Lover
      04)   Freewheel Burning
      05)   Victim of Changes
      06)   The Green Manalishi
      07)   Living After Midnight
      08)   You´ve Got Another Thing Coming
      09)   Hell Bent For Leather

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Nightwish – Vehicle of Spirit Blu-ray + CD (2017):



Por Davi Pascale

“A Volta ao Topo”

É sempre difícil perder o vocalista. Ainda mais quando essa pessoa é um dos principais diferenciais do grupo e fato de adoração entre seus seguidores. Esse era exatamente o caso de Tarja Turunen. A saída (ou expulsão, como preferir) foi polêmica e escandalosa. O que era para ser tratado entre 4 paredes foi levado à público, o que complicava ainda mais o caso da banda, especialmente do tecladista Tuomas Holopainen. Anette Olzon teve que segurar três broncas: o fato de substituir uma voz marcante, o fato de apresentar um novo estilo vocal com um alcance mais baixo e o fato de encarar um período extremamente turbulento. A situação não foi fácil e a moça acabou fora da banda. Dessa vez, de uma maneira menos tumultuada. E eis que entra a cultuada Floor Jansen.

Mais uma vez, situação difícil. Muitos fãs não aceitavam o rumo que a banda estava tomando. Além de terem deixado claro que não estavam muito dispostos à aceitar mudanças radicais. Prova disso foi a turnê brasileira de Dark Passion Play, onde Anette entregou uma performance extremamente digna e mesmo assim foi vaiada por parte da plateia. Precisavam de alguém que fosse capaz de cantar limpo e lírico, que tivesse um bom alcance, que tivesse carisma e que estivesse disposta à seguir os comandos do professor Pardal. Não sei como está a parte de seguir os comandos (a moça tem um temperamento difícil), mas no resto Floor tira de letra. E ainda tem mais um ponto a seu favor. Ela já tinha o respeito dos headbangers e já era um nome conhecido na cena, graças ao seu trabalho ao lado do saudoso After Forever. A rejeição por uma nova cara foi por água abaixo quase de imediato...

Tarja continua sendo a voz mais potente que já passou pelo conjunto. Prova disso está no repertório escolhido. Tanto no setlist dos 2 shows apresentados aqui, quanto no material do extra, quanto do set escolhido para a gravação de Showtime, Storytime, poucas canções de sua fase clássica foram exploradas e boa parte das que foram escolhidas traziam um vocal mais na manha. Agora, claro, não dá para dizer que Floor Jansen seja fraca. Pelo contrário, foi uma das últimas vozes femininas a me chamarem atenção dentro da cena metálica. Não que só tenha surgido gente ruim nos últimos anos, mas foram pouquíssimas as que me cativaram de fato. Está entre minhas cantoras favoritas da cena heavy.



O show mostra que a escolha foi correta. Floor tem uma bela presença de palco, um belo domínio vocal, além de ser uma mulher bonita. Seu estilo casou bem com a proposta do grupo. A banda continua profissional como sempre, onde vale destacar o trabalho de guitarra de Emppu e os vocais cortados de Marco Hietala.  Embora ainda goste mais da pegada de Jukka, não dá para negar o talento de Kai Hahto. O cara interpretou o complicadíssimo set com precisão.

Vehicle of Spirit traz 2 apresentações na íntegra. A primeira, um show sold-out no lendário Wembley Arena, com um repertório mais focado para a fase atual. “Weak Fantasy” e “Yours Is An Empty Hope” crescem nos shows. As músicas da fase Anette ficaram excelentes. “I Want My Tears Back” e “The Poet and The Pendulum” soam explosivas. As da fase Tarja, algumas ficaram muito legais como “Ever Dream” e “Nemo”. Em outras, como “Stargazers”, é aquilo que já disse. É nítido que ela sabe cantar, mas fica claro a distância de potência vocal. Quando canta rasgado, soa única. Quando vai pro lado mais lírico, vemos que não tem a mesma força na voz que tinha a antiga cantora.

O show de Tampere teve algumas músicas alteradas. A inclusão de “Amaranth”, “Sleeping Sun” e, principalmente, "She Is My Sin", me estampou um sorriso no rosto. Mais uma vez, a performance dos músicos é irretocável. Assim, como a qualidade de gravação. Nos extras, temos um motivo para celebrar. A versão escolhida de “Last Ride Of The Day” foi justamente a do Rock in Rio. Mais uma vez, o festival entra na história do heavy metal. (Não vamos nos esquecer que nomes como Motorhead e Iron Maiden também lançaram imagens do lendário festival oficialmente. O Maiden, inclusive, soltou um show na íntegra).

O novo trabalho é a prova de que a banda se reencontrou. Os fãs aceitaram bem a nova vocalista. Os músicos estão com grande entrosamento no palco. Fazia tempo que não via eles com essa gana. Tornaram-se grandes novamente. Só nos resta torcer para que dure. Se conseguirem conciliar os egos, temos uma fase brilhante chegando por aí. Vamos ver no que dá.

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Profissional

Show Wembley;
     01)   Shudder Before The Beautiful (CD + DVD)
     02)   Yours Is An Empty Hope (CD + DVD)
     03)   Ever Dream (CD + DVD)
     04)   Storytime (CD + DVD)
     05)   My Walden (CD + DVD)
     06)   While Your Lips Are Still Red (CD + DVD)
     07)   Élan (CD + DVD)
     08)   Weak Fantasy (CD + DVD)
     09)   7 Days To The Wolves (CD + DVD)
     10)   Alpenglow (CD + DVD)
     11)   The Poet And The Pendulum (CD + DVD)
     12)   Nemo (CD + DVD)
     13)   I Want My Tears Back (CD + DVD)
     14)   Stargazers (CD + DVD)
     15)   Ghost Love Score (CD + DVD)
     16)   Last Ride Of The Day
     17)   The Greatest Show On Earth (CD + DVD)

Show Tampere:
     01)   Shudder Before The Beautiful (Apenas no DVD)
     02)   Your Is Am Empty Hope (Apenas no DVD)
     03)   Amaranth (Apenas no DVD)
     04)   She Is My Sin (Apenas no DVD)
     05)   Dark Chest of Wonders (Apenas no DVD)
     06)   My Walden (Apenas no DVD)
     07)   The Islander (Apenas no DVD)
     08)   Élan (Apenas no DVD)
     09)   Weak Fantasy (Apenas no DVD)
     10)   Storytime (Apenas no DVD)
     11)   Endless Forms Most Beautiful (Apenas no DVD)
     12)   Alpenglow (Apenas no DVD)
     13)   Stargazers (Apenas no DVD)
     14)   Sleeping Sun (Apenas no DVD)
     15)   Ghost Love Score (Apenas no DVD)
     16)   Last Ride Of The Day (Apenas no DVD)
     17)   The Greatest Show On Earth (Apenas no DVD)

Extras:
-        Music Clips:
     01)   Weak Fantasy – Vancouver (Apenas no DVD)
     02)   Nemo – Buenos Aires (Apenas no DVD)
     03)   The Poet And The Pendulum – Mexico City (Apenas no DVD)
     04)   Yours Is An Empty Hope – Joensun (Apenas no DVD)
     05)   7 Days To The Wolves – Espoo (Apenas no DVD)
     06)   Sleeping Sun – Masters of Rock (Apenas no DVD)
     07)   Sahara – Tampa Bay (Apenas no DVD)
     08)   Edema Ruth Acoustic – Nightwish Cruise (Apenas no DVD)
     09)   Last Ride Of The Day w/ Tony Kakko – Rock In Rio (Apenas no DVD)
     10)   Élan – Sydney (Apenas no DVD)

-         Richard Dawkins Interview from Wembley

terça-feira, 11 de julho de 2017

Avantasia – Ghostlights (2016):



Por Davi Pascale

Sempre gostei muito do trabalho de Tobias Sammet. Acompanho o cara de perto desde o lançamento de Mandrake (Edguy). E, mais uma vez, o garoto fez bonito no novo álbum do Avantasia. Certamente, não é o vocalista de maior alcance dessa geração. Ainda assim, é um dos que mais gosto. Primeiro, porque o cara tem um puta timbre de voz bacana. Depois, trata-se de um puta showman, mas o mais bacana de tudo é que se trata de um artista extremamente criativo e um compositor de mão cheia.

Em um primeiro momento, Ghostlights pode assustar os fãs, mas quem resolver ouvir de mente aberta irá se deparar com um trabalho extremamente interessante e impactante. Explico. O conceito desse álbum – em termos de arranjos – está mais próximo de uma rock opera do que de uma metal opera. Está mais próximo de um Savatage do que de um Rhapsody, de um Kamelot que seja.

“Mystery of a Blood Red Rose”, responsável por abrir o álbum, já deixa explícito essa pegada mais direta, menos épica, menos pomposa. Tem um ‘q’ de Meat Loaf. Para quem gosta daquela pegada épica, a faixa seguinte, é a que mais irá agradar. Ou seja, “Let The Storm Descend Upon You”, que conta com uma boa interpretação do talentoso Jorn Lande (Masterplan). De todos os vocalistas que participaram só não gostei da performance de Herbie Langhans (Seventh Key). Achei o estilo dele meio chato. De resto, achei que a galera mandou bem.

O melhor trabalho vocal, desse novo álbum, contudo, é justamente de nada mais, nada menos, do que o lendário Michael Kiske (Helloween). O que esse cara canta em “Ghostlights” não é brincadeira. O tempo passa, mas o cara não perde a voz. Incrível! Outro que está arrebentando no gogó é Geoff Tate (Queensryche). Além de entregar um trabalho extremamente forte, ainda cantou em uma das melhores faixas do disco, “Seduction of Decay” (chupa La Torre!!!).

No cast, misturam-se estrelas do heavy metal com estrelas do hard rock. Muito bacana ver nomes como Robert Mason (Warrant, Lynch Mob), Dee Snider (Twisted Sister), além do guitarrista Bruce Kulick (Kiss, Grand Funk Railroad) dando as caras por aqui.



Embora tenham diminuído a pegada épica, a influência de power continua e o conceito de storyteller permanece. Ou seja, o álbum conta uma história e cada cantor é um personagem. Assim como acontecia nos demais álbuns do projeto e assim como acontece em projetos como Ayreon. Aqui, ele segue a história de The Mystery Of Time. A história, dessa vez, é sobre um bando de cientistas malucos que querem manipular o tempo para conseguirem mais controle e mais poder. Paralelo à isso, existe um jovem cientista, atormentado, que começa a questionar sua existência.

Entre as canções preferidas, destaco “Master of The Pendulum” e “Babylon Vampires”. Coloco-as como as mais fortes do disco, além da já citada “Seduction of Decay”. A mais sem graça é “The Haunting” que traz a voz do Twisted Sister. Sim, o cara está cantando bem, mas a música não empolga.

Nessa edição, limitada em 1.000 cópias numeradas, além do novo álbum, temos um disco ao vivo como bônus. A apresentação é forte e bem profissional, mas sendo bem honesto, ainda gosto mais do The Flying Opera. Os pontos altos do show ficam por conta de “Dying For An Angel” (com a participação especial de Eric Martin – Mr. Big), “Another Angel Down” e a já clássica “Avantasia”. Mais um disco de alto nível na discografia de Sammet.

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Menos épico

Faixas:
CD 1:
      01)   Mystery of a Blood Red Rose
      02)   Let The Storm Descend Upon You
      03)   The Haunting
      04)   Seduction of Decay
      05)   Ghostlights
      06)   Draconian Love
      07)   Master of The Pendulum
      08)   Isle of Evermore
      09)   Babylon Vampires
      10)   Lucifer
      11)   Unchain The Light
      12)   A Restless Heart And Obsidian´s Skies
      13)   Wake Up To The Moon (Bonus Track)

CD 2:
      01)   Spectress
      02)   Invoke The Machine
      03)   The Story Ain´t over
      04)   Prelude
      05)   Reach Out For The Light
      06)   Avantasia
      07)   What´s Left of Me
      08)   Dying For An Angel
      09)   Twisted Mind
      10)   The Watchmaker´s Dream
      11)   Another Angel Down

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Chuck Berry – Chuck (2017):



Por Davi Pascale

Chuck Berry foi grande por diversos motivos. Além de ter feito parte da primeira geração do rock, de ter influenciado milhares de artistas (muitos deles, tidos também como clássicos – caso dos Beatles e dos Rolling Stones), de ter criado clássicos do gênero (“Maybelline”, “School Days”, “Rock And Roll Music” e “Johnny B. Goode” são grandes exemplos), ele também foi essencial para que o rock tivesse a cara que tem hoje. Foi o primeiro a analisar a criação de riffs como algo importante na estrutura da canção, um dos pioneiros na introdução do solo de guitarra, um dos primeiros a fazer músicas com temáticas jovens, além de ter uma grande preocupação com o lado showman. Quem não se lembra do famoso duck walk? Quando digo pioneiro, me refiro aos artistas do gênero, é claro...

Chuck foi lançado após sua morte, mas não era para ser assim. Esse era para ter sido o ultimo disco de sua carreira, não o primeiro póstumo, mas o destino quis desse jeito. Em 18 de Junho de 2017, Chuck Berry foi encontrado morto, vítima de um ataque cardíaco, aos 90 anos de idade. 3 dias depois, a gravadora anunciou o lançamento do disco que o guitarrista vinha comentando em entrevistas desde Outubro de 2016.

Para a gravação, Berry contou com sua banda de apoio, a famosa The Blueberry Hill Band formada por Robert Lohr nos pianos, Jimmy Marsala no baixo, Keith Robinson na bateria e o próprio Chucky nas guitarras e vozes. Há algumas participações especiais por aqui. Sendo as mais interessantes; seus 3 filhos (Charles Berry Jr., Charles Berry III e Darlin´ Ingrid Berry), além de Tom Morello (Rage Against The Machine, Audioslave) e Gary Clark Jr.

Esse é seu primeiro álbum de inéditas desde Rock It! (1979), mas pouco mudou. O som continua simples, direto, sem firulas. As faixas continuam curtas (apenas uma delas chega à 5 minutos). O som da guitarra salta nos falantes. A voz de Chuck, ao menos no álbum, não dava sinais da idade. Mesmo contando com participações mais jovens (caso de Morello e Clark Jr.), Berry não teve a preocupação de modernizar seu som. Pelo contrário, fez um álbum que é sua cara e que poderia ter sido lançado logo após o Rock It! ou, até mesmo, alguns anos antes...

Há várias músicas aqui que são, simplesmente, mágicas. “Big Boys” traz um trabalho de guitarra bem na onda de “Johnny B. Goode”. Lógica que se repete em “Lady B. Goode”. Uma espécie de parte 2 do clássico de 1955. “Wonderful Woman” apresenta um rock n roll old school empolgante. “Eyes Of a Man” e “You Go To My Head” apresentam um blues extremamente eficiente. A coisa cai um pouco de nível no final do disco com “Dutchman” e “Jamaica Moon”, mas nada que seja digno de represálias. Gary Clark Jr. e Tom Morello gravaram dentro do estilo de Berry. Nada de solos longos ou experimentações malucas. O que temos aqui é  o rock em sua essência.

Muito legal ver que o cara chegou aos 90 anos com vontade de tocar, cantar, gravar. De fazer as coisas do seu jeito, de entregar um trabalho tão bem feito e honesto. Certamente, não dá para dizer que é um dos pontos altos de sua gloriosa carreira, mas também não dá para ficar indiferente à esse lançamento. Em tempos onde podemos ouvir quantas músicas quisermos sem pagar nada por isso, ouvir esse lançamento é meio que uma obrigação para qualquer pessoa que se autointitule roqueiro.

Nota: 7,5 / 10,0
Status: Honesto

Faixas:
      01)   Wonderful Woman
      02)   Big Boys
      03)   You Go To My Head
      04)   ¾ Time (Enchiladas)
      05)   Darlin´
      06)   Lady B. Goode 
      07)   She Stills Loves You
      08)   Jamaica Moon
      09)   Dutchman
      10)   Eyes Of Man

sábado, 1 de julho de 2017

Dead Daisies – Live & Louder (2017):



Por Davi Pascale

Nada como ter showzinho marcado em nosso país, não é mesmo? Já tem um tempinho que descobri o som do Dead Daisies, mas somente agora um álbum deles chega ao mercado brasileiro. Trata-se do recém-lançado Live & Louder. E, claro, a razão não poderia ser outra. A banda tem show marcado aqui no Brasil, onde estará dividindo o palco com o (ótimo) Richie Kotzen.

O que me fez ir atrás dos caras são justamente os músicos que passaram pelo grupo. Cada álbum é meio que uma formação (já são 3 álbuns de estúdio), mas digo, sem medo de errar, que a atual é a mais forte. Temos dessa vez: Doug Aldrich (Whitesnake, Dio) nas guitarras, Marco Mendoza (Blue Murder, Whitesnake) no baixo, John Corabi (Scream, Motley Crue) nos vocais, Brian Tichy (Gilby Clarke, Pride & Glory) na bateria, além de David Lowy (criador do projeto) na segunda guitarra.

O som, como não poderia deixar de ser, é um hard rock poderoso repleto de ótimos riffs e melodias marcantes. John Corabi é, sem dúvidas, uma das melhores vozes dos dias atuais, mas quem se destaca mesmo nos shows são os monstros Doug Aldrich e Brian Tichy. Quem tiver a oportunidade de assistir o show deles por aqui (eu já assisti em Miami), repare nesses caras e na performance de palco de Marco Mendoza. Figuraça!

O repertório é focado em seu mais recente álbum Make Some Noize, de onde vieram as empolgantes “Long Way To Go”, “Song And a Prayer” (isso é um clássico, marquem aí) e “Last Time I Saw The Sun”. Em outros tempos, esses caras estariam entre os maiores nomes do planeta. Sério mesmo! Do ótimo Revolución, vieram músicas como “Mexico”, “Midnight Moses” e a boa balada “Something I Said”. De seu álbum de estreia, a parceria com o Slash (Guns n´ Roses, Velvet Revolver) na ótima “Lock n´ Load”.

O que, talvez, faça com que algumas pessoas torçam o nariz pelos rapazes é o fato deles curtirem interpretar clássicos do rock. Nos discos deles, sempre tem alguma regravação e nos shows isso não é diferente. Temos releitura de 4 grandes clássicos aqui: “Join Together” (The Who), “Fortunate Son” (Creedence Clearwater Revival), “Helter Skelter” (The Beatles) e “We´re An American Band” (Grand Funk Railroad). Todos interpretados com maestria. Para mim, não incomoda. Inclusive, curti ver isso de perto. Nessa hora, o show dos caras vira uma verdadeira festa. Só na hora da apresentação da banda que eu não teria ficado interpretando riffs clássicos do rock. Teria feito algo diferente. Tirando isso, sem reclamações de minha parte.

Live & Louder deixa claro o que já esperávamos. A banda é extremamente potente nos palcos. O repertório é extremamente forte. Algo muito bacana é que, apesar de todos eles serem grandes músicos, a banda não é exibicionista. Não temos solos longos, nem nada do tipo. É uma apresentação típica de rock n roll com guitarras falando alto e uma energia fora do comum. Para quem não tem nada da banda, é uma boa porta de entrada. Para quem já conhece, é indispensável. Corram atrás!

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Empolgante

Faixas:
     01)   Long Way To Go  
     02)   Mexico
     03)   Make Some Noise
     04)   Song And a Prayer
     05)   Fortunate Son  
     06)   We All Fall Down
     07)   Lock n´ Load
     08)   Something I Said
     09)   Last Time I Saw The Sun
     10)   Join Together
     11)   With You And I
     12)   Band Intros
     13)   Mainline
     14)   Helter Skelter
     15)   We´re An American Band 
     16)   Midnight Moses