sábado, 27 de janeiro de 2018

U2 – Songs of Experience Deluxe Edition (2017):



Por Davi Pascale

U2 retorna com álbum calmo e inspirado. Com qualidade de gravação impecável e músicos para lá de experientes, banda entrega mais um trabalho competente em sua ótima discografia. Novo disco não causará reviravolta na cena, mas agradará sua fiel legião de fãs.

Existem artistas que, gostem os críticos renomados ou não, basta lançarem um CD, para causarem um enorme auê. Não interessa o que a Folha, a Veja, a Rolling Stone, a Billboard pense a respeito de nomes como Madonna, U2, Rolling Stones, Metallica... Se acham que o tempo deles já foi ou não. Se acham que os novos trabalhos não tem a mesma força de outrora ou não. Cada vez que anunciam que estão trabalhando em um novo projeto, a expectativa em milhões de ouvintes começa a crescer cada vez mais. O novo disco acaba virando um evento. E, isso, hoje, é para poucos. A verdade é que esses artistas são maiores do que esses veículos. Esses jornalistas precisam mais deles do que eles dos jornalistas. Sorry, folks.

Muitos podem não concordar com a posição política de Bono, mas não dá para negar seu talento no âmbito musical. U2 sempre primou pela qualidade. Mesmo quando lançam álbuns não tão bacanas, não dá para dizer que fizeram nas coxas. Ok, por vezes, podemos considerar as composições não tão inspiradas, mas qualidade de gravação, qualidade gráfica e qualidade de execução sempre foram impecáveis. Sempre foi um grupo altamente profissional.

Algo deve ser esclarecido de uma vez por todas, contudo. Songs of Experience é um trabalho calmo. É praticamente um CD de baladas. Ou seja, não adianta esperar nada no pique de “Bullet The Blue Sky”, nem no pique de “Even Better Than The Real Thing”, que não irá encontrar. Recomendaria esse trabalho aos admiradores de All That You Can´t Leave Behind e How To Dismantle An Atomic Bomb, especialmente.



Embora não seja predominado com uma grande influência de eletrônico – como acontecia nos anos 90 – alguns elementos continuam por aqui. É possível pegar algumas programações leves em faixas como “Get Out of Your Own Way”, “The Little Things That Give You Away” e com um pouco mais de evidência em “The Blackout”.

As faixas mais fortes estão na primeira metade do disco. Colocaria “Lights of Home”, “You´re The Best Thing About Me” e “American Soul” como alguns dos principais destaques. Outra faixa muito bacana é a já citada “Get Out Of Your Own Way” que conta com uma pegada mais moderna. Algo como se fosse uma mistura de Keane com Coldplay.

Existem muitos cantores que com o passar dos anos, vão perdendo a voz. Bono continua com o gogó em dia e isso fica constatado na sua inspirada interpretação de “Landlady”. A grande surpresa, para mim, contudo, foi o resgate dos anos 50 na divertida “The Showman”. O último grande momento fica por conta da bonita balada “Love Is Bigger Than Anything”, que promete causar uma grande comoção nas apresentações.

Como acompanho a banda já tem um tempo, optei por adquirir a edição deluxe, mas só a recomendaria para os fãs mais xiitas. Das 4 faixas adicionais, apenas uma é inédita, a fraca “Book of Your Heart”. As demais são remixes de canções que apareceram anteriormente no disco, mas sem superar a versão original.

Songs of Experience não traz o U2 se aventurando em novo território. Todos os elementos utilizados aqui, já apareceram em álbuns anteriores. Portanto, dá para afirmar que esse disco não causará o mesmo estardalhaço de Atchung Baby, muito menos de The Joshua Tree. Contudo, quem curte a banda, ficará altamente satisfeito.

Faixas:
      01)   Love Is All We Have Left
      02)   Lights Of Home
      03)   You´re The Best Thing About Me
      04)   Get Out of Your Own Way
      05)   American Sou
      06)   Summer of Love
      07)   Red Flag Day
      08)   The Showman (Little More Better)
      09)   The Little Things That give You Away
      10)   Landlady
      11)   The Blackout
      12)   Love Is Bigger Than Anything In Its Way
      13)   13 (There Is a Light)
      14)   Ordinary Love (Extraordinary Mix)
      15)   Book Of Your Heart
      16)   Lights of Home (St Peter´s String Version)
      17)   You´re The Best Thing About Me (U2 Vs Kygo)

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Marilyn Manson – Heaven Upside Down (2017):



Por Davi Pascale

Quem viveu os anos 90, lembra-se perfeitamente do auê que foi a chegada de Marilyn Manson à grande mídia. Tendo em suas costas, o emblemático Antichrist Superstar, o cantor chocava os mais conservadores com suas declarações estapafúrdias, seus shows cheios de críticas políticas, religiosas e conotações sexuais.

Esses dias se foram. Manson hoje não assusta mais ninguém. Depois de 20 anos invadindo revistas e tabloides, o cantor deixou de ser uma figura chocante para se tornar uma figura excêntrica. Há outra questão. Quando estourou com “The Beautiful People”, o metal industrial era um gênero relativamente novo e a garotada estava interessada em descobrir mais sobre aquele som. Hoje, vivemos outra realidade. O indie é a bola da vez. Onde quero chegar? Esse disco não vai causar um grande estardalhaço, o que é uma pena já que esse é seu trabalho mais inspirado em anos...

Em seu CD anterior, The Pale Emperor, Manson buscou ajuda em Tyler Bates, um compositor de trilhas sonoras. Era uma tentativa de se reinventar. Aqui, o cantor busca sua ajuda, mais uma vez. Continuo não gostando de Bates produzindo Manson. Acho que ele deixa o som limpo demais. Algo que pode ser muito bacana para determinados artistas, mas não para alguém do porte de Marilyn Manson.

Heaven Upside Down traz uma equação bem resolvida, em relação à composição. “Revelation #12” abre o disco trazendo sua sonoridade clássica. Ou seja, o velho metal industrial repleto de efeitos e com o cantor esgoelando. O lado ruim é que faltou um pouco de peso. Fator que tira o brilho de faixas fortes como “We Know Where You Fucking Live” e, principalmente, em “Say10”, onde soa quase como uma demo.

Há algumas ‘novidades’ em seu som. O flerte com o rap em “Tattooed In Reverse” e a pegada dançante de “Kill4Me” não é a primeira coisa que vem à mente quando pensamos no artista norte-americano. E funcionaram bem. Também é possível encontrar uma referência de post-punk em “Saturnalia”, a faixa mais longa de seu novo disco. Outro bom momento.

“Heaven Upside Down” e “Threats of Romance” surgem, depois de algumas faixas menos inspiradas, para colocar tudo nos trilhos novamente e encerrar o CD em grande estilo. Não, ele não se iguala ao Portrait of An American Family, ao Mechanical Animals, muito menos ao Antichrist Superstar, mas já tinha um tempinho que Marilyn Manson não vinha com composições tão fortes e tão bem resolvidas. Não há dúvidas de que essas canções devem crescer – e muito – nos shows.

Com um pouquinho mais de peso na mixagem final, esse disco teria sido uma volta ao topo. Infelizmente, a produção excessivamente clean tira um pouco do brilho. De todo modo, um bom álbum. Vale a pena conferir.  

Nota: 7,5 / 10,0
Faixas:
      01)   Revelation #12
      02)   Tattoed In Reverse
      03)   We Know Where You Fucking Live
      04)   Say 10
      05)   Kill 4 Me
      06)   Saturnalia
      07)   Jesus Crisis
      08)   Blood Honey
      09)   Heaven Upside Down 
      10)   Threats of Romance